Muito emocionada, com lágrimas nos olhos, Elisete Dias do Vale comemora sua reabilitação total da Covid-19 após ter ficado 21 dias internada no Hospital Municipal de Contagem - HMC no mês de março deste ano. Ela, que é moradora do bairro Amazonas, ao procurar atendimento, chegou muito mal na UPA JK e precisou ser transferida rapidamente para a UTI do HMC ficando 11 dias entubada.
Elisete precisou lutar muito para se recuperar da doença. Fez um longo tratamento pós-Covid no SUS por meio do Projeto Respirar Contagem, oferecido no Centro de Atenção Especializada Iria Diniz, e teve alta, recentemente, já conseguindo praticar atividade física regular. O projeto oferta a reabilitação respiratória, por meio da participação de uma série de profissionais de saúde, coordenada por fisioterapeutas.
“Quando retiraram o tubo, fui lutando para respirar sozinha sem as máquinas e consegui. Passaram mais uns dias e tive alta. Saí do hospital praticamente sem andar, sem falar, sem conseguir comer por causa da garganta machucada com o tubo. Ficava sentada em casa e pensava: - Meu Deus será que vou conseguir ser eu novamente. Precisei voltar três vezes ao hospital com pânico de não conseguir respirar, foi aí que me indicaram a fisioterapia respiratória e minha vida mudou”, contou.
Após concluir o processo de reabilitação, Elisete já está praticando corrida na rua. “Primeiro você não acredita que vai se reerguer, mas com o atendimento que tive de bons profissionais saio com a vitória. Estes trabalhadores do SUS, tanto os médicos, enfermeiros e toda a equipe de multiprofissionais fazem de tudo para a gente voltar. Estou aqui contando minha história graças a Deus e aos cuidados recebidos”, afirmou.
Projeto Respirar Contagem
O Projeto Respirar Contagem é realizado no Centro de Atenção Especializada Iria Diniz, sob os cuidados das fisioterapeutas Isabella Diniz Faria e Cinthia Santana. Em 2018, por meio de uma parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, e após capacitação com o professor Marcelo Velloso, nasceu o projeto que foi bem estruturado desde então. Com a pandemia em 2020, ele foi aprimorado e adaptado, se tornando fundamental na reabilitação dos pacientes pós-Covid.
Segundo a fisioterapeuta Isabella Diniz, o programa de reabilitação pulmonar atua principalmente com o treinamento físico, educação e mudança de comportamento. “Os pacientes fazem atividades físicas, aeróbicas e de força, de forma individualizada com o nosso acompanhamento. O programa dura entre 8 e 12 semanas e os pacientes são avaliados criteriosamente no início, durante e após as intervenções. Muitos chegam aqui com diversas sequelas tais como falta de ar, dispneia, fadiga e fraqueza muscular e descondicionamento físico, e com o tempo recebem alta. Como foi o caso da Elisete”, explicou.
O paciente Fernando Raimundo também ficou em estado grave após contrair a Covid-19 em maio deste ano. Ele começou a reabilitação no Iria Diniz por meio do Respirar Contagem no início de setembro e sua expectativa é sair 100%. “Achava que estava bem, mas ao chegar aqui vi que continuo muito cansado ao fazer esforço físico. Está sendo ótimo para mim o tratamento; quero continuar e sair totalmente recuperado”, disse.
Para ter acesso ao Projeto Respirar do Centro de Atenção Especializada Iria Diniz é preciso passar primeiro pela Unidade Básica de Saúde - UBS para ser encaminhado.
Para conscientizar e divulgar informações sobre reabilitação pulmonar, as fisioterapeutas do Projeto Respirar Contagem criaram um perfil no instagram @reabpulmonar.contagem.
Tratamento pós-Covid
De acordo com o último boletim de monitoramento da Covid-19 (10/09), Contagem tem 44.058 casos recuperados. Conforme explica a diretora de Atenção Especializada, Júlia Diniz Baptista, no SUS Contagem, os pacientes que tiveram casos leves de Covid-19 e tiveram alguma sequela são acompanhados na Atenção Primária por equipe multidisciplinar (fonoaudiologia, nutrição, terapia ocupacional, psicologia, fisioterapia) e o acesso se dá pela Unidade Básica de Saúde - UBS. “Já os casos moderados a graves são atendidos no Centro de Atenção Especializada pela Fisioterapia Respiratória ou pelo Serviço de Atenção Domiciliar em casos de desospitalização domiciliar e pacientes em uso de oxigenioterapia. Como a Covid é uma doença muito nova, temos pouca literatura a respeito da síndrome pós-Covid. Para ampliarmos nossa capacidade de atendimento, também temos fomentado formações para a rede de atenção primária para identificação desta síndrome”, afirmou.