Na luta contra o abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes, a informação é a principal aliada na conscientização e, desta vez, ela chegou em forma de diálogo direto com os jovens. Nessa quarta-feira (28/5), a Escola Estadual Governador Israel Pinheiro, na região do Riacho, foi palco de uma roda de conversa promovida pelo Conselho Tutelar de Contagem como parte das ações do Maio Laranja. Com apoio da equipe psicossocial da escola, o encontro tratou dos sinais de abuso, formas de prevenção, canais de denúncia e o papel das instituições de proteção infanto-juvenil.
A atividade foi realizada em dois momentos distintos: uma abordagem voltada aos alunos do ensino fundamental e outra direcionada aos estudantes do ensino médio, respeitando as diferentes faixas etárias e níveis de compreensão. Além das orientações, os palestrantes também abriram espaço para que os alunos fizessem perguntas e compartilhassem dúvidas em um ambiente acolhedor e de confiança. Mais que uma palestra, o momento foi um convite à escuta ativa e à participação consciente dos estudantes, contribuindo para fortalecer o conhecimento dos jovens sobre o tema.
Ao todo, cinco escolas estaduais da cidade receberam a ação, levando informação e orientação diretamente aos estudantes. Segundo a conselheira tutelar das regiões Eldorado e Riacho, Simone Cristina da Silva, a participação do Conselho na palestra realizada na escola é essencial, já que o principal objetivo é esclarecer aos estudantes o papel do órgão e conscientizá-los sobre a importância da proteção contra violações de direitos.
“Nós precisamos trazer as informações para os alunos e também ressaltar que estamos ali para protegê-los, que somos um órgão de proteção, assim como a escola, e estamos totalmente preparados para oferecer o amparo que eles precisarem. Caso sejam vítimas de alguma violência sexual ou tenham conhecimento de que outra pessoa esteja passando por essa situação, podem trazer essas informações aos profissionais da escola e também ao Conselho Tutelar. Estaremos prontos para exercer nossa função protetiva, independentemente de quem seja o violador”, destacou.
A assistente social do Núcleo de Acolhimento Educacional (NAE), que atende nove escolas da região, Joyce dos Santos, explicou que a palestra foi estruturada em formato de bate-papo para facilitar a interação com os estudantes, permitindo que tirassem dúvidas e participassem de forma mais ativa. “Quando comecei a trabalhar no estado, notei que o Conselho Tutelar, muitas vezes, é percebido apenas como um órgão de caráter punitivo. Por essa razão, aproveitamos o Maio Laranja para articular uma ação que esclarecesse aos alunos os conceitos de abuso e exploração, além de fortalecer a parceria entre as escolas e o Conselho Tutelar. Nosso objetivo é que os estudantes reconheçam o Conselho como um órgão parceiro, acessível e comprometido com a proteção e o apoio a eles”, disse.
Já a psicóloga do NAE, Ana Luiza Araújo, que trabalha em conjunto com a assistência social, contou que a principal função do grupo é realizar a integração tanto com a rede socioassistencial do município quanto zelar pela promoção do bem-estar e da saúde mental dos estudantes. “Para isso, desenvolvemos grupos de discussão, encontros e diversas atividades com os alunos. Essa abertura de diálogo sobre o tema e o Conselho Tutelar se estendeu também a nós, profissionais da psicologia e da assistência social, que estávamos presentes para acolher as demandas e facilitar essas discussões. Além disso, é essencial que, desde cedo, os jovens compreendam que seus corpos lhes pertencem, são territórios privados que merecem e devem ser protegidos”, ressaltou.
Para a estudante do segundo ano, Vitória Alves, a campanha é fundamental para informar os alunos sobre as diversas formas de abuso e violência, além de reforçar a importância de denunciar e buscar ajuda quando necessário. “Acredito que a conscientização nas escolas é fundamental, pois muitas vezes não existe uma educação sexual adequada que explique que o corpo de cada pessoa deve ser respeitado e não pode ser tocado de forma indevida. Frequentemente, isso não é bem esclarecido. Aprendi que qualquer tipo de toque que cause desconforto é violência. Além disso, é importante abordar o uso das redes sociais, especialmente quando alguém compartilha fotos sem consentimento, o que pode causar impactos emocionais profundos e traumas ", finalizou.
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