A produção cinematográfica de Tony Vieira, um dos grandes nomes do audiovisual mineiro, é o centro da exposição “Cinema da Boca”, aberta ao público desde o dia 15 de maio, na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte. A mostra apresenta peças do acervo do cineasta e do Movimento Cinema da Boca do Lixo, celebrando um importante marco na preservação da memória cultural da região.
Realizada em parceria com o Museu da Imagem e do Som de Belo Horizonte e a Prefeitura de Contagem, a exposição é promovida pelo Acervo Imagens de Minas, com apoio da Escola de Belas Artes da UFMG. Entre os itens expostos estão figurinos, cartazes de filmes e um documentário inédito, produzido especialmente para o evento, que contextualiza a trajetória de Tony Vieira e a importância do movimento cinematográfico que ele ajudou a construir.
A iniciativa integra um projeto maior de conservação preventiva e restauração do acervo de Tony Vieira, formalizado por meio de uma parceria entre a UFMG e a Prefeitura de Contagem. A assinatura do acordo ocorreu em março, na Casa de Cultura Nair Mendes com a presença da diretora de Memória e Patrimônio da Secretaria Municipal de Cultura (Secult), Gabriele Vaz, e da professora doutora Jussara Vitória de Freitas, que coordena os trabalhos.
O destaque da iniciativa é o intercâmbio entre a universidade e o poder público, permitindo que estudantes da UFMG apliquem seus conhecimentos técnicos na prática, fortalecendo sua formação acadêmica e contribuindo para a valorização do patrimônio histórico de Contagem. “Este acervo foi muito importante porque possibilitou atividades de extensão universitária. É um trabalho muito rico de restauração e concepção de uma exposição”, destacou a professora Jussara. Ela também ressaltou a importância histórica da coleção: “A importância desse trabalho é resgatar uma coleção fundamental para a história de Contagem e da produção audiovisual mineira. Tony Vieira foi uma figura enigmática, muito importante, que deixou uma trajetória de produção única”.
Com mais de 60 itens, entre registros audiovisuais, pôsteres, cartazes e objetos pessoais, o acervo foi previamente inventariado pela Gerência de Museologia, Arquivologia e Bens Patrimoniais da Secult Contagem. Todo o material passará por processos técnicos especializados para garantir sua preservação e futura integração ao patrimônio museológico do Cine Teatro Municipal.
O projeto também prevê a realização de um evento de devolução simbólica do acervo restaurado, intitulado “Conservação e Extroversão da Coleção do Cineasta Tony Vieira e do Movimento Cinema Boca do Lixo”, promovendo a disseminação científica e cultural do conteúdo recuperado.
Sobre Tony Vieira
Nascido em Dores do Indaiá (MG) em 1937, Mauri de Oliveira Queiroz, conhecido artisticamente como Tony Vieira, iniciou sua carreira ainda criança ao integrar uma trupe circense. Atuou no teatro amador e na TV Itacolomi, em Belo Horizonte, antes de se mudar para São Paulo, onde participou de novelas nas TVs Excelsior e Tupi.
Foi no cinema, no entanto, que Tony Vieira encontrou seu lugar definitivo. Diretor, roteirista, ator e produtor, ele realizou mais de 30 filmes e se tornou um dos principais expoentes do Cinema da Boca do Lixo, movimento que marcou a produção nacional com filmes de faroeste, policiais e pornochanchadas.
Tony Vieira viveu em Contagem até seu falecimento, em 1990, aos 52 anos. Seu legado permanece vivo e pulsante, agora ainda mais acessível ao público por meio desta exposição que busca reconhecer sua contribuição à cultura mineira e brasileira.