O uso de equipamentos tecnológicos tem se mostrado um importante aliado no aprendizado e desenvolvimento social de estudantes da rede municipal de ensino de Contagem. Um bom exemplo são os óculos Colibri, pois funcionam como um mouse controlado pelos movimentos da cabeça e dos olhos.
Na Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida, no Industrial, o uso da tecnologia, aliada às práticas pedagógicas do Atendimento Educacional Especializado (AEE), vem transformando a vida da estudante Alice Vitória da Silva Batista, 10, do quarto ano do ensino fundamental, com diagnóstico de hidrocefalia congênita, paralisia cerebral e deficiência Intelectual.
A partir do uso dos óculos Colibri, associado às atividades desenvolvidas pela professora em sala de aula e do AEE, Alice passou a falar, cantar e a se comunicar muito mais. A avó de Alice, Selma da Silva, comemora os avanços conquistados pela neta e que mudaram a rotina, inclusive, dentro de casa.
“Ela desenvolveu bastante na escola, melhorou muito. Hoje, quando Alice começa a cantar e eu termino a musiquinha, ela dá risada. Antes ela era muito caladinha. Agora consegue falar umas palavrinhas, cantar a musiquinha dela, está bem desenvolvida. A equipe da escola é muito boa e ajudou demais”, disse Selma.
A professora do AEE da E.M. Nossa Senhora Aparecida, Juliana Santana, aponta a parceria com a professora em sala de aula como determinante para o aprendizado da estudante. “Esse desenvolvimento da fala, do diálogo, foi também por meio da tecnologia, da música. A professora dela trabalha muito com música, os coleguinhas cantam com ela. Levamos os óculos para a sala, com apoio da professora, e desde a primeira vez foi algo que ela demonstrou interesse”.
Juliana também destaca a importância de associar os recursos digitais com a aprendizagem, sobretudo diante de um público jovem, desta geração mais tecnológica. “Aqui na escola duas estudantes utilizam os óculos, a Alice e a Esther. A Alice é uma criança apaixonada pela tecnologia. É um equipamento que exige adaptação e tem uma potência muito boa. Pode ser associado a conteúdos específicos dentro de sala de aula, ajuda a acompanhar os conteúdos com o uso de imagens e vídeos. Elas têm muito interesse nesse tipo de recurso, trazer a tecnologia para a aprendizagem delas é muito importante”, reforçou Juliana.
A estudante do AAE Alice Batista usa os óculos Colibri como recurso para sua aprendizagem
Foto: Selena Souza / PMC
Os óculos Colibri funcionam como um mouse de cabeça, são acionados por piscadela e movimentos curtos. Pertencem à linha TIX Tecnologia Assistiva, adquirida pela Secretaria de Educação para dar suporte às atividades das escolas da rede municipal.
O equipamento é voltado a pessoas com limitações físicas e motoras, com dificuldades ou até impossibilidade do uso de computadores ou dispositivos móveis. O dispositivo conta com software integrado e conectividade Bluetooth e capta e processa movimentos da cabeça e gestos faciais através de sensores inerciais e infravermelhos combinados.
Todas as salas de AEE da rede municipal podem utilizar o equipamento nas atividades escolares. As professoras do AEE receberam formação para o uso do equipamento e, aquelas que são novas na rede, contam com suporte da empresa, além do compartilhamento da experiência com outros educadores.
Atendimento Educacional Especializado
A rede municipal de educação de Contagem atende mais de três mil estudantes com deficiência por meio do Atendimento Educacional Especializado (AEE), que visa garantir a inclusão plena e equitativa dos estudantes, respeitando suas individualidades e promovendo uma educação acessível para todos.
Atualmente, 69 Salas de Recursos Multifuncionais (SRM) estão em funcionamento, oferecendo suporte pedagógico complementar e especializado. As salas são equipadas com recursos de tecnologia assistiva, materiais pedagógicos adaptados e estratégias inovadoras que favorecem o processo de ensino e aprendizagem dos estudantes público-alvo da educação especial.
Nas SRMs, as tecnologias assistivas trabalham desde materiais simples e acessíveis, com diferentes texturas, cores, tamanhos e formatos, voltados à estimulação sensorial e à adaptação pedagógica, até tecnologias mais sofisticadas como o sistema TIX.
Os estudantes também contam com uma variedade de materiais pedagógicos acessíveis e adaptados, como plano inclinado; regletes e punções; cadernos com pautas ampliadas; materiais em Libras e Braille; e jogos pedagógicos adaptados como Lego e Blicks.
Os professores que atuam no AEE participam de formações frequentes e periódicas, com foco em temáticas pertinentes ao atendimento do público-alvo da educação especial. Essas formações contribuem diretamente para a eficácia do trabalho pedagógico, promovendo práticas mais inclusivas e alinhadas às necessidades de cada estudante.