O Hospital Municipal de Contagem (HMC) vem transformando significativamente a forma de cuidar. A unidade colhe os frutos da sua participação no Programa “Cuidados Paliativos no SUS”, promovido pelo Ministério da Saúde, em parceria com o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), sendo o primeiro hospital de Minas Gerais contemplado com a iniciativa.
A participação do HMC no programa ganhou destaque nacional entre instituições públicas e filantrópicas, representando uma importante oportunidade de aprendizado e troca com especialistas renomados, com capacitação oferecida pelo Hospital Sírio-Libanês, referência em cuidados integrados.
O programa tem como objetivo qualificar o atendimento a pacientes com doenças graves ou avançadas, minimizando o sofrimento físico e emocional, e promovendo dignidade, autonomia e bem-estar. Com uma abordagem integrada e humanizada, o cuidado paliativo não se resume ao fim da vida, mas sim ao alívio de sintomas e ao fortalecimento do vínculo entre paciente, família e equipe de saúde.
Para o médico Marcus Rosa, referência técnica da linha de urgência e emergência do HMC, o conceito de cuidados paliativos ainda é cercado de mitos. Segundo ele, muitas pessoas associam esse tipo de atendimento apenas aos momentos finais da vida, o que não é verdade.
“Nem sempre o cuidado paliativo está ligado ao fim da vida. Muitas vezes, ele permite ao paciente uma longevidade com mais conforto, autonomia e controle dos sintomas”.
Médico referência técnica da linha de urgência e emergência do HMC, Marcus Rosa
Mais do que uma técnica, o cuidado paliativo representa uma mudança de olhar sobre a assistência, fortalecendo a atuação da equipe multidisciplinar, ampliando a escuta e contribuindo para uma prática mais sensível, ética e centrada nas reais necessidades de cada pessoa atendida.
“Os pacientes que necessitam de cuidados paliativos são identificados por meio de uma ferramenta específica. Utilizamos um formulário estruturado, que avalia critérios clínicos e a condição de cada paciente. A partir dessa triagem, oferecemos atendimento personalizado e, quando necessário, incluímos também os familiares no plano de cuidado, promovendo acolhimento integral”, explica o médico.
Leitos para pacientes em cuidados paliativos na UPA JK
Fotos: Fábio Silva / PMC
Além de ser adotada no Complexo Hospitalar, essa forma de cuidado também está presente na UPA JK, que conta com 10 leitos destinados a cuidados paliativos e um leito específico para pacientes em seus momentos finais de vida. O espaço é pensado para oferecer aos familiares mais privacidade e acolhimento, permitindo que vivam de forma tranquila e respeitosa os últimos momentos ao lado de seu ente querido.
Um exemplo dessa realidade é a história do paciente Leonardo da Cruz. Sua mãe, Marilza Ramos, encontrou no cuidado uma forma de retomar parte da rotina com mais segurança e menos dor. “Antes, eu pensava que esse tipo de atendimento era apenas para quem estava morrendo. Aqui, aprendi muito com as enfermeiras e com toda a equipe. Saio para trabalhar tranquila e elas cuidam muito bem dele. Hoje, vejo que esse apoio me deu forças para continuar lutando pelos direitos do Leo. Sinto que sou ouvida, cuidada e respeitada”, relata.
Marcus Rosa informou ainda que a proposta é estruturar um serviço permanente, com profissionais capacitados para oferecer suporte integral e contínuo aos pacientes e familiares, fortalecendo ainda mais o modelo de atenção humanizada adotado pelo hospital.
Com essa nova fase, o HMC reforça seu compromisso com a qualidade da assistência e com os princípios do SUS, promovendo uma saúde mais humana, acessível e digna, especialmente para quem mais precisa.