Do Tupi-Guarani, Nejur Teçá significa “ver com o coração e falar com respeito”. E foi com a inspiração dos povos originários que o setor de Mediação de Conflitos e Cultura de Paz, da Secretaria de Educação (Seduc), em parceria com a Ouvidoria da Educação, preparou a exposição apresentada no hall da secretaria.
“Nejur Teçá: Um convite para olhar o outro com o coração e falar com respeito” reflete as práticas e experiências desenvolvidas nas escolas para promover a cultura de paz e a resposta não violenta a situações de conflito. Com fotografias, elementos simbólicos e proposições interativas, a montagem é um convite ao público a fazer uma viagem por dimensões e valores ancestrais na escuta e na fala.
A instalação utiliza tecidos, adesivos, PVC, cerâmica e outros materiais para provocar a reflexão e “conexão com o espírito da escuta e um retorno à palavra que cura”. A curadoria é da artista e professora de Arte, Carolina Vilas Boas, e coordenação de Giselle Moreira, do setor de Mediação de Conflitos da Seduc.
“A mediação de conflito, o círculo restaurativo e outras práticas de conversação não violenta, são inspiradas nos povos originários. São eles que primeiro realizaram, e ainda realizam, esse jeito de dialogar do círculo restaurativo, que é todo mundo sentado em roda, as pessoas falando por sua vez”, disse Giselle.
Outros elementos que conectam as práticas de não violência nas escolas à cultura dos povos originários, e que estão presentes na exposição, são a música e a massoterapia, como explicou Giselle. “A música é uma linguagem não violenta, de conexão com o outro, com o sagrado, com a ancestralidade. Usamos a música como uma linguagem para compor o tecido social. E a massoterapia é o cuidado, então vamos cuidar de quem cuida”.
Durante a exposição também será exibido o documentário “Quando o Coração Fala”, gravado na Escola Municipal Padre Joaquim de Souza Silva, na região da Ressaca. No documentário é apresentado um panorama da mediação acontecendo de fato na escola, a percepção dos estudantes e professores.
A Ouvidoria da Educação tem como princípio a escuta, qualificada, ativa, de acolhimento, assim como a mediação de conflitos. Essa parceria também integra a exposição, em que é trabalhada a questão do silêncio de quem escuta, prática muito comum também dos povos originários.
Toda sociedade é feita de diferenças.
Onde há diversidade, há também o conflito o atrito sutil entre forças que, quando escutadas, podem voltar a dançar em harmonia.
Entre os povos originários, a palavra nasce junto da terra.
Ela não fere: cultiva.
Cada fala é uma semente lançada no chão comum, e o diálogo é o cuidado que faz germinar o entendimento.
Somente onde todos têm voz pode haver justiça.
O mediador é aquele que se coloca no centro do círculo, não acima, mas junto, guiado pelo sopro da escuta.
É quem ajuda a restaurar o equilíbrio onde o tecido social se rasgou, tecendo novamente as relações com fios de respeito e presença.
A mediação é um gesto ancestral.
É o ato de reunir, de sentar em roda, de permitir que cada um traga sua cor, sua história, seu canto.
No círculo, todos podem ser vistos e ouvidos - porque a terra é redonda, e nela ninguém está no centro sozinho.
O encontro só é verdadeiro quando nos despimos diante do outro, quando deixamos que o coração fale primeiro,
quando lembramos que somos parte da mesma trama viva que pulsa sob nossos pés.
Nejur Teçá é esse chamado:
a reconexão com o espírito da escuta,
o retorno à palavra que cura,
o convite para olhar o outro com o coração
e falar com respeito -
como quem toca a terra.
Serviço:
“Nejur Teçá: Um convite para olhar o outro com o coração e falar com respeito”
Local: Secretaria de Educação – rua Coimbra, 100, Santa Cruz Industrial
Data: Até 24 de novembro
Horário: 8h às 17h, segunda a sexta-feira
*Para conferir todas as exposições da Seduc no link https://portal.contagem.mg.gov.br/portal/secretarias-paginas/223/exposicoes/









