No Brasil, o início do ano costuma vir acompanhado por altas temperaturas e chuvas abundantes. E, com o período chuvoso e quente, também acende a luz amarela para o aumento dos casos das chamadas arboviroses, doenças causadas por vírus transmitidos por insetos, como mosquitos e carrapatos. É que o verão é uma época propícia para que o mosquito Aedes encontre locais que acumulam água para colocar seus ovos. Por isso mesmo, o verão também é a época de maior risco de infecção por Dengue, Zika, Chikungunya e Febre Amarela. Eliminar possíveis criadouros do mosquito é fundamental para a redução e o controle das infecções por arbovírus.
O município de Contagem possui um programa de monitoramento do Aedes aegypti e do Aedes albopictus por meio de um conjunto de ações que permitem identificar áreas de maior incidência dos mosquitos e, com base nos dados coletados, agir precisamente nos locais onde as informações indicam ser necessário, para eliminar possíveis criatórios do mosquito.
Atualmente, 100% do território da cidade estão cobertos pelas armadilhas chamadas Ovitrampas, que têm o objetivo de atrair as fêmeas do mosquito para que coloquem os ovos ali. São 517 armadilhas desse tipo, preparadas no Laboratório de Entomologia/Ovitrampas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Depois de preparadas, as armadilhas são instaladas em pontos estratégicos do município, cobrindo, cada uma, um raio de 200 metros. O monitoramento delas é constante, em ciclos quinzenais: na primeira semana, a armadilha é instalada, para que as fêmeas coloquem seus ovos. Na segunda semana, a armadilha é recolhida para contagem dos ovos e, com base na quantidade de ovos encontrada, ou na ausência deles, os técnicos podem programar mutirões localizados de limpeza, promover visitas em imóveis e orientar a população quanto à correta destinação dos objetos que podem se tornar criadouros nos locais específicos indicados pelo monitoramento.
Em torno de 200 pessoas estão envolvidas direta ou indiretamente no projeto Ovitrampas, que teve início em outubro de 2017 e conta com o trabalho de veterinários, biólogos, técnicos da Funasa, supervisores de campo e Agentes de Combate às Endemias (ACE). Graças a esse trabalho, o combate ao mosquito no município está avançando, como mostram os dados do início do ano: em janeiro de 2019, houve no município uma redução média de 26,9% na quantidade de ovos do Aedes encontrada no segundo ciclo do monitoramento quinzenal (segunda quinzena do mês). O motivo é que, a partir dos dados encontrados na contagem de ovos do primeiro ciclo (primeira quinzena do mês), os técnicos puderam indicar exatamente onde os agentes deveriam atuar para promover a eliminação dos possíveis criatórios do mosquito.
O veterinário na Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses (UVZ) e coordenador do setor de Ovitrampas, Marco Túlio de Oliveira, comenta o êxito da estratégia: “Quando desencadeamos uma ação de pente-fino, a gente nota no ciclo seguinte uma redução significativa dos ovos. As armadilhas sinalizam onde está o problema. Desde o início do programa, vimos observamos uma redução do número de vetores. Graças ao monitoramento, podemos desencadear nas áreas todos os agentes para o pente-fino nos raios com maior incidência de ovos. Também estamos desenvolvendo outras armadilhas, como um dispersor de inseticida. Em Contagem, temos três tipos de armadilhas associadas, para controlar o vetor”.