A Prefeitura de Contagem trabalha todo o dia para promover uma educação inclusiva no município, atuando de forma integrada e envolvendo a participação de professores, estudantes e familiares. Na noite de segunda-feira (28/7), foi realizada a abertura oficial do I Simpósio de Educação Inclusiva de Contagem, realizado de forma on-line no Canal da Educação no Youtube.
Promovido pela Secretaria de Educação de Contagem (Seduc), o simpósio busca discutir as diversas formas de inclusão, não somente para o público da educação especial, mas discutir a inclusão como um todo.
A subsecretária de Educação Inclusiva da Seduc, Carol Ferrari, reforçou o impacto da educação inclusiva. “A escola é para todos, para a mulher, para o idoso, criança, adolescente, hétero, homossexual, preto, pardo, branco, indígena. Incluir é isso, respeitarmos a diversidade e ouvirmos todas as vozes que fazem parte daquele lugar”.
Carol Ferrari também exemplificou como a formação do simpósio contribui para as práticas educativas e atende uma demanda dos educadores. “Temos a formação da horta escolar, por exemplo. Na horta há um trabalho colaborativo, de participação coletiva. Inclusão também é isso, trabalhar no coletivo. Não é a deficiência que causa exclusão, são as barreiras que existem. Nesse contexto, podemos perceber o quanto era urgente discutir essa questão no município, e o quanto eles (educadores) querem participar também desse processo, de transformar Contagem em uma cidade verdadeiramente inclusiva”.
Na abertura oficial do simpósio, no Youtube, o professor e pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Romerito Nascimento, abordou os avanços e desafios para a educação após 10 anos de vigência da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015).
Romerito, homem cego, pardo, cabelos lisos e pretos, como o próprio se descreveu, atua no acompanhamento acadêmico de estudantes com deficiência da UFMG e enalteceu a iniciativa de Contagem com a realização do simpósio. “Muito importante esse debate, construir pontes e possibilidades para pessoas com deficiência. Importante a gente entender que o grande desafio é fazer com que os estudantes interajam com os colegas, pensar no estudante, conhecer ele, suas habilidades, pensar ele no contexto escolar e na coletividade”.
O vídeo de abertura do I Simpósio de Educação Inclusiva de Contagem está disponível no link https://www.youtube.com/watch?v=HusCsqpK_rM&t=5785s
Promovido pela Secretaria de Educação de Contagem (Seduc), o simpósio busca discutir as diversas formas de inclusão, não somente para o público da educação especial, mas discutir a inclusão como um todo
Fotos: Adelcio Ramos/PMC
Avanços e desafios da educação inclusiva
Os dez anos de vigência da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência trouxe importantes avanços para a educação inclusiva, assim como muitos desafios a serem alcançados, conforme apontado pelo professor Romerito.
Entre a evolução destacada pelo pesquisador da UFMG estão questões importantes para a inclusão como a consolidação de conceitos, por exemplo, que as características biológicas em interação com as barreiras é que produz a deficiência. A lei reforça, portanto, que a deficiência deve fugir do determinismo biológico.
Outro avanço apontado por Romerito refere-se à avaliação, que deixa de ser médico-centrada e passa a ser biopsicossocial, realizada por multiprofissional e interdisciplinar. Da mesma forma, houve avanço em definições importantes quanto às barreiras das pessoas com deficiência, acessibilidade, adequação de espaços, tecnologia assistiva, adaptações e outras.
Considerando que a lei também prevê um sistema inclusivo em todos os níveis (da educação infantil ao nível superior) e a institucionalização do Atendimento Educacional Especializado (AEE), o professor da UFMG apontou diversos desafios para a educação inclusiva.
Segundo Romerito, é importante considerar que a responsabilidade pelas estratégias pedagógicas e educativas é da escola, com os pedagogos e professores. Conforme destacado por ele, o profissional de apoio está inserido apenas para dar suporte.
Da mesma forma, apontou o professor, o AEE não é uma aula de reforço e nem uma extensão da sala de aula, serve para “auxiliar o estudante a ampliar seu repertório, promover a autonomia com segurança, como possibilidade”.
“O diagnóstico pedagógico é função do pedagogo e demais profissionais da educação, não do médico. O contexto escolar é local de ensino, não de atividades clínicas”, reforçou Romerito.
O professor da UFMG também apontou outros desafios da educação inclusiva que incluem, entre outros, virar a chave da deficiência como interação, além da questão biológica; fazer com que os estudantes aprendam, de formas diferentes, com ferramentas diferentes; e garantir currículo inclusivo, sem subestimar as capacidades dos estudantes.
Programação
As primeiras atividades do I Simpósio de Educação Inclusiva de Contagem tiveram início no dia 21 de julho com atividades de formação para educadores. Entre os dias 29 e 31 de julho ocorrem outras formações para professores, dirigentes e profissionais de inclusão, tanto no Espaço do Encontro, na Prefeitura, quanto na Seduc e no Educarte Lucas Braga.
Dentre as diversas atividades serão debatidas questões como relações étnico-raciais; educação especial na perspectiva da educação inclusiva; planejamento pedagógico e documento orientador da educação integral; gamificação; visita de campo; horta escolar; cegueira e baixa visão; manejo em crises disruptivas; saberes tradicionais e territórios educativo; e compartilhamento de boas práticas.
No dia 31 haverá uma roda de conversa com estudantes com deficiência e familiares no Parque Cataguases.
No Canal do Youtube da Educação as atividades continuam com transmissões ao vivo de 29 a 31 de julho, sempre às 19h, com os respectivos temas: "Mais que Horas na Escola: Educação em tempo Integral tecendo saberes e vivências”; "Diversidade de Gênero na Escola: Construindo Espaços de Acolhimento e Respeito"; e “Educar para Libertar: Práticas Antirracistas na Escola”.
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