O primeiro dia do Congresso Mineiro de Direitos Humanos e da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha foi de muita informação e aprendizado, na OAB Contagem. Dezenas de pessoas assistiram às palestras de profissionais renomados, debates, apresentações artísticas e se deliciaram com as comidas típicas a Feira Afro. O evento é uma realização da OAB Subseção Contagem, juntamente com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, por meio das superintendências de Políticas Públicas para as Mulheres e de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
O congresso objetiva fomentar o conhecimento e a conscientização da população sobre a violência obstétrica enquanto violação dos Direitos Humanos, além de debater sobre a representatividade das mulheres negras na sociedade brasileira e os diversos aspectos da vida nos quais são submetidas, seja politicamente, socialmente, culturalmente ou economicamente. De acordo com a presidente da Comissão da Promoção da Igualdade Racial da OAB Contagem e idealizadora do congresso, Daphinne Nogueira, a expectativa para o evento é a melhor possível. “Podemos ver que o público tem interesse em assistir a esse tipo de palestra, falar e debater sobre esse tipo de assunto. Discutir e informar as pessoas quanto esse tema é necessário, porém, não temos uma ampla divulgação, por isso, senti a necessidade de realizar o congresso”, esclareceu.
A primeira-dama, Luciana de Freitas, esteve no evento e fez uma alusão ao 24 de julho como um dia histórico para a cidade. " O congresso é um marco para Contagem e o Brasil, para que possam avançar nessa questão. É visível o extrato político cultural patriarcado que vigora em nossa cidade. Não há outro caminho que não seja deixar para trás esse legado que aprisiona todos nós. Aqui, em Contagem, encaramos o problema. A Prefeitura, por meio da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania, mantém o Espaço Bem-Me-Quero e, por mês, são atendidas mais de 100 mulheres vítimas de violência, oferecendo-as serviços social e jurídico gratuito. Estou à disposição e o que eu puder contribuir, contem comigo”, destacou.
O secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Marcelo Lino, falou da importância de dialogar sobre o assunto. “Esse evento mostra que temos coragem, vontade, desejo e a capacidade de nos mobilizarmos para conversarmos temas que precisam ser falados. Temas esses que não podem ficar escondidos e ficar naturalizados na nossa sociedade. Aqui em Contagem, no governo do prefeito Alex, não temos medo do debate, de conversar com a população e de colocar os assuntos em pauta, sobretudo, porque temos um comandante forte e que exige de nós a capacidade de gestão, possibilidade de ação e a capacitação de produzir o que a sociedade moderna mais precisa: que é a convergência social”, disse Lino.
Uma das palestras realizadas no primeiro dia do Congresso, ministrada pela enfermeira especialista em obstetrícia, Josilene Fernandes, foi sobre procedimentos no atendimento e práticas médicas e hospitalares - que configuram violência obstétrica - e a importância da humanização na obstetrícia. “O foco é entendermos como o parto chegou nesse modelo de assistência, o porquê chegou e o que podemos fazer para voltarmos no que é normal, como uma experiência mais humana. Quando falamos de seres humanos, no mínimo, as coisas têm que ser humanas. É triste uma mãe falar que quer um parto humanizado, pois significa que eles não são. Precisamos restaurar uma forma de nascer segura e satisfatória e isso é possível”, enfatiza.
A psicóloga e superintendente de Políticas Públicas para Mulheres do Município de Contagem, Gê Nogueira, ministrou sobre a violência obstétrica como forma de agressão e tortura física, psicológica e psíquica. De acordo com a palestrante, 65,9% das mulheres que sofrem violência obstétrica são negras. “Uma das coisas que a violência obstétrica causa à mulher, além do trauma, é a depressão e/ou ansiedade. Com isso, ela pode ter várias perdas como a baixa autoestima, não exercer bem a maternidade em função da dor e do que sofreu durante o parto. Essa violência faz com que muitas mulheres não queiram ser mãe novamente, outras desenvolvem fobia por hospital, dentre vários outros sintomas”.
Confira a programação para dos próximos:
26/07 - Painel II - A Representatividade da Mulher Negra na Sociedade Brasileira
Local: OAB Contagem (R. Edmir Leão, 454 – Centro, Contagem)
18h30 – Credenciamento
19h – Composição de mesa e apresentação artística: Reverência Santa Sara Kalli com Claudia Mayla e Luigy Martinez
19h30 - Mulheres Negras e violência doméstica: A luta pela garantia dos Direitos Humanos
Dalila Reis: Professora, bacharel em Letras; Assessora da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania e da Superintendência de Políticas para Mulheres do Município de Contagem; Secretária Geral do Comitê de Enfrentamento à Violência de Contagem.
20h10 – Intervalo – Feira Afro de Contagem
20h30 – Apresentação artística: Grupo de Dança Afro
20h40 - Mulheres Negras periféricas e a representatividade das Mulheres Negras na política
Andréia de Jesus - Advogada e Deputada Estadual da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais.
21h20 – A Saúde da Mulher Negra
Zenó Soares - Cientista política, presidenta da Dreminas; Associação de pessoas com doença falciforme do estado de Minas Gerais; Coordenadora Geral da Federação Nacional de Associações de pessoas com doença falciforme; Membro do comitê técnico de saúde da população negra do estado de Minas Gerais; Conselheira Municipal de Igualdade Racial de Contagem e Membro do Conselho Curador da Fundação Hemominas.
27/07 – Prêmio Efigênia Francisca e Festa de Santana
Local: Comunidade Ciriacos: Rua dos Balneários, 240, Novo Progresso, Contagem
Horário: 19h
28/07 – Cortejo em homenagem à Senhora Santana
Local: Rua Rio Manaus, 169, Riacho das Pedras, Contagem
9h - Acolhida das Guardas
10h30 – Concentração e Formação do Cortejo
11h – Louvação à Sant´Ana e Saída do Cortejo
11h30 – Início das Apresentações Culturais
12h - Chegada do Cortejo
12h30 – Almoço das Guardas
17h – Encerramento
Mais informações: Superintendência de Promoção da Igualdade Racial de Contagem
Tel.: 3398-4268