A convite da Embaixada da França no Brasil, a prefeita Marília Campos viajou ao país europeu em missão oficial, entre os dias 6 e 10 de dezembro, acompanhada da secretária de Cultura, Monique Pacheco, e do adido de Cooperação e de Ação Cultural francês em Minas Gerais, Vincent Nédélec.
As despesas da prefeita Marília Campos e da secretária de Cultura, Monique Pacheco, foram custeadas pela Embaixada da França no Brasil.
Todas as quatro cidades visitadas - Lille, Lens, Rennes e Nantes - foram escolhidas pela Embaixada Francesa, que ainda programou todas as visitas aos espaços. Em comum, as quatro cidades tiveram um passado ligado à indústria como principal atividade econômica. Com o declínio da atividade industrial em seus territórios, elas se viram obrigadas a traçarem novas rotas de desenvolvimento que vieram a partir da cultura como mola propulsora para a própria cultura, mas também impulsionando o turismo e o desenvolvimento socioambiental.
A missão oficial da Prefeitura foi conhecer nesses municípios, que como Contagem tiveram um passado ligado à indústria, estratégias que culminaram no presente em experiências de sucesso nas áreas culturais, urbanísticas e socioambientais.
“É uma alegria dar a oportunidade à Contagem de conhecer algumas experiências na área da cultura na França, começando por Lille, para ver como a cultura é um vetor de inserção e desenvolvimento social e econômico para os municípios. Espero que os encontros com os gestores, prefeitos, secretários e diretores de centros culturais, possam trazer algumas ideias para ajudar a pensar em novas estratégias de desenvolvimento para Contagem”, comentou o adido francês em Minas Gerais, Vincent Nédélec.
A primeira parada foi a cidade de Lille, capital da região de Hauts-de-France, no norte da França. Na cidade a comitiva conheceu a Maison Folie de Wazemmes, um espaço cultural inaugurado em 2004, quando Lille foi eleita a capital Europeia da Cultura. No prédio que na atualidade abriga o museu, no passado serviu como espaço para uma tecelagem. O local agora é administrado, diretamente, pela prefeitura por meio da Secretaria de Cultura.
No segundo destino, em Lens, capital do Altos da França, localizada no norte do país, a comitiva encontrou uma cidade que no passado privilegiou a extração mineral do carvão, mas vive um presente bem diferente com a modernização urbanística realizada para dar espaço a exploração de novas atividades econômicas e sociais com viés cultural. A cidade abriga uma “filial” do Museu Louvre, o Louvre-Lens, construído em um terreno onde, antes, existiam minas de carvão abandonadas há mais de meio século.
O Louvre-Lens guarda um acervo rico de peças de grande valor material e cultural. Sua construção promoveu a democratização do acesso à cultura na cidade e favorecendo, inclusive, a economia com geração de mais de 6 mil postos de empregos na região, que recebe aproximadamente 500 mil visitantes por mês.
Na sequência, a comitiva seguiu para Rennes, localizada no oeste francês, a capital da região da Bretanha, a 350 km de Paris. Uma cidade com quase 220 mil habitantes que foi remodelada para integrar de maneira harmoniosa o meio urbano e o meio ambiente, por projetos socioambientais e de urbanismo.
A comitiva conheceu os novos bairros, construídos na perspectiva de integração das pessoas com a preservação ambiental. Na cidade, medidas foram tomadas como menos carros nas ruas, conjuntos habitacionais construídos que integram famílias de diversas realidades socioeconômicas e a descentralização dos serviços para que fiquem mais próximos da população, independente dos diversos níveis sociais.
Em mobilidade urbana, o município destaca-se por inovar ao fazer o controle do fluxo de carros no perímetro urbano central, priorizando o trânsito de pedestres e ciclistas.
Em Rennes, um dos destaque observados pela comitiva foi também o projeto de tratamento dado aos córregos e rios para que no período de chuvas, as águas não destruíssem os bens materiais e, principalmente, as vidas. O projeto se assemelha com o que é feito nas bacias de contenção de cheias projetadas em algumas áreas com risco de inundação em Contagem.
Ainda na cidade, a comitiva conheceu o Prairies Saint-Martin, um enorme parque natural localizado na região central, às margens do Ille – um rio que cruza a cidade. O parque foi construído para acolher as águas e evitar que a enchente invada as casas e o comércio da região.
“Esse é um dos grandes desafios do nosso tempo: avançar no desenvolvimento urbano preservando o meio ambiente, uma pauta com a qual tenho muita preocupação e que fiz questão de aprofundar e conhecer de perto os avanços que os franceses têm para mostrar”, declarou a prefeita de Contagem durante a visita a estes espaços em Rennes.
Às margens do rio Loire, na região Oeste da França, a comitiva chegou a Nantes, a sexta maior cidade francesa. Com seu passado industrial com fábricas de biscoitos e a atracação de navios em seu porto, Nantes viu sua identidade mudar nos últimos 30 anos com o encerramento dessas atividades econômicas. Localizada a 385 km de Paris, a cidade se reinventou conjugando cultura e turismo.
Em dos pontos famosos de Nantes, a Ilha das Máquinas, a comitiva conheceu um projeto que transformou um antigo estaleiro naval, cedido pela Prefeitura, em um mundo de fantasia, com máquinas incríveis que simulam animais, pessoas e monstros, criados a partir de desenhos de Leonardo da Vinci e de Júlio Verne, filho ilustre da cidade e autor do famoso livro, Viagem ao Mundo em 80 Dias.
Antes de retornar a Contagem, a comitiva passou por Paris, onde visitou o Atelier des Lumières, um centro de arte digital criado em uma fundição do século XIX restaurada. No local são realizadas exposições digitais com projeções, no chão e nas paredes com mais de 10 metros de altura, das obras de grandes nomes da história da arte. Na oportunidade estavam em cartaz as exposições “Dalí, o enigma sem fim”, trazendo a obra do surrealista espanhol Salvador Dalí e a mostra “O arquiteto do imaginário”, com obras do também espanhol, Antoni Gaudí.
“Essa viagem fortaleceu ainda mais a minha convicção do papel da cultura e da arte. Por elas, conhecemos a história da humanidade. Sentimos as angústias, as alegrias dos nossos antepassados. Ela eterniza valores, comportamentos e pessoas de reconhecida importância. A arte e a cultura fazem renascer identidades perdidas, cria laços. Ela também dinamiza fortemente a economia com geração de empregos, renda e arrecadação estatal. Acredito que a aproximação de Contagem com cidades francesas é o início de uma parceria”, pontuou a prefeita Marília Campos ao final da viagem de missão oficial.