A luta pela dignidade e pelos direitos das pessoas com sofrimento psíquico e por um modelo de cuidado que valoriza a liberdade e a inclusão ganhou reforço durante o ato municipal em comemoração ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, celebrado em 18 de maio. Realizado pela Secretaria de Saúde de Contagem, o evento ocorreu nesta quarta-feira (7/5) no Espaço Popular do Eldorado e contou com usuários, pacientes e profissionais da rede de saúde mental.
O movimento tem como objetivo fortalecer o modelo de cuidado em saúde mental, priorizando o cuidado em liberdade na rede de atenção psicossocial. “A luta antimanicomial é uma luta política, não da política partidária, mas da política como exercício de construção coletiva. Aqui, somos um coletivo forte e, a partir desta luta, é possível criticar e rever conceitos, propor soluções novas, reinventar a clínica e a própria política para fazer caber a loucura no espaço social, que cabe todo mundo”, diz o texto de abertura do evento.
A superintendente de Redes de Atenção à Saúde, Júlia Diniz, falou da importância de ocupar os espaços da sociedade. “Este é um dia para celebrar e festejar. E nunca se esquecer de que temos que lutar cotidianamente para garantir que todos estejam nesse espaço. Nós podemos estar nos espaços que quisermos. Nesse sentido, a Secretaria de Saúde de Contagem está aqui dando suporte e tem muita satisfação em poder promover, anualmente, essa festa bonita e, diariamente, o cuidado e liberdade”.
Simbolizando liberdade, inclusão, saúde, arte e respeito às diferenças, o encontro teve o usuário como protagonista. Além de proporcionar atividades diferentes a eles, o momento contou com exposições, apresentações musicais, poemas, teatros, palestras e depoimentos.
O ato municipal em comemoração ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial reuniu várias pessoas pela causa no Espaço Popular do Eldorado
Fotos: Fábio Silva / PMC
Renato Teixeira, que atualmente faz tratamento no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) Sede, contou que já participou de outros eventos de luta antimanicomial e que continua lutando por mais dignidade e respeito. “É com muito orgulho e satisfação que represento tantas pessoas que sofrem com preconceitos por ter problemas mentais. Eu já perdi vários amigos, porque não tiveram apoio. São pessoas doentes, são pessoas que necessitam de carinho e respeito. Sei que pode ser difícil compreender essa situação, mas nós precisamos de atenção, amor e carinho, o que encontramos hoje em nossas unidades em Contagem”.
José Milton, usuário do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD), também participou do evento e emocionou os presentes ao recitar uma poesia em homenagem ao Dia das Mães, ressaltando a importância materna na vida do ser humano e como esse olhar terno é essencial em todas as idades.
Ele falou ainda que o evento permite que as pessoas enxerguem os pacientes de saúde mental sem preconceito. “É fundamental para que as outras pessoas vejam, principalmente, as pessoas orgulhosas, que tratam o usuário de droga ou de bebida com falta de respeito. Na verdade, essa pessoa está doente e precisa de ajuda. E foi por isso que eu procurei o CAPS, onde fui acolhido e sou muito bem tratado”.
Por fim, foi enfatizado que a luta pelos direitos e pela liberdade deve ser permanente e deve estar presente no dia a dia da população. “Todos os anos, nós nos reunimos aqui em Contagem e também em Belo Horizonte para celebrar esse momento. E, mais uma vez, estamos aqui para lembrar a todos sobre o direito ao tratamento em liberdade. Fiquei muito emocionada ao ver alguns usuários atuando no mercado de trabalho, felizes e exercendo a cidadania, que é um direito de todos”, concluiu a diretora de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas, Patrícia Chompré.
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