Durante o mês de julho, quando se celebra a campanha “Julho Amarelo”, a Prefeitura de Contagem, sob coordenação da Secretaria Municipal de Saúde, vai reforçar a importância da prevenção, testagem e conscientização sobre as hepatites virais.
Essas doenças são inflamações que atingem o fígado e, em muitos casos, não apresentam sintomas nas fases iniciais. Contudo, podem evoluir com complicações leves, moderadas ou graves. Quando presentes, elas podem se manifestar como: cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
De janeiro a junho de 2025, foram notificados 60 novos casos de hepatites virais no município. Para ampliar o acesso à testagem e ao diagnóstico precoce, todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município oferecem gratuitamente exames para detecção dos vírus dos tipos B e C, além de atendimento médico e vacinação.
O Programa “IST/AIDS e Hepatites Virais Contagem”, que funciona no Centro de Consultas Especializadas (CAE) Iria Diniz, também disponibiliza testes, preservativos e orientações à população, além do acompanhamento e tratamento dos pacientes.
Segundo o secretário de Saúde, Fabrício Simões, a campanha “Julho Amarelo” é uma oportunidade estratégica para ampliar o diálogo com a população e destacar a necessidade da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento adequado das hepatites.
“É de extrema importância que a população compareça a uma unidade de saúde
para se informar sobre a doença, os riscos, realizar a testagem e, caso necessário,
iniciar o tratamento. É essencial também que as vacinas estejam em dia”.
Fabrício Simões, secretário de Saúde
As hepatites
No Brasil, os tipos mais comuns são as hepatites A, B e C. Conforme explicou o médico infectologista do Programa “IST/AIDS e Hepatites Virais”, Flávio Faria, a hepatite A é transmitida por via fecal-oral, geralmente por ingestão de água ou alimentos contaminados. É mais comum em regiões com saneamento básico precário e, em geral, não evolui para a forma crônica.
A hepatite B é transmitida, principalmente, por relações sexuais desprotegidas, contato com sangue contaminado - como em compartilhamento de agulhas, transfusões antigas e acidentes com materiais perfurocortantes - e, ainda, de mãe para filho no momento do parto. Geralmente é aguda e autolimitada, sem evoluir para a forma crônica.
Já a hepatite C pode ser transmitida, principalmente, por exposição ao sangue contaminado, como em transfusões realizadas antes de 1993, compartilhamento de seringas, materiais de manicure/pedicure ou tatuagens com material não esterilizado. Pode, ainda, ser transmitida por relação sexual e vertical, porém, é menos comum. A maioria dos casos evolui para a forma crônica e pode permanecer assintomática por anos. “Atualmente, há tratamento disponível com altas taxas de cura”, garantiu Flávio.
A hepatite D ocorre apenas em pessoas já infectadas com hepatite B, pois depende dele para se manifestar. Sua forma de transmissão é semelhante à da hepatite B. A hepatite E, considerada rara no Brasil, também é transmitida por via fecal-oral, como a hepatite A.
Alertas
O médico alerta que as hepatites B e C muitas vezes não apresentam sintomas nas fases iniciais: “O fígado tem grande capacidade de regeneração e só costuma apresentar sinais quando já está bastante comprometido. Quando os sintomas aparecem, são inespecíficos e podem ser confundidos com outras doenças”.
Por esse motivo, o diagnóstico precoce é fundamental. Ele evita complicações graves como cirrose, insuficiência hepática e câncer de fígado; interrompe a cadeia de transmissão, protegendo outras pessoas; previne a transmissão vertical, especialmente no pré-natal. Além de possibilitar o início do tratamento antecipado, aumentando as chances de cura no caso da hepatite C e de controle no caso da hepatite B.
Dessa forma, o Sistema Único de Saúde (SUS) de Contagem oferta gratuitamente testes rápidos para hepatite B e hepatite C, com resultado em até 20 minutos. Também são realizados exames laboratoriais para confirmação e acompanhamento dos casos, como sorologias detalhadas, carga viral (PCR) e avaliação da função hepática.
Prevenção
A prevenção contra hepatites é fundamental e envolve vacinação, cuidados com higiene e práticas seguras. A vacina contra a hepatite A é aplicada em dose única e está disponível para crianças a partir de 15 meses até os cinco anos não completados.
A prevenção continua sendo a principal estratégia de enfrentamento das hepatites. A vacina contra a hepatite A é aplicada em dose única e está disponível para crianças de 15 meses a menores de cinco anos. Já a vacina contra a hepatite B, disponível para todas as idades, é aplicada em três doses: ao nascer, com um mês e aos seis meses de vida. A vacinação contra o tipo B também previne a hepatite D, que depende da infecção prévia pelo vírus B. Para a hepatite C ainda não existe vacina, mas o tratamento é garantido, gratuitamente, pelo SUS.
Dados
No período de janeiro a 3 de julho de 2025, os dados de imunização indicam cobertura vacinal de 121,33% para hepatite B ao nascer; 78,99% para hepatite A infantil, e 73,84% para hepatite B em menores de um ano.
No entanto, o infectologista Flávio Faria ressaltou a importância de outras medidas preventivas, como o uso de preservativos em todas as relações sexuais, o não compartilhamento de agulhas, seringas, lâminas de barbear, escovas de dentes e alicates, além da exigência de materiais esterilizados em tatuagens, piercings e procedimentos em salões de beleza, clínicas e consultórios.
Por fim, ele reforçou que orientar a população sobre formas de transmissão, prevenção e importância da testagem é essencial para o controle das hepatites virais.
“Levar informação clara e acessível às escolas, comunidades e empresas; incentivar a testagem precoce,
inclusive em consultas de rotina e pré-natal; manter a vacinação em dia; garantir o encaminhamento
dos casos positivos ao tratamento adequado; e monitorar os casos crônicos com exames
e consultas regulares são ações primordiais”.
Flávio Faria, infectologista
Programa IST/AIDS e Hepatites Virais
O Programa Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), HIV/Aids e Hepatites Virais tem por finalidade a observação e análise permanente da situação epidemiológica das ISTs, do HIV/aids, das hepatites virais e coinfecções, articulando-se as informações relevantes nos processos de formulação, gestão e avaliação das políticas e ações públicas de importância estratégica, com foco na promoção, prevenção e recuperação da saúde.
O Programa executa diversas estratégias de diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos casos, entre elas:
Testagem rápida de HIV, sífilis, hepatite B e C;
Investigação dos casos de aids, HIV em gestantes, parturientes ou puérperas e crianças expostas ao risco de transmissão vertical do HIV, sífilis em gestante, sífilis congênita e hepatites virais;
Distribuição de insumos de prevenção e diagnóstico (como preservativos masculinos, femininos e auto testes de HIV);
Encaminhamentos para atendimentos no Serviço de Assistência Especializado (SAE) para acompanhamento dos casos diagnosticados;
Orientação e encaminhamento para o uso de Profilaxia Pós Exposição (PEP) e Profilaxia Pré-Exposição (PREP);
Incentivo e apoio às testagens rápidas de HIV, sífilis, hepatite B e C nas diversas unidades de saúde.
O atendimento é realizado no CAE Iria Diniz (Av. João César de Oliveira, 3620 - Novo Eldorado), de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h.