É época de jabuticaba, tempo desta pequena fruta doce, cheia de sabor e boas histórias, símbolo de Contagem. Para saborear ou apreciá-la, basta observar os vários cantos da cidade. Ela está em praças, parques e nos quintais de inúmeras casas.
A jabuticabeira é vista também no jardim de inverno do gabinete da prefeita de Contagem, Marília Campos. Em meio às folhagens e pássaros que se abrigam ali, perpetuando a vida, na primavera, há um pé carregado com frutos verdes crescendo que, logo mais, estarão maduros e saborosos. E assim será em toda cidade. Em breve, as belas e tradicionais árvores estarão tomadas por deliciosas bolinhas pretas, proporcionando momentos de relaxamento, deleite e descontração.
De acordo com dados históricos, na Contagem do século passado, reunir a família e os amigos e alugar um pé de jabuticaba era um hábito comum, que perdurou até meados dos anos de 1990, o suficiente para se fixar no tempo e na história da cidade. Um costume que virou tradição e transformou a jabuticaba na fruta símbolo de Contagem.
Essa memória agropastoril está na lembrança de muitos contagenses, como é o caso do fotógrafo Ricardo Lima, antigo morador do bairro Eldorado. Ele se lembra dos bailes da jabuticaba, que eram realizados na década de 60, na época de colheita do fruto.
Ele contou que havia concursos para eleger as moças morenas e negras mais bonitas da cidade, fazendo uma reverência a cor da fruta. Os mais jovens se recordam de subir nos pés de jabuticaba e das reuniões de família em torno da árvore. Em Contagem, a jabuticabeira evoca diversas memórias afetivas, invenção de geleias, licores, vinhos e até de cachaça.
Segundo o assessor da Secretaria de Cultura, Lúcio Honorato, vinha muita gente de outras regiões para alugar um pé de jabuticaba e saborear a fruta, que era um atrativo turístico. “No centro histórico de Contagem, no lugar da praça da Jabuticaba, que este ano completa 10 anos, havia um grande quintal de jabuticabeiras, numa propriedade particular. A população contagense também vendia jabuticabas no litro pelas ruas, usando as antigas latas de óleo como medida”, conta.
Hoje, a praça da Jabuticaba, palco de grandes eventos da cidade, abriga muitas dessas árvores para o público se deliciar na época de colheita. “Ela foi construída com o propósito de fortalecer a fruta que faz parte da construção da cidade. A jabuticaba gosta de solo úmido, por isso, Contagem, que é cortada por córregos e riachos, se tornou um berço das bolinhas pretas, que são nativas da Mata Atlântica”, explica Lúcio.
A árvore da jabuticabeira também está na bandeira de Contagem: o desenho representa a riqueza agrícola e pastoril do início da formação da cidade. E, hoje, mesmo com menos pés da fruta pela cidade, ainda há muitas árvores. Basta dar uma voltinha pelo centrinho e pela Regional Sede para conferir os lugares onde é possível dar uma pausa na vida e saborear a fruta.
Em outubro, os frutos verdes das jabuticabas começam a surgir nas árvores, vão ficando vermelhos, roxos, até ficarem negros, no ponto para serem saboreados, nos meses de novembro e dezembro.
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