Profissionais da Saúde de Contagem participaram na quinta-feira (4), no auditório da Nova Faculdade, do seminário Doença Falciforme – Conhecer para Cuidar, promovido pelo Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina da UFMG, com apoio da Secretaria Municipal de Saúde e da Associação de Pessoas com Doença Falciforme e Talassemia de Minas Gerais (Dreminas).
O objetivo do evento foi capacitar os profissionais no atendimento a portadores da Doença Falciforme, que atinge majoritariamente a população afrodescendente (95%). “É uma forma de sensibilizar o profissional para o enfrentamento e combate às situações de racismo vivenciadas pelas pessoas com doença falciforme”, afirma Janaina Neres, pedagoga do Nupad e especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional.
“As áreas técnicas precisam ter conhecimento para garantir o acesso na ponta do atendimento. Por isso, o nome do seminário: Conhecer para Cuidar”, observa a presidenta da Dreminas, Maria Zenó Soares da Silva. “É o conhecimento que faz o bom acolhimento. Temos um diálogo muito bom com a Secretaria para construir esse fluxo.”
Segundo a Dreminas, Contagem tem 254 pessoas com Doença Falciforme. A maioria (54%) é do sexo feminino, e há predominância na faixa etária de 11 a 24 anos. As regionais com maior incidência da doença são Ressaca, Eldorado e Industrial.
Em busca de conhecimento
Fisioterapeuta do Centro Especializado em Reabilitação (CER IV), Camila Ribeiro de Matos, mesmo de férias, fez questão de participar do seminário. “Para a minha prática clínica, é muito importante. Na reabilitação, a gente tem de respeitar os limites físicos do paciente e, na graduação, há pouca informação sobre o tema”, comenta. “Vou sair daqui com muita informação a respeito da doença. O seminário está acrescentando muito para mim.”
Dentistas também fizeram parte do público-alvo do seminário. “A Doença Falciforme é pouco divulgada e é importante estarmos abertos a novos conhecimentos”, afirma Aparecida de Oliveira, que atende no Distrito Sanitário de Vargem das Flores. “Como temos procedimentos invasivos, para nós é fundamental saber como lidar com pacientes em controle ou em crise. Às vezes, até o próprio paciente não tem essa informação para passar”, acrescenta a dentista Eliane Alves, também de Vargem das Flores.
O seminário começou com palestra da cientista política Maria Zenó Soares da Silva falando sobre a importância do Controle Social no Enfrentamento e Combate ao Racismo. Em seguida, a enfermeira Ana Maria Viegas falou sobre a Rede de Atenção às pessoas com Doença Falciforme em Contagem. O terceiro tema foi “Racismo Institucional: Desafios para a Equidade na Saúde da População Negra”, apresentado pela ex-secretária estadual de Educação, Macaé Maria Evaristo.
A médica Patrícia Santos Resende Cardoso, hematologista na Fundação Hemominas e no Hospital das Clínicas, falou especificamente sobre a Doença Falciforme. Por fim, Katy Karoline Santos Diniz, mestra em Enfermagem pela UFMG, apresentou o tema “A importância da Equipe Multiprofissional na Atenção Integral à Pessoa com Doença Falciforme”.