A Prefeitura de Contagem lançou, recentemente, a ferramenta “Ilhas de Calor em Contagem”, uma plataforma digital inédita que permite mapear as áreas mais quentes do município e avaliar os impactos da emergência climática sobre a população. A iniciativa coloca Contagem como pioneira na gestão climática na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), oferecendo dados estratégicos para realizar políticas públicas de saúde, meio ambiente e planejamento urbano. A ferramenta pode ser acessada AQUI.
Por estar inserida em uma região densamente urbanizada, Contagem, assim como outros centros, é vulnerável ao fenômeno das ilhas de calor, áreas onde as temperaturas são significativamente mais altas devido à concentração de estruturas urbanas como asfalto, telhados metálicos e grandes galpões, que absorvem e irradiam calor. “Essas condições afetam diretamente a qualidade de vida, aumentam o consumo de energia e potencializam riscos à saúde, especialmente em períodos de ondas de calor”, destacou a geógrafa da Superintendência de Geoprocessamento da Secretaria de Tecnologia da Informação, Nádia Daian.
A ferramenta foi feita baseada em um pedido da Secretaria de Educação ( Seduc). “Apesar de poder ser acessada por qualquer pessoa, o foco foi permitir à Seduc que entendam quais os locais são os mais quentes na cidade, até para saberem como lidar com ondas de calor, que foram presentes em 2024. Com essa ferramenta, os gestores podem elaborar soluções melhores aos alunos, estabelecendo medidas eficazes e adequadas juntos aos estudantes”, contou Nádia.
Como funciona
Para construir a ferramenta, foram utilizadas cinco imagens de satélite Landsat 8 e 9, registradas entre 2024 e 2025, incluindo uma obtida em 2 de outubro de 2024, durante uma forte onda de calor em Minas Gerais. “A temperatura da superfície foi calculada com base na banda termal dos satélites, e todo o processamento foi realizado no software ArcGIS Pro. O resultado foi integrado em uma aplicação interativa desenvolvida com a plataforma Experience Builder, permitindo consulta pública e gratuita”, explicou Nádia.
A visualização é intuitiva: as temperaturas foram classificadas em oito faixas, com cores que variam do frio ao quente, facilitando a identificação das áreas mais críticas. A ferramenta ainda permite comparar diferentes períodos do ano e cruzar os dados com a localização de escolas, unidades de saúde, parques e outros equipamentos públicos, recurso essencial para orientar ações de mitigação e adaptação climática nos territórios mais vulneráveis.
“Quem acessa pode verificar os diferentes tons de vermelho, alcançando valores inferiores a 24ºC e até acima de 48ºC. Desde o início deste ano, há o monitoramento e as bases de imagens são atualizadas mediante a mudança do clima. Esse ano ainda não tivemos onda de calor. Mas há diversos fatores que podem influenciar, como urbanização, desmatamento, fenômenos naturais. Então estamos sempre atentos”, explicou um dos responsáveis pelo desenvolvimento do sistema, o geógrafo Eric Andrade Rezende.
O mapa revela que as maiores concentrações de calor estão ligadas a áreas industriais e centros logísticos das regiões Ressaca, Sede, Eldorado e Industrial, além de pontos com solo exposto e pastagens degradadas. Já as áreas com temperaturas mais baixas se concentram na zona rural do Petrolândia e em parques e manchas verdes espalhadas pelo tecido urbano, evidenciando o papel estratégico da vegetação na regulação térmica da cidade.
Embora os dados não substituam medições oficiais de estações meteorológicas, a ferramenta oferece uma leitura territorial precisa, com resolução de 100 metros, equivalente a um quarteirão, capaz de orientar o planejamento urbano com base em evidências.