A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em parceria com o Senado Federal, desenvolveu o Projeto República, em comemoração ao bicentenário da independência do Brasil, celebrado em 2022. Agora, o projeto chega a Contagem trazendo um Caminhão Museu, apresentando uma nova perspectiva sobre a independência, destacando o papel das mulheres e importantes ações em diferentes regiões do país.
Na manhã desta segunda-feira (13/2), a prefeita Marília Campos foi conhecer de perto a novidade, instalada na praça da Jabuticaba, e fazer um tour pelo “caminhão transformer”. “O Projeto República proporciona uma experiência histórica bacana na volta às aulas em Contagem. Eu fui à sala de cinema e também estive com os monitores que falam de muitos fatos históricos. A gente se sente muito estimulado para aprender e para conhecer. É por meio do conhecimento de história, que a gente fortalece nossa identidade nacional”, destacou Marília.
A prefeita aproveitou para convidar a população a conhecer o espaço, em especial os educandos da rede pública. “É para toda a população. Confiram o horário de funcionamento. Fica nosso convite especial para os nossos alunos e alunas conhecerem essa história”.
A coordenadora geral do Projeto República, a educadora e pesquisadora da UFMG, Heloísa Starling, ressaltou a parceria com o município de Contagem. “O Caminhão Museu da UFMG viaja o Brasil inteiro e é muito legal estar em Contagem. Ele é igual a um transformer, pois abre e se transforma numa exposição que conta a história da independência do Brasil. Tem sala de imersão visual, história em quadrinho, ‘gira gira’, filme de animação, por meio dos quais é possível conhecer a história das províncias do Brasil, de costas para o Ipiranga, mas de frente para o Brasil”, afirmou.
O projeto conta ainda com a participação ativa dos professores da Rede Municipal de Educação e Fundação de Ensino de Contagem (Funec). Para a professora de história das escolas municipais Estudante Leonardo Sadra e Domingo Diniz, Leontina Santos, a inclusão dos professores de Contagem no projeto foi “muito bacana”. “É inovador, eu nunca vi nada semelhante. Inclusive, eu tenho colegas no interior que vou indicar”, afirmou.
Leontina também elogiou a organização da visitação ao museu. “Foi muito organizado, teve muito a acrescentar, principalmente em relação ao conhecimento, foi enriquecedor”, disse.
Lauren Araújo, estudante do 9º ano da E.M. Leonardo Sadra, esteve na primeira turma que visitou o museu. Ela aprovou o caminhão e destacou aspectos da história que não conhecia. “Eu achei muito bom, não sabia que a mulher do D. Pedro tinha se envolvido na independência”. Lauren também ressaltou o que mais gostou da visita. “Além da foto, gostei da parte que falava sobre as mulheres que tinham se envolvido na independência”, apontou.
O também professor da escola Leonardo Sadra, Alair de Oliveira, foi mais um a aprovar todo o projeto, inclusive da formação que os professores receberam. “Achei bem interessante, inclusive a vinda do caminhão a Contagem, achei bem legal. Eu espero que a formação dê continuidade, porque o primeiro dia foi importante para ampliar nossos conhecimentos e traduzir isso para a sala de aula”, afirmou.
A integração do projeto com outras iniciativas da Prefeitura de Contagem, como a entrega dos tablets para as escolas, foi outro ponto destacado pelo professor Leonardo. “Eu pretendo usar a ferramenta que o projeto apresentou para a gente, que é o site, na sala de aula, por meio dos tablets que a Prefeitura mandou. A ideia é ampliar isso e levar com mais ênfase para a sala de aula usando a tecnologia”.
Bernardo Lourenço, estudante do 2º ano de Farmácia da Funec, unidade Centec, afirmou que a visitação é “bem completa” e “informativa”. “A única coisa que eu sabia sobre o fato é a parte do ‘independência ou morte’ que D. Pedro gritou às margens do rio, então foi muito bom ver outro lado da história”, afirmou. “A única parte ruim é que acaba”, brincou Bernardo.
O estudante também gostou de conhecer o papel de diferentes mulheres na “história não contada” da independência. “Foi o que mais chamou minha atenção, a luta das mulheres e o papel diferente que cada uma teve. Normalmente não se fala sobre isso, abordar esse lado da história é importante”.
A visita ao Caminhão Museu foi acompanhada pelos secretários municipais de Educação, Telma Fernanda Ribeiro, e de Governo, Pedro Amaral, além do presidente da Câmara Municipal de Contagem, vereador Alex Chiodi.
Projeto República
O Projeto República chega a Contagem em uma parceria entre a Prefeitura e a UFMG para que os professores da Rede Municipal e da Funec conheçam e analisem a proposta. O projeto se divide em duas grandes ações: a formação dos professores de história e o Caminhão Museu.
A formação de educadores teve início no dia 7 de fevereiro com uma apresentação do projeto e uma síntese do que são os quatro Itinerários Virtuais da Independência que compõem o programa. A partir do próximo mês serão feitos grupos de trabalho para análise dos itinerários e deferências, correções, sugestões, alterações e um olhar pedagógico da Rede Pública.
Essa formação com professores é uma ação inédita para a UFMG, como aponta o coordenador de pesquisa do Projeto República, Danilo Araújo Marques. “É a primeira vez. Nós vimos que muitas escolas fazem visitas ao caminhão e ao trabalho do site Itinerário Virtuais, então surgiu a ideia de fazer esse plano piloto com Contagem”.
Danilo ainda apontou novas etapas para continuação da formação de educadores. “Vamos organizar grupos de trabalho para ter esse retorno. Eu acho que vai ser bem legal esse retorno”.
Caminhão Museu
Outra ação é o Caminhão Museu, que conta com monitores e organiza a materialidade dos itinerários apresentados no site. É uma exposição bastante diversificada, com ênfase no visual e na participação das mulheres no processo de proclamação da república, assim como na participação da independência que outros países tiveram e em leituras dessa narrativa da independência que se construiu no Brasil.
A exposição da independência no Caminhão Museu já passou por diferentes capitais. Ela estreou em Brasília, depois foi para Prados/MG, no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, São Paulo/SP, Salvador/BA, Recife/PE e, agora, Contagem.
O coordenador Danilo Araújo explicou a opção por trazer a exposição para o município. “Estamos envolvidos com o processo de trabalhar o site dos itinerários virtuais da independência. Como já tínhamos feito a apresentação para os professores, trouxemos também a exposição física, para trabalhar aqui, na Rede Pública, os 200 anos da independência”, afirmou.
Ele explicou que nas comemorações dos 200 anos da independência, oficialmente, se contou a história que todo mundo conhece. “Estamos animados em trazer essa nova visão, que traz a participação das mulheres na independência, o que estava acontecendo no restante do país, nas outras províncias, o que estava acontecendo em Pernambuco, Alagoas, no Grão Pará. Então, as expectativas são as melhores, de contar o outro lado da história que não está nos livros”, ressaltou Danilo.
Serviço
O Caminhão Museu da UFMG está aberto à visitação pública até o dia 16 de fevereiro, na praça da Jabuticaba. Confira a programação:
O site “Itinerários Virtuais da Independência”, desenvolvido pela UFMG, em parceria com o Senado Federal pode ser acessados pelo link http://projetorepublica.org/independencia/