Neste mês, três Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil - Nupdecs completaram um ano de existência. São eles: os núcleos das vilas Samag, São Paulo e da Paz. Ao longo deste período vieram outros e uma nova forma de gerenciar o risco, sob a ótica da participação social - foi implementada no município de Contagem.
Atualmente, há 32 Nupdecs, instituídos em áreas de risco alto e muito alto na cidade, que fazem parte do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil. Juntos, eles exercem um papel fundamental durante o período chuvoso, especialmente, na ocorrência de eventos mais severos, como o que presenciamos neste início de 2022.
Os núcleos são formados por cidadãos da comunidade que, por meio do trabalho voluntário, contribuem com ações preventivas e protetivas, orientando e prestando socorro mais imediato nas situações de calamidade e emergência.
“Neste ano por exemplo, em Nova Contagem, onde ocorreram sucessivos deslizamentos, os Nupdecs foram decisivos para nos informar sobre os pontos mais críticos, pois lá não há câmeras de videomonitoramento. Já no Beco 25, na região da Ressaca, onde não há rota de fuga, eles ajudaram a retirar famílias de áreas alagadas. Em vários locais, eles se fizeram presentes, inclusive no trabalho de reconfiguração pós-desastres e de controle social de entrega dos insumos”, exemplificou a subsecretária de Proteção e Defesa Civil, Angela Gomes.
Para ela, esses voluntários são os olhos da Defesa Civil onde o órgão não está. “Eles são uma extensão do nosso trabalho de conscientização do risco. Todas as prefeituras deveriam investir na formação destes grupos. Sinto orgulho da relação que estamos construindo e agradeço a cada um pelo envolvimento. Hoje nosso sentimento é de gratidão ” destacou a subsecretária.
Moradora do bairro Estaleiro I, na região de Vargem das Flores, Vilma de Jesus vem cumprindo o seu papel de vigilante do tempo e da comunidade. Voluntária do Nupdec Campina Verde, a moradora conta que fica sempre atenta durante as chuvas e, hoje, é referência para muitos da comunidade.
“Nestas últimas chuvas, um deslizamento de terra atingiu minha vizinha, que logo entrou em contato comigo, pois sabe que tenho essa ponte direto com a Defesa Civil. A situação não é fácil, porque todos nós ficamos com medo. Moramos numa parte mais baixa do bairro, onde o risco de deslizamento e alagamento é alto. Mas, ficamos na expectativa que dias melhores virão, confiando em Deus e no trabalho que todos estão buscando fazer”, destacou.
Outra referência de integrante do Nupdec é Caroline Costa, moradora da Vila Feliz. Para ela, o contato e o apoio da Defesa Civil são fundamentais. “Eles sempre emitem alertas que nos deixam mais atentos. Também comparecem muito na minha rua para monitorá-la, além disso, já trouxeram sementes para que pudéssemos plantá-las e, assim, melhorar a estabilidade do solo. Para nós da comunidade é importante termos esse canal, poder contar com eles, principalmente em momentos de muita chuva”, mencionou.
Formação
Para a formação de um Nupdec são necessários, no mínimo, 12 voluntários da comunidade, sendo seis mulheres e seis homens. Mas há locais em que esse número pode dobrar ou mesmo triplicar, informa Ângela Gomes. As atividades de capacitação são oferecidas pela Defesa Civil de Contagem e também, em alguns casos, em parceria com o Corpo de Bombeiros.
Nos cursos e treinamentos, eles aprendem técnicas de salvamento; primeiros socorros; como agir e orientar os moradores nos períodos de chuvas intensas e prolongadas; aprendem a identificar os alertas de chuva e de tempo seco e a transmiti-los para a comunidade.
O contato com os Nupdecs é feito prioritariamente pelo WhatsApp, por meio do qual eles também podem enviar fotos, vídeos e informações. É por meio do WhatsApp que eles também recebem convites para treinamentos e reuniões.
Gestão do Risco Participativa
Além do 199, os Nupdecs também funcionam como porta de entrada das demandas já que, durante as situações de emergência, são eles os primeiros a enviar informações e vídeos do que está ocorrendo na comunidade.
Mas, além deles, as solicitações de atendimento também chegam por meio do Comitê Gestor de Área de Risco - CGAR, da qual fazem parte os regionais e os gestores de diversas secretarias - e por meio de agentes institucionais, como vereadores.
“A entrada mais conhecida e habitual é o 199. Entretanto, hoje contamos com quatro entradas de atendimento, por isso, há momentos em que essa demanda é muito grande, o que é mais positivo do que negativo. É um sinal de credibilidade quanto ao nosso trabalho e significa dizer que todos estão monitorando a cidade. Antes, a pauta da gestão do risco era somente da Defesa Civil, agora ela é de vários agentes, numa co-responsabilidade necessária e imprescindível para mitigar os riscos”.