Devido ao aumento das chuvas nas últimas semanas e o risco de alagamentos, a Secretaria Municipal de Saúde – SMS, por meio do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde – Cievs Contagem, alerta para o aumento de ocorrência da leptospirose, doença infecciosa febril aguda que, em casos graves, pode ser letal. Em Contagem, durante este período, é mantido o Plano de Contingência, que define as ações assistenciais da vigilância, orientação e monitoramento dos usuários que tiveram contato com as áreas das inundações.
Dessa forma, a Secretaria de Saúde esclarece que a leptospirose é uma doença infecciosa febril aguda, transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais, principalmente ratos, infectados pela bactéria Leptospira. Embora seja considerada uma zoonose, ou seja, uma doença de animais, essa infecção afeta também o homem. Em 10% dos infectados, a doença pode se dar em sua forma grave, denominada Síndrome de Weil, com manifestações hemorrágicas severas e comprometimento da função renal.
Vale ressaltar que o SUS Contagem disponibiliza, gratuitamente, diagnóstico e tratamento nas farmácias distritais, Unidades Básicas de Saúde – UBSs, Unidades de Pronto Atendimento – UPAs e no Hospital Municipal de Contagem – HMC para toda a população diagnosticada.
A referência técnica do Cievs Contagem, Ana Maria Viegas, explicou a importância de debater sobre a doença. “A identificação de sinais e sintomas precoces possibilitam o início do tratamento na atenção básica. Por isso todos os profissionais de saúde devem estar sensibilizados para o risco de contaminação por leptospirose. Também é preciso orientar os usuários do risco de adoecimento, caso entrem em contato com água contaminada”, destacou.
Transmissão e sintomas
A transmissão ocorre, principalmente, pelo contato com a água ou lama de enchentes contaminadas com urina de ratos. A infecção da Leptospira no corpo ocorre pela pele, através de algum ferimento ou arranhão. Também pode ser transmitida por ingestão de água ou alimentos contaminados. Portanto, as inundações propiciam a disseminação e a persistência da bactéria no ambiente, facilitando a ocorrência de surtos.
Os sintomas e manifestações da doença variam desde formas assintomáticas até quadros graves, quando associados a manifestações letais. São divididas em duas fases, sendo elas, a precoce e tardia. Os principais sintomas da fase precoce são febre, dor de cabeça, dor muscular, falta de apetite, náuseas e vômitos.
Enquanto isso, na fase tardia a manifestação clássica da leptospirose é a Síndrome de Weil, caracterizada pela tríade de icterícia (tonalidade alaranjada muito intensa), insuficiência renal e hemorragia, mais comumente pulmonar. Devido à letalidade da fase tardia, pode haver necessidade de internação hospitalar.
Prevenção
Uma das maneiras mais eficazes de prevenção da leptospirose é evitar o contato com água ou lama que possam estar contaminados pela urina de ratos. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem utilizar botas e luvas de borracha. Medidas relacionadas ao meio ambiente, tais como o controle de roedores, obras de saneamento básico e melhorias nas habitações humanas também ajudam na prevenção.
As águas e lamas de enchentes possuem alto poder infectante e acabam aderindo aos móveis, paredes e chão. Além da limpeza, deve-se higienizar o local, desinfetando-o com uma solução de água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%), visto que, essa solução elimina a Leptospira, bactéria causadora da doença.
Tratamento
O tratamento da leptospirose é feito por meio de antibióticos que combatem a propagação da bactéria dentro do indivíduo infectado pela doença. As orientações médicas devem ser seguidas e o paciente deve manter-se bem hidratado durante todo o período de tratamento. Em caso de agravamento da doença, a internação médica é recomendada, a fim de evitar complicações e diminuir a letalidade da doença.
Todo indivíduo exposto a enchentes que esteja apresentando febre, dores musculares e de cabeça ou outros sintomas clínicos compatíveis com a doença, no período de até 30 dias após o contato com lama ou águas de enchente, são considerados como casos suspeitos de leptospirose.
Ao suspeitar da doença, a recomendação é procurar a UBS de referência e relatar o contato com exposição de risco.