Os interessados em conhecer um pouco mais da vida e obra do artista angolano Paulo Chavonga têm até dia 10 de dezembro para conferir a exposição Projeto “Ruas e Raízes – Pisando em Cores”. Os trabalhos expostos foram desenvolvidos pelos alunos do 5º ano, da Escola Paulo Cezar Cunha, localizada no bairro Sapucaias, na região Petrolândia, e integram as atividades desenvolvidas pela Secretaria de Educação (Seduc) nas escolas para marcar o Novembro Negro. A exposição foi aberta no dia 24 de novembro e contou com diversas apresentações como dança, teatro, recitação de poesias e o desfile "Beleza Negra".
As pinturas feitas pelos pequenos são resultado de um trabalho desenvolvido dentro da disciplina de artes na escola. O objetivo, segundo a professora Kenia Fernandes, foi ensinar sobre a valorização da cultura afro-brasileira, promovendo a educação antirracista por meio das artes.
Processo
A atividade contou com uma roda de conversa sobre o artista e os conceitos das obras, mostrando aos alunos a importância de conhecer alguém que mantenha uma conexão com a cultura afro-brasileira. Ocorreu ainda um debate sobre as percepções, identidade e importância da arte negra e valorização da beleza de pessoas e lugares comuns. Na sequência, os alunos responderam a um questionários sobre a vida e as obras de Chavonga. Para finalizar a oficina, os alunos levaram uma foto de uma pessoa negra que fosse um exemplo, e com a ajuda da inteligência artificial realizaram um esboço para facilitar as pinturas, que deram origem à exposição. As obras de Chavonga possuem o fundo neutro, em sua maioria, com cores vibrantes, dando ênfase ao modelo e enaltecendo o povo africano em seu cotidiano.
A valorização da cultura afro-brasileira foi transformada em exposição, composta por trabalhos dos alunos e da professora que homenageou os estudantes com retratos pintados
Fotos: Adelcio Ramos/PMC (1) e Jackson Oliveer/PMC (2)
A professora Kênia Fernandes comentou as observações feitas pelos alunos no desenvolvimento do projeto. “A atividade despertou o interesse das crianças e abriu espaço para diálogos significativos sobre representatividade. Analisando as pinturas, os estudantes observaram que o objetivo central das obras de Chavonga era valorizar as figuras negras, assim compreenderam que o intuito dos quadros era passar uma mensagem de orgulho e resistência”.
“Foi um trabalho intenso, envolveu toda a equipe pedagógica do 2º turno, assim como todos os estudantes. Foi uma rica oportunidade de descoberta de talentos, como evidenciado nas obras, assim como nas apresentações artísticas”, complementou a diretora Xênia Cruz.
O aluno Kerlon da Silva falou da experiência de participar da oficina e ter sua pintura na exposição. “Gostei muito das pinturas que fizemos para homenagear o Paulo Chavonga. Ele representa as pessoas negras da convivência dele, por isso escolhi homenagear meu bisavô, Benedito, pela força que ele tinha em nossa família”.
Para a aluna Manuela Costa a atividade trouxe novos conhecimentos. “Eu gostei muito e com certeza participaria de novo. Foi bem legal! Essa atividade me ajudou a entender um pouco mais sobre o povo negro”.
A professora Kênia Fernandes encaminhou os trabalhos feitos pelos alunos ao artista, que agradeceu orgulhoso. “Fiquei muito feliz com o e-mail que recebi da professora Kênia! Já fui uma criança com sonho de ser artista. Hoje vivo da minha arte e a uso como uma luta, como uma forma de humanizar meu povo. Quero que vocês possam sonhar e se vejam através das minhas obras”, disse Paulo Chavonga em vídeo gravado para os alunos. Clique aqui e assista o vídeo completo.
Sobre o artista
Foto: Jackson Oliveer/PMC
Paulo Chavonga nasceu na província de Benguela, em Angola, no ano de 1997. Em 2012, pintava em grupos de estudos comunitários de artistas. Em 2015, realizou sua primeira exposição individual. Paulo utiliza em suas pinturas cores vibrantes e desenhos bastante expressivos, retratando a vida habitual de pessoas negras, principalmente imigrantes. Ele utiliza sua arte como forma de ativismo, buscando dar visibilidade aos imigrantes em território brasileiro. Atualmente, Chavonga reside no Brasil e seu atelier está localizado em São Paulo.
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