O primeiro passo para romper o ciclo de violência doméstica é procurar ajuda e, em Contagem, o Centro Especializado de Atendimento à Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (Ceam Espaço Bem-Me-Quero) está disponível para acolher, atender, orientar e encaminhar essas mulheres à rede de atendimento do município. Um dos meios para facilitar esse primeiro contato é o WhatsApp, que pelo número 31 97306-4310 permite obter informações sobre a rede de proteção e acesso ao agendamento do serviço de acolhimento, além de tirar dúvidas e direcionar em cada caso apresentado.
Esse canal é uma forma de tornar o atendimento mais acessível e seguro, incentivando quem precisa de ajuda a procurar apoio. Para a superintendente de Políticas Públicas para as Mulheres, Neimara Lopes, trata-se de uma ferramenta fundamental, pois facilita o primeiro contato, oferecendo informações e encaminhamentos que podem fazer toda a diferença na vida dessas mulheres. “Nosso objetivo é ampliar o alcance dos nossos serviços, promovendo um ambiente de acolhimento e proteção, e contribuindo para a redução dos índices de violência contra a mulher em nossa cidade”, afirmou.
Para facilitar o acesso ao serviço, por meio das políticas públicas de inclusão, o Bem-Me-Quero oferece o vale social de transporte. Para ter direito ao benefício, a pessoa passa por uma análise técnica individual no primeiro atendimento com uma equipe, que avalia cada caso a partir do preenchimento e assinatura de um formulário.
O benefício é concedido pelo Programa “Mais Direitos Humanos”, por meio do Termo de Colaboração 002/2022, entre a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, o Instituto de Promoção Humana, Aprendizagem e Cultura (Iphac) e o Consórcio Ótimo de Bilhetagem Eletrônica. De janeiro a junho de 2025, foram realizados 1.069 atendimentos.
Dados
De acordo com um relatório recente da Organização Mundial de Saúde (OMS), o percentual de mulheres que sofreram alguma violência ao longo da vida por parceiro ou ex-parceiro no Brasil é superior à média global, sendo 32,4% contra 27%. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o país registrou crescimento nos feminicídios (mortes de mulheres pelo fato de serem mulheres). Foram 1.492 feminicídios em 2024, maior número desde 2015, quando a legislação brasileira passou a definir esse crime, e uma alta de 1% em relação a 2023.
Tipos de violência
O art. 5º, da lei 11.340/06, revela que “configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”. São formas de violência segundo o art. 7º: a física, a psicológica, a sexual, a patrimonial e a moral.
Violência física
É toda conduta que ofenda a integridade ou saúde corporal da mulher, por exemplo: espancamento, chutes, socos, tapas, beliscões, empurrões; atirar objetos; sacudir e apertar os braços, estrangulamento ou sufocamento; lesões com objetos cortantes ou perfurantes; ferimentos causados por queimaduras ou armas de fogo; além de várias outras formas de agressões físicas.
Violência psicológica
É toda conduta que ofenda a integridade ou saúde psicológica da mulher, tais como: isolamento (proibir de estudar e viajar ou de falar com amigos e parentes); distorcer e omitir fatos para deixar a mulher em dúvida sobre a sua memória e sanidade; limitação do direito de ir e vir; tirar a liberdade de crença; perseguição insistente; vigilância constante; ridicularização; insultos; chantagem; exploração; ameaças; constrangimento; humilhação; manipulação.
Violência sexual
É qualquer conduta que constranja a mulher a presenciar, manter ou participar de relação sexual não desejada mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força, como por exemplo: estupro; obrigar a mulher a fazer atos sexuais que causam desconforto ou repulsa; impedir o uso de métodos contraceptivos ou forçar a mulher a abortar; forçar matrimônio, gravidez ou prostituição por meio de coação, chantagem, suborno ou manipulação; limitar ou anular o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos da mulher.
Violência patrimonial
Consiste em qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades, tais como: controlar o dinheiro; deixar de pagar pensão alimentícia; destruir documentos pessoais; furto, extorsão ou dano; estelionato; privar de bens, valores ou recursos econômicos; causar danos propositais a objetos da mulher ou dos quais ela goste.
Violência moral
É considerada qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria, como exemplo: acusar a mulher de traição; emitir juízos morais sobre sua conduta; fazer críticas mentirosas; expor a vida íntima; rebaixar a mulher por meio de xingamentos que incidem sobre a sua índole; desvalorizar a vítima pelo seu modo de se vestir.
Ceam Espaço Bem-Me-Quero
Espaço da Prefeitura de Contagem - vinculado à Secretaria da Mulher e da Juventude - que acolhe, atende, orienta e encaminha mulheres para a rede de atendimento do município. O acolhimento é sigiloso, tendo como objetivo auxiliar a mulher, fortalecer e encontrar alternativas para superar a situação de violência. São oferecidos atendimentos psicossociais e jurídicos que, após escuta técnica, avalia quais encaminhamentos serão necessários para cada caso.
Podem ser acolhidas mulheres acima de 18 anos, que residem em Contagem, e que estejam em situação de violência doméstica e familiar baseadas no gênero. Todo o atendimento realizado é embasado na lei 11.340/06 - “Lei Maria da Penha”.
Endereço: rua José Carlos Camargos, 218, Centro – Contagem
Contato: 3352-7543 / 97306-4310
Atendimento: segunda a sexta-feira - 8h às 17h
O que fazer em situação de violência?
Ir para um local seguro e pedir ajuda.
Ligar 190 - Polícia Militar ou procurar uma delegacia mais próxima.