A cultura de Contagem é feminina. Não só pelo gênero gramatical da palavra, mas pela própria essência da história. O primeiro equipamento cultural da cidade recebeu o nome de uma mulher, Nair Mendes Moreira. Professora atuante na educação municipal de Contagem, Dona Nair também foi autora do hino da cidade. Em uma justa homenagem à educadora, o casarão colonial da praça Vereador José Mendes Belém foi batizado, em 1991, de Casa da Cultura Nair Mendes Moreira.
Nos mais de 30 anos de existência do equipamento, diversas atividades e intervenções culturais ocuparam o espaço, entre elas as exposições “Cacos de Resistência - Mulheres que revolucionaram o mundo”, da artista Cris Leão; e “Corpo Pote”, da também artista Flávia Soares. O local também foi palco de movimentos literários, como o lançamento do livro “A Árvore das Pioneiras”, obra das autoras Júlia Braga, Franciely Braga e Vitória Bispo, que retrata a história de mulheres que ajudaram a construir o Brasil.
"Cacos de Resistência", exposição de Cris Leão, e o livro "A Árvore das Pioneiras”, de Júlia Braga, Franciely Braga e Vitória Bispo,
são exemplos da presença das mulheres na cultura local - Fotos: Fernando Perdigão e Augusto Nascimento/PMC
Além de terem acontecido na Casa da Cultura, todos os eventos citados carregam a compatibilidade de terem sido aprovados no Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (FMIC), política pública da Prefeitura de Contagem, que tem como objetivo valorizar e incentivar o movimento cultural produzido na cidade, proporcionando entretenimento para toda a população, de forma inteiramente gratuita.
É importante ressaltar que no processo de seleção dos editais, o protagonismo feminino recebe pontuação extra. Essa medida é adotada com o objetivo de promover a igualdade de gênero na distribuição dos recursos destinados ao setor cultural de Contagem, assim como incentivar que as mulheres ocupem cada vez mais espaço como fazedoras e produtoras de cultura na cidade.
Em 2021, dos 141 projetos aprovados no FMIC, 68 foram iniciativas de proponentes do gênero feminino. A média também permanece no ano de 2022, quando 58 mulheres tiveram seus projetos selecionados, entre os 139 aprovados. Já nos editais de 2023, em consonância com os anos anteriores, dos 134 contemplados, 56 foram mulheres. Para simplificar os números, é possível dizer que 44% dos projetos contemplados no Fundo Municipal de Incentivo à Cultura, ao longo dos três anos da atual gestão da Prefeitura de Contagem, são de mulheres, o que representa um passo muito importante para, além de buscar a igualdade de gênero, fortalecer a democratização do acesso à cultura no município.
Dona Nair Mendes Moreira, pintura de Afrânio, exposta na Casa da Cultura que leva o nome da educadora. Fotos: João Cavalcanti e Elias Ramos/PMC
A subsecretária de Direitos Humanos e Cidadania, Lorena Lemos, reconhece que essa é uma mudança de perfil do executivo de Contagem, que tem a ver com o esforço da atual gestão em deixar os editais mais acessíveis à população. “Essa é uma estratégia importante, que diz muito da mudança de perfil e, ao mesmo tempo, reflete Contagem, uma cidade formada majoritariamente por mulheres”, ressaltou Lemos.
A superintendente de Políticas Culturais, Aniele Leão, destacou que “o protagonismo das mulheres nas políticas culturais é fundamental para garantir uma cultura em que tenhamos uma diversidade maior. A mulher tem uma sensibilidade e um histórico de luta diferente. A presença dessas mulheres em cargos e lugares que historicamente eram ocupados por homens, garante um mundo com muito mais diversidade.”.
Para 2024, a expectativa é que a Casa da Cultura Nair Mendes Moreira seja contemplada com diversas atividades produzidas por agentes culturais mulheres, isso porque cerca de 46% dos projetos aprovados na Lei Paulo Gustavo no município são de proponentes do sexo feminino, que apresentarão várias atividades em diversas áreas como dança, música, teatro e artes plásticas.