Diferenciar um lixão de um aterro sanitário é, ainda, uma grande dificuldade para a população em geral. À primeira vista, podem ter semelhanças. No entanto, trata-se de duas estruturas muito diferentes, sendo o aterro sanitário a opção adequada para a destinação correta dos resíduos. Em Contagem, a gestão municipal trabalha para o descarte consciente e segue à risca as legislações e normas técnicas nacionais e da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM).
Gerido pela Secretaria de Obras e Serviços Urbanos, o aterro sanitário de Contagem é um empreendimento valoroso na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) devido à sua localização e modo de operação. De acordo com a subsecretária de Serviços Urbanos, Izabel Chiodi, o aterro, localizado na avenida Helena de Vasconcelos Costa, no bairro Perobas, é um exemplo a ser seguido. “Além de possuir as licenças ambientais requeridas para funcionamento, o aterro está posicionado de maneira estratégica na área central da cidade, o que permite fácil acesso à todas as regionais, permitindo assim reduzir o custo com a coleta de lixo. Portanto, possui uma logística apropriada e benéfica a cidade”, afirmou.
Izabel explicou que são investidos cerca de R$ 800 mil mensais para operação do aterro sanitário. “Se compararmos com outros municípios da RMBH, conseguimos ver diferença nos valores. Afinal, o preço médio para tonelada tratada nos aterros de mesma classe na região é de R$ 93,39, enquanto o custo do aterro em Contagem é de R$ 22,37 por tonelada tratada”, enfatizou.
O aterro sanitário implantado na cidade é do tipo superfície, executado progressivamente por meio de plataformas superpostas com altura de cinco metros, interceptado por bermas com largura de três metros e com impermeabilização do solo, rede de drenagem de chorume e águas pluviais, além de drenagem e queima controlada do biogás.
VIDA ÚTIL
Apesar dos benefícios que o aterro sanitário traz ao município e sua população, ele tem uma vida útil e precisa ser preservado. De acordo com dados de instituições ambientais, todo aterro possui aproximadamente vida útil de 30 anos.
Quando o aterro esgota sua capacidade, é preciso fechá-lo e providenciar medidas como o reflorestamento, para diminuir os impactos ambientais. Depois de encerradas as operações, gás e chorume continuam sendo gerados por pelo menos 15 anos, o que impede que o solo seja utilizado para outros fins, como edificações. Para se ter uma ideia, Contagem gerou e dispôs adequadamente no seu aterro sanitário 300 milhões 300 mil quilos de resíduos em 2020.
A subsecretaria Izabel Chiodi ressaltou que pequenas ações diárias podem contribuir muito para ampliar a vida útil do aterro. “Se houver uma participação massiva da população e essa reduzir em 30% o seu descarte de materiais, podemos estender a sua vida útil, que hoje é de mais 7 anos conforme o projeto. Há comprovação que no mínimo 30% dos resíduos que hoje chegam ao aterro são recicláveis, reutilizáveis e reaproveitáveis, logo depende de cada morador ou moradora do município primeiro repensar o consumo, depois separar esse tipo de material e não colocar na coleta tradicional”, explicou.
SUSTENTABILIDADE
O tratamento dado ao lixo no aterro gera gases devido a decomposição do material orgânico e líquido percolado (chorume). Para o tratamento do chorume, a Prefeitura tem uma parceria com a Companhia de Saneamento de Minas Gerais - Copasa.
“Todo o chorume gerado pelo resíduo disposto no aterro é coletado por meio de uma rede de drenagem e do interceptor de esgotos é conduzido para a Estação de Tratamento de Esgoto – Ribeirão do Onça. Em troca, a Copasa envia para o aterro todo o lodo gerado na estação de tratamento. Desta maneira se fecham os ciclos e tornam os empreendimentos mais sustentáveis sob o ponto de vista ambiental”, destacou a subsecretária.
ATERROS
Um aterro sanitário é uma obra de engenharia complexa, projetada sob critérios técnicos, cuja finalidade é garantir a disposição dos resíduos sólidos urbanos sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente. É um consenso entre os especialistas que essa tecnologia é considerada uma das técnicas mais eficientes e seguras de destinação de resíduos sólidos, pois permite um controle do processo e quase sempre apresenta a melhor relação custo-benefício. Enquanto isso, o lixão é um vazadouro a céu aberto, sem controle ambiental e nenhum tratamento ao lixo, que polui o solo, o ar e a água onde os resíduos são amontoados em grandes espaços a céu aberto. Os lixões geralmente ficam longe dos centros urbanos, apresentando-se como uma falsa solução à população (inclusive, muitos lixões são clandestinos).
Os aterros sanitários, portanto, são estabelecimentos de extrema importância para os municípios, pois permitem que todo o resíduo com característica domiciliar que é coletado de porta a porta ou em vias públicas da cidade tenha uma destinação apropriada. Um aterro sanitário bem operado, como é o caso, evita a contaminação da água, do lençol freático, do ar, do solo, e a proliferação de vetores de doenças, como moscas, mosquitos, escorpiões, baratas e ratos, dentre outros.
Estagiário Cezar Gomes sob supervisão do repórter Yuri Soares