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26 ABR 2025
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Contagem e sua gente: o artista Dom Cylesio mantém a plastigrafia viva para as próximas gerações
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Quando se fala em exposição, logo vem à mente quadros abordando retratos, paisagens, épocas, fatos históricos. Há, ainda, outras, que abordam tradições, movimentos, traços, tendências. Contudo, a “Arte na Escrita”, antes conhecida por plastigrafia, é algo para poucos. Na verdade, um método individual, desenvolvido pelo artista Cylas Paulo Silva, o Dom Cylesio. Trata-se de uma técnica única e própria. O artista, próximo de completar 82 anos, volta a expor o seu trabalho, que poderá ser admirado, de forma gratuita, a partir de 12 de maio, na Fundação Helena Antipoff, em Ibirité, ficando aberto à visitação até 17 de junho. Em Contagem, a obra poderá ser vista entre os meses de agosto e setembro.

A forma da arte de Dom Cylesio é, no mínimo, intrigante. Isso porque a técnica utilizada permite a sua criatividade extrapolar o que os olhos veem. Em uma posição, o que se lê é uma palavra ou expressão. Ao girar a tela, outra palavra se forma, o que mostra a inteligência de alguém que, há mais de 70 anos, iniciou esse tipo de arte, aguçando a curiosidade das pessoas por onde passou.

Desde cedo, Cylas – a grafia de seu nome foi uma sugestão de sua avó, Nicota – já era considerado uma criança prodígio, com facilidade em aprender a tocar instrumentos, desenhar e pintar, inclusive, sendo autodidata. Um detalhe, ele é daltônico. No campo musical, por sua desenvoltura, chegou a tocar com artistas como Tony Damito, Miele e Sandra Bréa.

Durante sua vida, junto a sua família, viveu um momento, como ele mesmo diz, “cigano”. Por causa do seu trabalho, muitas vezes feito conjuntamente a outro, que também gerava renda, ele, a esposa e as filhas se mudaram várias vezes. Passaram pelas cidades de Santos, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Machado, Cordislândia, Poço Fundo e Contagem.

O número de peças feitas é difícil de mencionar. Dom Cylesio produziu muita arte sob encomenda. “Podemos falar que há obras dele espalhadas para muito além de Contagem, como no sul de Minas, Alemanha, Estados Unidos, Itália, Rio de Janeiro, Santos, São Paulo”, disse a esposa, Leninha Oliveira. “Uma vez, quando ele trabalhava em um hotel, um casal descobriu que ele também era um artista e chamaram-no para fazer todo o enxoval. Outra vez, estava fazendo uma exposição na praia e ali mesmo já vendia. Por onde passávamos, os admiradores gostavam e adquiriam as obras. Não apenas as que transitavam pelos locais, mas personalidades políticas como prefeitos, vice-prefeitos, secretários, vereadores”, lembrou ela.

Não à toa, o trabalho dele foi ganhando repercussão e gerou exposições. Em 1985, Dom Cylesio apresentou trabalhos em madeira, confeccionando nomes, monogramas e propagandas de design próprio, sendo considerado pelo secretário do Departamento de Promoções Culturais e Populares de Belo Horizonte, Arutana Cobélio, como “conteúdo inédito e original”. Ainda em 1985, foi convidado pela Prefeitura de Belo Horizonte a expor seu trabalho “Cartão de Natal Artesanal”, na Feira de Santa Tereza. Já em março de 1986, participou da Semana Cultural da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Professor Augusto Vieira, em Machado.
 

 

Dom Cylesio e sua família levam o nome de Contagem para fora ao exporem a sua "Arte na Escrita"
Fotos: João Cavalcanti / PMC

Pausa na arte

O período de mudanças foi interrompido no final da década de 80 e início de 90. Isso porque as filhas, ainda pequenas, acabavam sendo prejudicadas quanto aos estudos e era necessário fixar moradia em um só lugar. Contagem acabou sendo o local escolhido, uma vez que já haviam morado na cidade anos antes.

No município, se estabeleceram, as filhas foram criadas, a família abriu uma empresa e alguns trabalhos, apenas sob encomenda, foram feitos. Isso porque Cylas dividia o ofício de pai, marido e vigia com o talento de artista.

Retomada e nova pausa por questões de saúde

Após um longo período afastado do mundo artístico, devido aos compromissos de chefe de família impostos à época, Dom Cylesio retornou com suas obras em 2004, no “Concurso da Maturidade do Banco Real”.

