Um esporte, uma alternativa de vida ou um desafio? Como pode ser definido o hockey, esporte ainda visto, no Brasil, como amador, mas que em muitos países geram bilhões de dólares? Praticado em duas modalidades, gelo ou quadra, o esporte ainda engatinha no Brasil e vem crescendo em algumas cidades, como é o caso de Contagem.
Na cidade, coordenado por Stéfani Machado Vital, o Hockey Eldorado Vipers existe desde 1996. O projeto, que conta com professores e outros profissionais, atende todas as crianças interessadas em praticar o esporte. Vários, que não possuem condições de pagar para aprender, acabam recebendo bolsas, o que permite o acesso, principalmente, dos jovens em mais uma oportunidade de esporte.
Desde o seu início, mais de mil crianças e jovens passaram pelo projeto, sendo que, atualmente, cerca de 140 são atendidos no Ginásio Califórnia, cedido pela Prefeitura para o desenvolvimento e prática do hockey.
Há, ainda, uma preocupação social com aqueles que participam das aulas. “Os grupos fazem uma dinâmica regular com uma psicóloga voluntária e isso visa que melhorem a capacidade de cada um em trabalhar em equipe, em lidar com pessoas, em entender o que cada uma passa, até para o esporte ser, também a saída delas de um mundo que não pode ser tão legal, como a entrada nas drogas ou outros ilícitos”, destacou Stéfani.
O Eldorado Vipers tem participado de diversos campeonatos no Estado e no Brasil. Contudo, isso tem um custo, bancado pelas mensalidades, basicamente. “Estamos buscando parcerias para ampliar o atendimento e dar continuidade no trabalho para os atletas que se destacam, além de mostrar, cada vez mais, o esporte, que tem tudo para ser, em Contagem, e no Brasil, o que é fora daqui”, contou Stéfani.
Um dos alunos do projeto, inclusive, faz parte, hoje, da Seleção Brasileira de Hockey. Trata-se de Pedro Henrique Santos, 22, conhecido entre os esportistas como Pedrinho. “Pedrinho iniciou no projeto aos 13 anos. Ele jogava futebol na quadra antes da nossa aula de hockey e sempre via as crianças chegando e se equipando para jogar. Um dia foi até eles e perguntou como era o hockey e foi convidado para fazer uma aula. Ele foi e nunca mais parou. Pedrinho é hoje um dos melhores atletas do país e luta para conseguir patrocínio e conseguir participar dos eventos da Seleção Brasileira”, contou, emocionado, o coordenador.
“O Pedrinho, hoje, estuda educação física e é um dos professores do projeto. Mas a principal ajuda dele é ser o exemplo de como um garoto da Vila Marimbondo pode mudar sua vida e sua realidade com esforço, dedicação, resiliência e ética”, completou.
E Pedrinho não é o único destaque nesses quase 40 anos de projeto. Pablo Augusto e Vitor Erse são duas outras promessas. Atualmente, estão na categoria sub-14, mas já atuam na categoria Sênior (adulto). Vitor foi, inclusive, o artilheiro do campeonato mineiro adulto de 2022. No sub-16, o irmão de Pedrinho, Diogo Richard, é uma das referências.
O mesmo pode ser dito de Wedley, na categoria júnior, e Ana Clara, no hockey feminino. Wedley e Ana Clara já foram convocados para a Seleção Brasileira, sendo que ela já conquistou medalha de bronze vestindo a camisa amarela, no último Sul-Americano, em junho, em San Juan, na Argentina.
Futuro
Stéfani sonha alto e acredita muito no esporte. “Temos muitos bons resultados. Fomos campeões brasileiros nas categorias sub-10, sub-12, sub-14 e sub-16, além de um título Sul-Americano na categoria sub-10 e um segundo lugar no sub-12. Somos os atuais campeões brasileiros na categoria feminino. Temos vários atletas convocados para Seleção Brasileira”, relatou Stéfani.
Ele destacou que a modalidade necessita de mais apoio, já que muitos dos atletas não têm condições de arcar com treinamentos e viagens e nem sempre é possível apoiá-los em tudo que precisam. “O nosso sonho é tornar o sonho desses jovens possível. Eles trabalham duro, treinam muito bem, se doam, querem aprender, se desenvolver. Quem sabe não temos, em breve, o apoio de empresas e empresários, a fim de fazer de Contagem uma referência no hockey e, ainda, conseguindo mudar o futuro de vários deles para melhor?”, indagou.
Por fim, Stéfani lembrou que o hockey precisa ser visto de uma outra maneira. “Muita gente coloca o hockey como um esporte de elite, mas nosso projeto mostra que todos podem ter acesso a ele. Há os custos, mas nossa missão é buscar os recursos para que o esporte possa ser um diferencial na vida dessas pessoas. O hockey é para todos”, concluiu.
Para mais informações:
Instagram: @eldoradovipers Facebook: https://www.facebook.com/EldoradoVipers
WhatsApp: 31 99157-3475 (Stéfani Machado)