Mais de 200 pessoas estiveram presentes na 5ª Conferência Municipal de Políticas para as Mulheres no último sábado (10/05), na Escola Municipal Heitor Villa Lobos, no Inconfidentes. O momento foi marcado por debates para fortalecer as políticas públicas, que visam a igualdade de gênero, o combate à violência contra a mulher e o fortalecimento do papel da mulher na sociedade, entre outros. O evento resultou na escolha, de forma democrática por meio de votação, das delegadas da sociedade civil e poder público que representarão o município na conferência estadual.
A conferência teve como tema central “Mulheres Contagenses: construindo políticas públicas inclusivas e transformadoras”, sendo o eixo principal de debate a democracia e a igualdade. A ação abordou assuntos de grande relevância para a sociedade, como a violência doméstica, a desigualdade salarial, a participação política da mulher e a saúde da mulher.
A prefeita Marília Campos esteve no evento e parabenizou a todos presentes. “Quando vemos um auditório cheio de mulheres, nos fortalecemos para elaborar políticas e lutar para que os nossos direitos sejam respeitados, principalmente aquele que trata da luta em defesa da igualdade entre homens e mulheres. Esse é um espaço fundamental de escuta, diálogo e construção coletiva de propostas que fortalecem os direitos das mulheres em Contagem. É um momento para discutirmos e escolhermos as prioridades das políticas públicas para as mulheres, e para que, cada vez mais, consigamos ter autonomia e igualdade de direitos”.
Ainda de acordo com a chefe do executivo, a conferência marca um momento estratégico para Contagem avançar nas políticas de igualdade, enfrentamento à violência contra a mulher e ampliação da participação feminina em todos os setores da sociedade. “Trata-se de uma demonstração do compromisso do nosso governo com a democracia participativa e com o protagonismo das mulheres contagenses na formulação de políticas públicas eficazes”, frisou.
A Conferência abordou as realidades e demandas das mulheres contagenses considerando, de maneira transversal, as especificidades e a interseccionalidade de gênero, raça, orientação sexual, geração, território, deficiência e origem socioeconômica. Para a criação de políticas para as mulheres de Contagem, a secretária das Mulheres e Juventudes, Camila Marques, destacou a importância do trabalho coletivo e da participação popular. “O nosso objetivo é desenvolver propostas direcionadas que atendam às prioridades das mulheres na cidade, promovendo um governo que dialogue efetivamente com a população, pois é muito mais fácil governar e trabalhar quando escutamos vocês. A conferência é vista como um espaço crucial para definir rumos e avanços na pauta de mulheres, e tenho certeza que faremos isso juntas por uma Contagem melhor”.
Para que o debate e as propostas fossem apresentadas de maneira satisfatória, a Prefeitura realizou pré-conferências para moradores das oito regiões para ouvir as experiências das mulheres de diferentes locais e identificar suas necessidades e aprimorar as políticas existentes. De acordo com a superintendente de Políticas Públicas para a Mulher, Neimara Lopes, “assim como nas etapas iniciais, a conferência foi um espaço democrático onde as mulheres puderam expressar suas demandas e contribuir para a construção de políticas que atendam às suas necessidades”.
Segundo a presidente do Conselho Municipal da Mulher de Contagem, Ana Flávia Santos, esse foi um momento de troca e de construção para avançar na conquista de direitos e na promoção da igualdade para todas as mulheres. “É uma honra representar o Conselho e poder participar desse momento, pois é na Conferência que sairão as propostas que possivelmente serão implementadas e podem transformar a nossa cidade, tornando-a mais justa e inclusiva”.
A conferência municipal reuniu mais de 200 mulheres para debater políticas públicas em busca da igualdade de direitos
Fotos: Ronnie Von
Representatividade
Nas pré-conferências foram eleitas 20 delegadas de cada região, totalizando 160. As mulheres levaram sugestões para revisar o Plano Municipal de Políticas para as Mulheres, a partir dos eixos temáticos de economia do cuidado; igualdade no mundo do trabalho e autonomia econômica das mulheres; educação inclusiva, igualitária e democrática; saúde integral das mulheres e garantia dos direitos; e enfrentamento a todas as formas de violência contra as mulheres.
Eleita no eixo de mulher jovem, a contagense Suzana Lissa, 26, é pesquisadora e mestre em Ciências Sociais. “Representar Contagem na Conferência Estadual das Mulheres será um momento ímpar. É uma oportunidade real de dar voz às mulheres da nossa cidade, especialmente às mulheres jovens, que ainda são pouco representadas nesses espaços. Não se constroem políticas públicas eficazes sem escutar quem vive essas realidades”.
Ainda de acordo com Suzana, um exemplo a ser discutido na etapa estadual é a política pública que garante na rede pública, desde 2021, o acesso ao Implanon (método contraceptivo) e que, desde janeiro de 2025, passou a ser incluído no rol da ANS para os convênios. “É um método fundamental não só para a prevenção da gravidez, mas também para o tratamento de doenças crônicas. No entanto, seu acesso ainda é restrito a grupos prioritários e não contempla, por exemplo, mulheres com doenças crônicas que poderiam se beneficiar muito. Esses são debates que precisam ser levados para a conferência”.
A mais votada na ampla concorrência para representar Contagem foi Jaqueline Conceição dos Santos, 40. Conhecida como "Jack”, a pastora do bairro industrial acredita que o enfrentamento à violência contra as mulheres é essencial devido à desestruturação em várias dimensões. “A violência compromete a autonomia econômica, impede a continuidade nos estudos, afeta profundamente a saúde física e mental, e sobrecarrega as mulheres com responsabilidades de cuidado sem apoio. Ou seja, quando a violência está presente, ela fragiliza o acesso e o exercício pleno dos direitos relacionados aos demais eixos, como trabalho, educação, saúde e valorização do cuidado. Por isso, combater todas as formas de violência é um passo indispensável para garantir igualdade real”.
A 5ª Conferência Estadual, convocada pela resolução da Sedese nº 02/2025, será realizada no período de 5 a 7 de agosto de 2025, em local a ser definido e divulgado oportunamente pelo governo estadual.
