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Prefeitura Municipal de Contagem
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AGO
16
16 AGO 2019
CULTURA
REGIONAL RESSACA
"Há um grupo de pessoas muito talentosas de Contagem que está levando o nome da cidade para muitos outros lugares"
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Contagem foi cenário do longa-metragem “No coração do mundo”, escrito e dirigido pelos cineastas contagenses Gabriel Martins e Maurilio Martins, da produtora Filmes de Plástico. Os dois já atuaram juntos em outros projetos audiovisuais, acumulando prêmios e projetando Contagem pelo mundo afora. Em entrevista concedida na praça Marco Antônio do Espírito Santo, conhecida como pracinha do Laguna, bairro da regional Ressaca, eles abordaram temas como o olhar da periferia, preconceito e a importância das políticas públicas para a sétima arte.

Em 2018, movimentos como o “#OscarsSoWhite” questionaram a composição do júri da Academia e o próprio conceito do “filme de Oscar”. Como esses questionamentos perpassam o “No coração do mundo”?

Gabriel: O filme nasce como um projeto que desafia um certo status quo, porque o cinema é tradicionalmente elitista no Brasil, sempre foi e ainda é, em sua maioria. O lugar de onde a gente vem, a periferia, é o lugar de onde vem a maior parte das pessoas deste país. E nós, que viemos de um lugar que não é o tradicional no fazer cinema, que viemos de outra origem, ainda somos uma exceção. Nós somos uma produtora que é uma exceção. Então, “No coração do mundo” já nasce como um processo de resistência. Tudo o que a gente coloca na tela é consequência disso, da nossa história de vida, de como a gente pensa o mundo, não por sermos daqui, mas por termos vivido aqui e construído um olhar crítico para o mundo. Então, a gente está tentando apresentar o bairro (Laguna), a nossa história e a história das pessoas de uma forma que a gente acredita que seja justa e que está em falta no cinema. Nossa forma de olhar para cá é diferente.

A exemplo de filmes como “Baronesa” (de Juliana Antunes) e “Temporada” (de André Novais, também da Filmes de Plástico), “No coração do mundo” apresenta uma narrativa muito verossímil, com personagens marcados pela estética das minorias. Em que medida isso é inspirado em vivências pessoais de vocês ou em enredos fictícios?

Maurilio: É um susto por parte das pessoas, porque essas vozes, da forma como foram colocadas, nunca estiveram ali, ou estiveram poucas vezes. Falando especificamente de “No coração do mundo”, é importante não confundir o filme com um documentário e não dar ao filme uma conotação documental. Esse filme é completamente ficcional. Tem uma estrutura ficcional ali que é pouco louvada. Uma das casas mostradas no filme foi toda construída para o longa. Ali tem um trabalho de direção de arte, de um pensamento cinematográfico, artístico, uma fabulação do es-paço. Aquele espaço é baseado nas nossas vivências, nas coisas com as quais Gabriel e eu crescemos, nessa vizinhança, que está aqui no entorno, mas é fruto de um esforço de um pensamento cinematográfico... O “No coração do mundo” é uma peça de ficção, pensada, amplamente discutida e com um trabalho refinado de som, de direção de arte, de fotografia, de direção de elenco, com um elenco refinado. Isso sim é o que confere essa verossimilhança, para nós, uma coisa maravilhosa. Nós conseguimos. Mas conseguimos a partir disso, de todo esse trabalho, e não porque isso já estava pronto.

Qual a importância das políticas públicas para a produção audiovisual no país?

Maurilio: As políticas públicas são fundamentais. Pense no caso do Recôncavo Baiano: quando a gente ia poder falar que existe um cinema, não uma ou duas pessoas, mas um movimento de pessoas fazendo cinema no Recôncavo Baiano? E ele existe, primeiro porque foi para lá uma universidade federal, que oferta um curso de cinema. Esse curso de cinema começa a formar pessoas, cabeças pensantes que depois formam um movimento e começam a fazer filmes que, por sua vez, alcançam outros lugares no mundo. Isso é fato. As políticas públicas existem não para que Gabriel e Maurilio tenham dinheiro para fazer filme, mas para a formação de base, a formação como um todo. E aí, automaticamente, você começa a sair do eixo Rio-São Paulo.

Nos últimos dois anos, diretores oriundos de Contagem destacaram-se no cenário nacional audiovisual. Podemos dizer que o Município se tornou uma referência em cinema?

Gabriel: Há um grupo de pessoas muito talentosas daqui de Contagem, não só na área de cinema, que está tendo muita repercussão fora e levando o nome de Contagem para muitos outros lugares. Hoje, muita gente que é do cinema brasileiro conhece Contagem porque viu nossos curtas. A gente tem muito orgulho de Contagem, principalmente deste bairro, com o qual temos uma relação profunda. A gente está filmando aqui, mas a gente não tem obrigação de fazê-lo. Nós o fizemos porque gostamos daqui, porque nossas famílias estão aqui, porque aqui é um bairro que tem histórias maravilhosas. Porque nascemos e crescemos aqui. Mas eu acho que essas coisas só se potencializam a partir do momento em que há investimentos.

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