A saúde dos educadores da rede municipal é essencial para que a qualidade do ensino seja cada vez melhor. Para tanto, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Educação (Seduc), tem reforçado as iniciativas para promover a saúde mental e o bem-estar dos trabalhadores.
Os dirigentes são personagens essenciais no funcionamento das escolas, pois ficam responsáveis pela organização das unidades, pelas questões administrativas e, sobretudo, pelo cuidado e atenção com crianças, estudantes, professores, servidores e famílias. Eles estão sempre atentos às demandas de todos que participam da rotina escolar e, muitas vezes, não têm um espaço para poder expor suas próprias angústias, desafios e amparo emocional.
Desta forma, foi desenvolvido o projeto “Cuidar de Quem Cuida” buscando justamente dar amparo a esses trabalhadores da educação. O coordenador da Comissão Permanente de Mediação de Conflitos e Prevenção de Violência da Seduc, professor Luiz Rena, ressalta o papel além da administração da escola, assumindo um papel de mediação das relações entre todos os atores das escolas.
“Uma das formas de contribuirmos para esse ambiente tranquilo e um clima escolar mais de paz é fortalecermos esse gestor, do ponto de vista institucional e também do subjetivo. Queremos oferecer a eles um momento no mês em que serão escutados, terão um espaço de interlocução com os colegas gestores e comigo, para dividirem seus dilemas, pensarem sobre as dificuldades encontradas nessa gestão das relações dentro da escola”, explicou Luiz Rena.
Relatos de vida
O projeto ocorre desde 2023 e, a partir deste ano, ocorre mensalmente no auditório da Seduc. A diretora da Escola Municipal Ivan Diniz Macedo, Giane Basílio, foi uma das participantes do primeiro encontro ocorrido neste ano, no mês de abril. A escola atende 1.069 estudantes de 6 a 70 anos.
“O que me trouxe foi o cuidar, cuidar de quem cuida. Em qualquer lugar, estou sempre cuidando, em várias situações dentro da rotina da escola e da minha vida. Quando assumi a primeira vez a direção, veio a pandemia e o diagnóstico de câncer da minha filha e eu administrando isso tudo. Mudei para dentro do hospital com a minha filha e com o notebook. Continuei fazendo as minhas funções. E aí entendi que podia cuidar, mas ao mesmo tempo esqueci um pouco de mim. Quando falaram de cuidar de quem cuida, entendi que era o meu momento. Estou aqui para abraçar esse momento e ser abraçada. Quero aprender a olhar para mim, porque acho que desaprendi a me conhecer”, relatou Giane.
A diretora Cemei Bernardo Monteiro, Lucinéia Gonçalves, que atende 135 crianças, também participou do encontro e valorizou a oportunidade de ouvir e ser ouvida. “São situações muito adversas, internas na escola. Às vezes, a gente chega com a intenção conversar com os professores, mas não entendem e levam para o lado pessoal. Os pais também estão muito ansiosos. Eles acham que não estamos dando a devida atenção para as crianças. É muito difícil entenderem qual é o nosso papel”.
O diretor da E.M. Padre Joaquim de Souza Silva, Victor Rios, recebeu a indicação dos colegas para participar do projeto. Na escola, que atende 541 alunos da educação infantil e ensino fundamental, os desafios são muitos. “É muita demanda. Estamos lidando com questões que nunca tinha lidado e que sozinhos não conseguimos. Então, esse apoio é necessário para termos clareza e estar bem para cuidar da escola. É o desafio de estar em uma posição que nunca estive e o psicológico fica abalado”.
Cultura de paz nas escolas
Outra iniciativa da Prefeitura diz respeito à promoção da cultura de paz nas escolas por meio do projeto “Confiar”, que aborda a mediação de conflitos e a prevenção da violência, uma iniciativa da Comissão Permanente de Mediação de Conflitos, da Seduc.
O projeto está sendo aplicado experimentalmente em três unidades escolares, as escolas municipais Giovanini Chiodi, Machado de Assis e Padre Joaquim de Souza Silva, onde serão constituídos grupos de debate com professores, dirigentes, pedagogos, estudantes e familiares.
Segundo Luiz Rena, os núcleos vão atuar na mediação de conflitos, sobretudo na prevenção. “A princípio esses núcleos vão pensar o que a gente pode fazer na escola para prevenir a violência e melhorar o ambiente escolar. A secretaria vai dar suporte, supervisão e formação. Se a experiência nessas três escolas revelar que valeu a pena, que foi bom, a ideia é expandir para outras escolas da rede”.
Outra ação prevista pela comissão é a publicação do documento “Convivência Ética nas Escolas”, produzido com participação dos gestores das unidades e que está sendo debatido com a rede municipal de educação. O documento é orientador de como lidar com situações de violência, com foco no que a escola tem que fazer quando eventos de violência ocorrem.