A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) reavivou as discussões no debate público sobre higienização e demais maneiras de evitar a propagação de doenças, principalmente as infecciosas. Dentre esses métodos, um tem ganhado cada vez mais espaço entre os brasileiros: o uso de máscaras. Por ser relativamente novo por aqui, são muitas as dúvidas sobre a utilização do equipamento de proteção individual (EPI).
Em países orientais, a prática é comum. Pessoas com gripe ou sintomas similares, como alergias, não saem de casa sem suas máscaras. No Japão, entre os meses de fevereiro e maio, período da primavera no hemisfério norte, o hábito tem até nome, chama-se kafunshō. Uma clara referência, no idioma local, à alergia ao pólen de duas espécies ciprestes. Para se prevenirem, os japoneses utilizam máscaras.
Do lado de cá, a prática é novidade e, em tempos de pandemia, tem faltado insumos para a confecção do material descartável. A alternativa é confeccionar máscaras caseiras, reutilizáveis, que bem higienizadas e utilizadas de maneira correta, são eficazes na prevenção do novo coronavírus e outras doenças infecciosas.
Cientes da importância do uso desse equipamento, as famílias de cinco servidores da Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte de Contagem (Transcon) uniram-se para confeccionar máscaras caseiras e doar aos demais servidores, terceirizados, instituições e passageiros do transporte coletivo municipal.
Entre os dias 18 e 21 de abril, feriado prologando de Tiradentes, as famílias produziram cerca de mil máscaras caseiras, que começaram a ser distribuídas nesta quinta-feira (23). Cada servidor da autarquia está recebendo no mínimo duas máscaras. Aqueles que estão na linha de frente no combate a Covid-19, como os agentes de trânsito, recebem quatro máscaras.
A doação também contemplará os lares de idosos Dom Paulo e Balbina Maria de Jesus, ambos localizados no munícipio, que receberão 80 e 120 máscaras, respectivamente. A Associação dos Deficientes de Contagem (ADC) receberá 200 máscaras. Os EPIs serão entregues nas três entidades filantrópicas a partir da próxima segunda-feira (27).
O quantitativo restante, cerca de 200 máscaras, será ofertado aos passageiros nas ações de fiscalização do transporte coletivo.
Para a confecção desse montante de milhar de máscaras caseiras, o assessor da Diretoria de Transportes da Transcon, Célio Pereira Soares, contactou uma empresa de tecidos do município, que prontamente aderiu à causa e doou o material.
A agente de trânsito da Central de Viaturas 24h da autarquia, Romilda Maria Ferreira Araújo, contou que o isolamento social estava a deixando ansiosa e produzir as máscaras foi uma alternativa para o problema. “Mesmo mergulhada nos afazeres domésticos, cursos à distância, cuidando da minha filha e meu pai de 80 anos, ainda sobrava tempo para tristeza com a pandemia. Vi a chamada por colaboradores para confecção de máscaras caseiras e nela percebi uma oportunidade de contribuir para diminuir a exposição dos meus colegas e suas famílias à Covid-19. Essa é a contribuição da
minha família para a Família Transcon”, disse Romilda, que teve a ajuda da filha de 9 anos, Esther Louise Ferreira de Oliveira, para fazer as máscaras.
Na casa da família Silva, a produção envolveu três gerações. Avó, mãe e neta agradeceram por poderem participar da ação solidaria. “Foi um prazer ajudar e colaborar. Fazer essas máscaras, sabendo que estou ajudando as pessoas. Agradeço muito”, afirmou a artesã octogenária Marildes Santana da Silva.
Chefe de Divisão de Gestão de Pessoas da Transcon, Norma Suely da Silva, ressaltou as palavras da mãe, Marildes. “Agradeço por participar dessa iniciativa e saber que existe esse grupo que está tentando ajudar outras pessoas nesse momento tão difícil. Me sinto honrada de participar disso. Foi muito bom produzir as máscaras”, falou. Na oportunidade, a servidora também agradeceu o empenho da mãe e da filha, a estudante de Engenharia Ambiental, Sara Casa da Silva Melo, por colaborarem com essa causa.
Também doaram tempo e força de trabalho para esse movimento solidário as famílias dos servidores Silvio Teixeira de Lima, com sua esposa, Jennifer Dark Barros, e sogra, Cláudia Maria de Carvalho Viveiro; Graziela da Silva Vasconcelos e sua sogra Marluce Oliveira Garcia; e Mariele Marília Carlos Santos e sua mãe Marília Rosário Pereira. Mariele e a mãe também doaram máscaras aos agentes de trânsito no início de abril.
Orientações e obrigatoriedade
Nas últimas semanas, o uso obrigatório de máscaras ao sair de casa tornou-se uma realidade em centenas de cidades brasileiras. Em Contagem, o Decreto Municipal 1.583/2020, determinou a utilização obrigatória do equipamento por tempo indeterminado. A medida é uma das ações da gestão municipal para conter o avanço do novo coronavírus e válida desde a última quarta-feira, 22 abril.
Segundo o decreto, qualquer pessoa, ao sair de casa, deve fazer uso de máscara cobrindo boca e nariz em espaços públicos, transportes públicos coletivos e privados (táxis e aplicativos), além de estabelecimentos comerciais, industriais e de serviços.
O documento determina também que os estabelecimentos autorizados a funcionar e o transporte público da cidade deverão disponibilizar, no mínimo, um funcionário para impedir a entrada e a permanência de pessoas que não estiverem usando a máscara de forma correta.
Ainda de acordo com o decreto, é de responsabilidade do estabelecimento disponibilizar máscaras descartáveis aos seus clientes e usuários e informar, por meio de cartazes, a forma correta de usar a máscara, bem como o número máximo de pessoas permitido ao mesmo tempo no interior do local. Para mais informações clique aqui.
Com a evolução da Covid-19 no país e falta de EPIs no mercado, o Ministério da Saúde tem orientado, desde o início de abril, que a população faça uso de máscaras caseiras. O órgão de saúde é categórico: o uso de máscaras é essencial para os profissionais de saúde e aqueles que estão doentes. Por outro lado, as pessoas que não apresentam sintomas podem utilizar as máscaras caseiras para reforçar a prevenção.
As orientações para a confecção das máscaras caseiras estão disponíveis no portal do Ministério da Saúde. Clique aqui.
Confira o modo de usar:
- Nunca compartilhar com outra pessoa, pois é de uso individual;
- Trocar de máscara a cada duas horas;
- Lavar com sabão ou água sanitária, deixando de molho por 20 minutos;
- Deixar secar naturalmente;
- Após a secagem natural, pode utilizar ferro de passar;
- Se ficar úmida durante o uso, tem que ser trocada;
- Se a máscara apresentar qualquer dano (menos ajuste, deformação, desgaste, etc.) ela precisa ser descartada;
- Utilizar sempre que precisar sair de casa. Tenha uma reserva e lembre-se de guardar a suja em uma sacola.