Gestores e técnicos da TransCon realizaram, na terça-feira (27/5) e quarta-feira (28/5) desta semana, uma visita técnica a órgãos e equipamentos de mobilidade de Belo Horizonte. A programação incluiu reuniões com a Superintendência de Mobilidade Urbana (Sumob) da Prefeitura de Belo Horizonte, a BHTrans, o Centro de Operações da Prefeitura (COP-BH), além de estações e terminais do BRT-MOVE.
O objetivo foi conhecer de perto a operação do sistema da capital para subsidiar o planejamento do Sistema Integrado de Mobilidade (SIM) de Contagem, previsto para entrar em operação no segundo semestre de 2026. Inspirado nos modelos de Bogotá (Colômbia) e Curitiba (PR), o MOVE de Belo Horizonte foi implantado em 2014 e trouxe inovações como estações de transferência, corredores troncais e integração entre ônibus articulados e linhas alimentadoras.
A programação da visita técnica incluiu reuniões com equipes de planejamento, operação, manutenção, gestão e comunicação do sistema da capital, além de visitas a campo em estações e garagem da empresa operadora.
Intercâmbio institucional
A troca de experiências é fundamental para o avanço da mobilidade urbana em toda a região metropolitana, segundo o superintendente da Sumob/BH, Rafael Murta. "É um privilégio contribuir com o que aprendemos nesses 11 anos de BRT. Quando a gente busca inovar, carrega uma enorme carga de lições aprendidas. É com os erros dos outros que a gente aprende e faz melhor", afirmou Murta.
Segundo o superintendente, cada cidade deve considerar suas características locais no planejamento. Murta destacou o projeto arquitetônico das futuras estações do SIM em Contagem, que prevê coberturas com ventilação interna mais eficientes e bilheterias com módulos intermediários, buscando maior conforto e acessibilidade para o cidadão.
Integração regional é prioridade
O presidente da Transcon, Rodrigo Tomaz, informou o papel estratégico do novo sistema. “Contagem possui oito regionais e é muito segregada devido às BRs e linhas férreas que cortam a cidade, o que torna difícil a comunicação entre as regiões. Não temos dúvida de que, em breve, conseguiremos essa integração total da cidade e com toda a região metropolitana”, afirmou.
Para o vice-presidente da autarquia, Afonso Fraga, o modelo da capital é uma referência. "Belo Horizonte é um exemplo. Precisamos beber dessa fonte. Nosso sistema vai complementar o de BH, e toda solução que implantarmos em Contagem refletirá, em parte, no novo BRT- Amazonas, e vice-versa", disse.
Equipes da autarquia visitaram vários equipamentos do MOVE em Belo Horizonte. Fotos: arquivo da Transcon
Legislação e operação
Sérgio Carvalho, assessor técnico da Sumob/BH, apresentou a base legal do sistema, incluindo contratos com consórcios, política tarifária e os mecanismos que garantem o equilíbrio financeiro do sistema. O gerente de programação da rede, Luís Castilho, explicou a estrutura das linhas troncais, alimentadoras e integradoras. Ele também ressaltou que as estações de transferência foram uma inovação do MOVE. "As estações já existiam em BH desde 1997, mas as de transferência foram uma inovação do BRT", lembrou.
Tecnologia e custos
A comitiva também conheceu a estrutura do Centro de Operações da Prefeitura de Belo Horizonte (COP-BH), responsável pela gestão remota e presencial da frota e das estações do sistema MOVE. A central atua na prevenção de falhas, na segurança operacional e no atendimento em tempo real a ocorrências.
Um dos pontos que mais chamou a atenção foi o custo anual com manutenção. Segundo o gerente de Administração e Manutenção Predial da BHTrans, Odirley Santos, o sistema exige ações rotineiras de limpeza, conservação e suporte técnico.
“Muita gente pensa apenas no dia da inauguração, mas se esquece do depois: do funcionamento diário, da manutenção, dos pontos críticos e das dificuldades”, afirmou. O gerente citou problemas recorrentes, como falhas em escadas rolantes e casos diários de furtos e vandalismo.
“Todos os dias temos reparos a fazer. Também investimos na educação do usuário, que precisa entender que o bem público é dele. Só com a colaboração da população, conseguiremos conservar os espaços e equipamentos”, completou.
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