Contrariando as determinações de isolamento social, muitos adolescentes e crianças que se encontram em suas casas saem para soltar pipa ou papagaio. A brincadeira é boa, mas pode esconder perigos. Dois deles, o cerol e a linha chilena, usados por alguns para cortarem e derrubarem as pipas de seus adversários, podem ser mortais. Não é crime soltar pipas, mas é crime utilizar misturas que tornam a linha cortante, o que põe a vida de pessoas em risco.
O outro perigo é a exposição ao coronavírus (convid-19). O contato com outras pessoas, fora de casa, aumenta as chances de contaminação. Ciente desta situação, a Guarda Civil de Contagem (GCC) já está atuando em todas as regionais administrativas da cidade para coibir o uso das linhas cortantes e apreendê-las.
No dia 26/5, a GCC lançou uma operação de combate ao comércio e ao uso de cerol e linha chinela em Contagem. As operações de prevenção à linha de cerol e chilena não tem data para terminar. Os estabelecimentos comerciais e as pessoas soltando pipa ou papagaio serão fiscalizados. A população pode ajudar ligando 153, para que a Guarda Civil vá até o local verificar os materiais que estão sendo utilizados pelo estabelecimento comerciais ou por pessoas.
A instituição costuma realizar essas operações nos meses de férias escolares, em junho, julho e agosto. Contudo, neste ano, em razão da pandemia de coronavírus, a GCC tem observado um número muito grande de crianças e adolescentes soltando pipa e papagaio nos espaços públicos fora desse período. “No início do mês, nós já tivemos acidentes provocados pela linha de cerol”, afirma o comandante da GCC, Levi Sampaio. Ainda de acordo com a corporação, desde o início da operação já foram apreendidos 130 carretéis, e as pessoas encontradas com eles foram orientadas.
O cerol é uma mistura fatal, artesanal, feita de cola com pó de vidro ou pó de ferro, que é passada ao longo das linhas das pipas e papagaios. Já a linha chilena é feita industrialmente e seu poder de corte é quatro vezes maior que o do cerol.
A Lei Municipal nº 4.621/2013 proíbe a “industrialização, comercialização, armazenamento, transporte, distribuição, manipulação e uso de cerol, "linha chilena" ou de qualquer material cortante utilizado para empinar papagaios, pipas, pandorgas ou semelhantes”. Há também a Lei Estadual nº 23.515/2019, que veda a “comercialização e o uso de linha cortante em pipas, papagaios e similares”.
Soltar pipa ou papagaio não é crime. O que é crime é o uso do cerol ou da linha chilena. Quem for pego comercializando usando linha chilena e cerol será responsabilizado, podendo receber multa que pode chegar a R$1,5 mil. O valor pode ser dobrado, em caso de reincidência.
O subcomandante da Guarda Civil de Contagem, João Bosco Bicalho, explica que a participação da população nessa fiscalização é importante “As operações de prevenção à linha de cerol e chilena já estão ocorrendo em todas as regionais do município. O nosso Disque 153 se encontra disponível para todas as denúncias. Se o cidadão se deparar com alguém usando tais misturas, que tornam a linha cortante, ou comercializando linha chilena ou similar, deve nos adicionar”, diz o subcomandante.
O comandante da Guarda Civil de Contagem, Levi Sampaio, reforça que o momento não é de férias, e sim de isolamento social. “No ano anterior, realizamos blitzen educativas, intervenções em escolas, com palestras para conscientização a alunos e famílias, foi um sucesso. Hoje, estamos diante de uma pandemia, não de férias, e nossa instituição está muito atuante, sem deixar o atendimento às ocorrências de natureza policial de costume. É um momento de isolamento social. Pedimos aos pais e às mães que fiscalizem seus filhos e que colaborem com a Guarda Civil, com a nossa cidade, para que a gente possa evitar esse tipo de acidente”, salienta o comandante.
A Guarda Civil de Contagem pode ser acionada no Disque 153.