Desde o início do isolamento social – medida de segurança contra a propagação da Covid-19 – as atividades presenciais ofertadas para os idosos e idosas pela Prefeitura, foram suspensas, sem previsão de volta. Diante dessa realidade foi preciso criar ações para manter os idosos ativos, mesmo que em casa. Por meio das redes sociais e outros meios de comunicação, como ligação telefônica, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), por meio da Superintendência de Políticas Públicas para a Pessoa Idosa, e em parceria com a Associação dos Moradores do Bairro Novo Progresso II (Amonp), continua o relacionamento afetivo com a terceira idade.
Para o secretário da SMDHC, Marcelo Lino, a pandemia trouxe para toda população o desafio de enfrentar novos desafios e a possibilidade de se reinventar. “Um dos focos do nosso trabalho é atender as pessoas idosas, e uma das maneiras mais eficazes de fazer isso são os grupos de convivência, onde as pessoas se reúnem, se relacionam, interagem, fazem atividades juntos. Com a doença tivemos que pensar em uma possibilidade de manter essa chama da convivência viva, então focamos na tecnologia para mantermos esse relacionamento afetivo com a terceira idade, oferecendo, mesmo que de forma virtual, esses serviços”, afirmou.
Dessa forma a secretaria cumpre o que estabelece o art. 3º da Lei 10.741/2003, que diz: é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Seguindo esse propósito, a Superintendência de Políticas Públicas para a Pessoa Idosa oferta as seguintes ações.
Disk Carinho: Pensando nos danos que este distanciamento social possa acarretar à saúde da terceira idade, além de levar um pouco de conforto e carinho e amenizar a distância, o órgão público criou o Projeto Disk Carinho. A ação foi iniciada na segunda quinzena de maio de 2020 e é realizada por contato telefônico, permitindo que o idoso expresse seus sentimentos, medos e inseguranças, além de compartilhar momentos de como tem passado por esse tempo de isolamento.
Luiz Otávio, integrante da equipe da Superintendência e coordenador do projeto, conta que a equipe teve que inovar e pensar como continuar a dar atenção que os idosos tanto merecem. “Pensamos nas várias formas de continuar mantendo o contato com os idosos, mesmo de forma virtual, e foi aí que surgiu o Disk Carinho. Nem todos os idosos tem acesso à internet e / ou celular para receber os vídeos, então o Disk Carinho veio para fomentar o alcance a um maior número de idosos. O objetivo é distribuir carinho, afeto e atenção, transmitindo para eles que estamos preocupados, e que não vamos perder contato e que são importantes para nós”.
Vídeo aulas: Durante a semana, a Superintendência tem compartilhado vídeos aos idosos por meio de grupos de WhatsApp. Os vídeos são gravados – uma vez por mês - pela comunicação da Secretaria de Direitos Humanos, de acordo com a disponibilidade dos profissionais de cada área (exercício físico, artesanato, dicas de internet e saúde).
A coordenadora das atividades físicas, Pilar Loren, falou sobre as dificuldades encontradas no início das vídeo aulas. “Neste momento que vivemos, tivemos muitos desafios. Um deles foi: "como ficar próximo ao idoso, mesmo longe?” Pensamos várias vezes em várias soluções para que pudéssemos achar uma melhor forma de comunicar com o idoso, porém, o desafio maior, foi o de mostrá-los que a única forma seria o uso dos aplicativos no celular, porque a maioria tem dificuldade do uso. Fizemos vídeos para que os idosos começassem a utilizar essas ferramentas e, assim, conseguimos atingir uma porcentagem mediana, porém não o suficiente para o uso”, explicou.
Um dos idosos que recebe os vídeos é Ivan Pereira, 63 anos. “Os vídeos estão sendo muito bons por causa da minha circulação (sanguínea), além de ficar mais disposto durante o dia e ter a alegria de ver os professores. Bom mesmo é fazer presencialmente, tenho muita saudade da turma”, disse. Edésio Teles, 73 anos, também deu seu depoimento. “É uma pena que a pandemia acabou com as nossas atividades físicas presenciais, mas está sendo muito bacana receber os vídeos para a gente fazer em casa. Estamos vendo e fazendo todos”. Em contrapartida, Elza Martins, 61 anos, disse que as vídeo aulas podem estar sendo muito boas para quem pratica, mas não é o caso dela. “Eu não consigo fazer em casa sozinha. Gosto de fazer com outras pessoas e tendo ajuda. Sinto falta das aulas presenciais”.
Ao todo são nove educadores físicos e dois oficineiros de artesanato. A comunicação grava separadamente com cada profissional, seguindo as orientações da OMS, para prevenção da Covid- 19. “Confesso que com a chegada da pandemia, tive certa dificuldade em gravar as vídeo aulas, mas com insistência consegui e descobri que é na dificuldade que crescemos. As alunas também tiveram dificuldades por não terem muitas vezes ajuda dos parentes e não possuírem boa internet. Mas é gratificante o retorno nos grupos de artesanato com as postagens dos trabalhos feitos após assistirem essas aulas”, disse a oficineira, Regina Célia.
Às segundas-feiras, os idosos recebem os vídeos de artesanato; às terças e quinta-feira, recebem vídeos de atividades físicas e de dança; e às sextas-feiras dicas de internet ou de saúde.