Contudo, no decorrer dos anos, ele e a família viveram momentos de saúde muito complicados e sensíveis. “Ele infartou em 2006 e, em 2008, teve outros, de forma seguida. Já em 2013, sofreu com dois acidentes vasculares cerebrais (AVCs), que o paralisaram por completo e o deixaram de cama por um ano. Tivemos que abandonar nossos ofícios para cuidar dele de forma integral”, lembrou uma das filhas, Jack Ventura. Nesse período, ele ainda sofreu uma síncope. “Aos poucos ele foi melhorando. Falamos que ele é um milagre, ainda mais por ter conseguido restabelecer os movimentos e, ainda, voltar a produzir, anos depois”, completou.

Nova retomada com muito apoio familiar

Ao ver a filha Mima Oliveira seguindo seus passos, Dom Cylesio, de alguma forma, voltou a despertar em si, o interesse pela arte. “Ao me ver dando seguimento àquilo que ele iniciou, tendo contato com os rascunhos próprios dele, pareceu despertar nele, de novo, o interesse em participar. Começou a opinar, criar e até a corrigir algumas coisas. Passamos a nos ajudar, também, na arte. Ele sempre foi uma inspiração para nós e, desde esse tempo, podemos dizer que ele também se inspirou em nós”, contou Mima.

Além de retomar a participação e confecção das artes, Cylas, o Dom Cylesio, também iniciou outros dois ofícios nos últimos anos. Desde 2021, passou a ser locutor do programa “Do Baú”, na rádio Trem Mineiro, onde continua até hoje, sempre às sextas-feiras, às 20h. Já em 2022, participou do ateliê “Aberto”, ministrado pela artista Cris Leão, que fez parte do Projeto “Café com Viola – Arte e Sabor”. Posteriormente, também participou da exposição coletiva de mosaico na reinauguração da Casa de Cacos. Nessa ocasião, várias pessoas, ao ver o trabalho de Dom Cylesio, admiraram sua obra, havendo quem a adquirisse.

Mais tarde, em 2024, expôs seu trabalho na Casa da Cultura Nair Mendes Moreira – Museu Histórico de Contagem. No mesmo ano, teve o Projeto “Circulação Exposição Art-Cylabas” aprovado pelo edital 002/2024 – Expressões Culturais Diversas, da PNAB Contagem, que será exibido no próximo mês. O projeto, que será exposto tanto em Ibirité quanto em Contagem, ficou em primeiro lugar no edital Aldir Blanc, fato que Dom Cylesio, habitualmente, lembra, gesticulando aos familiares o número 1, com o dedo, brincando sobre o fato.

Todo esse conhecimento e trajetória já se encontram com suas filhas, que prometem levar, por muitos anos, adiante. “É uma técnica única, curiosa, que aguça o interesse das pessoas que visitam. Como fazer uma arte que se vê algo de um ângulo e outro, quando se vira a obra em 180 graus? É, no mínimo, intrigante. Isso o nosso pai nos ensinou e queremos que mais pessoas conheçam, pois é uma arte diferente e precisa ser divulgada”, disse Jack Ventura que em conjunto com Mima Oliveira, sua irmã, e Leninha Oliveira, sua mãe, compõe a produção, direção e participação em eventos artísticos em Contagem.

Mais do que um núcleo de trabalho, as três, juntos a Dom Cylesio, são um núcleo familiar, que na arte e na superação, mostrou que a persistência e a felicidade de viver, juntos a uma união ímpar e colaboração mútua, são a solução para lidar com as várias adversidades da vida.

Diante de tudo vivenciado, Dom Cylesio, hoje, se diz alegre, tanto com os ofícios que ainda participa, quanto com a admiração que recebe por sua arte. “Eu fico muito feliz. E feliz ainda mais por ver minhas filhas levando isso adiante”, relatou.

Para quem ainda não conheceu a arte de Dom Cylesio, a “Circulação Exposição Art-Cylabas” estará na Fundação Helena Antipoff, em Ibirité, de 12 de maio, a partir das 15h30, a 17 de junho, fazendo parte da Semana Nacional de Museus. Mas como morador da cidade, Contagem também vai receber a exposição, que ocorrerá entre os dias 6 de agosto, a partir das 10h30, e 7 de setembro. Aos curiosos e amantes de arte, uma ótima opção para conhecer essa técnica única.

 

Serviço:

Nome: Circulação Exposição Art-Cylabas

Local lançamento: Fundação Helena Antipoff

Dia lançamento: 12/5

Horário lançamento: 15h30

Período da exposição: 12/5 a 17/6

 

Local lançamento: Big Shopping

Dia lançamento: 6/8

Horário lançamento: 10h30

Período da exposição: 6/8 a 7/9



 
Autor: jornalista João Cavalcanti / edição: Vanessa Trotta
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