A peça “Paixão de Cristo”, em qualquer cidade e tempo, é sempre algo para parar, ver, admirar. Independentemente da crença, a encenação da história, famosa por onde passa, leva as pessoas à reflexão e estimula sentimentos como amor, esperança, redenção, fé e compaixão. Em Contagem, a apresentação é realizada há 42 anos e foi reconhecida como patrimônio imaterial da cidade.
“É um enredo de uma história religiosa, mas que vai muito além do viés da própria religião, traduzindo reações e, até mesmo, levando a uma autorreflexão do ser na comunidade, dentro de um contexto de doação, trabalho, resistência e resiliência”, destacou um dos responsáveis pela peça, o médico e ator, Thiago Abreu.
Segundo ele, a encenação da Paixão de Cristo começou em 1983, com um grupo pequeno de pessoas, que frequentava a Paróquia São Gonçalo e desejava representar o percurso de Cristo até o calvário de forma lúdica e com muita fé. Desde então, o grupo foi crescendo, se aprimorando e a peça passou a compor as celebrações da Semana Santa da paróquia. Hoje, leva milhares de fieis a acompanhar a representação dos últimos momentos de vida de Jesus.
“Ano a ano temos notado a proporção que o espetáculo tomou e a expectativa que vem sendo depositada. A resposta do público, que tem crescido a cada ano, mostra que estamos no caminho certo e isso nos motiva a sempre mostrar um trabalho ainda melhor no ano seguinte”, afirmou Thiago.
A Paixão de Cristo atualmente conta com um grupo de produção composto por membros ativos (paroquianos e não paroquianos), que se debruçam em escrever o texto, buscar patrocínios, intermediar uma comunicação direta com o poder público, além de promover a preparação artística dos atores e participantes do grupo, a direção e produção do espetáculo.
Dedicação e fé
E para quem acha que o processo é simples, se engana. O planejamento começa, sempre, no segundo semestre do ano anterior ao da apresentação, quando é feita a avaliação do último espetáculo e se dá o início da escrita do novo texto. É nesse momento, segundo o médico/artista, que a criatividade é colocada para trabalhar, buscando mais referências para criar “novas visões” de uma única história.
E por mais que seja de conhecimento público, a história da vida, trajetória, paixão e morte de Cristo, ao ser encenada, a cada ano apresenta sempre alguma “alteração”, ainda que seja por meio da perspectiva de quem irá contá-la.
“O espetáculo nunca é o mesmo, está sempre sendo oxigenado, com algumas surpresas e com uma identidade muito linda.Usamos versões de diversos personagens bíblicos para contar a história, seja Maria Madalena, o apóstolo João, Pôncio Pilatos, entre outros. Além disso, utilizamos artifícios e temas atuais para arejar a história já consolidada como, por exemplo, o tema da Campanha da Fraternidade. Assim o espetáculo nunca é o mesmo”, explicou.
Após definido o texto, é feita a escolha do elenco, formado por atores profissionais e amadores, a maioria nascida ou moradora de Contagem. Na sequência, iniciam a leitura do texto, a preparação dos atores e a montagem das cenas.
Para que a peça seja viabilizada, a apresentação conta, atualmente, com apoio da Igreja Matriz de São Gonçalo, da Prefeitura de Contagem, da Câmara Municipal e de patrocinadores.
“Sempre é um prazer enorme fazer parte desse processo. Aqui consigo unir arte e minha crença em um lugar só”, declarou Thiago Abreu que, em 2025, completa 20 anos participando da encenação da “Paixão de Cristo”, tanto no elenco como na produção.
Thiago ressaltou que o público que já foi, pode e deve voltar. E quem não foi, está convidado a conhecer. “A encenação da Paixão de Cristo proporciona um encontro de pessoas com credos, opiniões e percepções diferentes umas das outras. Mas todos recebem ou percebem algo por meio do teatro. E nossa mensagem vai ser sempre pautada no respeito, no amor e na paz. Só quem for vai poder conhecer, sentir e presenciar tudo o que o espetáculo reserva”, convidou.
Serviço - Encenação da Paixão de Cristo
Local: Espaço Popular Sede (escadaria da Igreja Matriz de São Gonçalo)
Data: 18 de abril - sexta-feira
Horário: a partir das 19h
Acesso livre