Arte, espiritualidade, luta e sensibilidade são aspectos que pautam as atividades do Projeto “Ruas e Raízes”, promovido pela Prefeitura de Contagem, dentro das ações do Novembro Negro. Com oficinas de Slam, passinho, lambe-lambe, grafite e cinema, cerca de 300 estudantes, do 6º ao 9º anos do ensino fundamental, foram os protagonistas do evento que marcou o encerramento das atividades na manhã de quarta-feira (19/11), no CEU das Artes do Ressaca.
Arte e cultura tomaram conta de todos os espaços do CEU das Artes, com estudantes transitando por todo o ambiente. Uma das oficinas foi de cinema, com projeção de vídeos da Mostra Audiovisual Escolar de Contagem (Mave).
Maria Eduarda Soares, estudantes do 7º ano da Escola Municipal Professora Audrei Consolação Ferreira de Freitas Costa (CEI Ressaca) aprovou a oficina e afirmou que ano que vem vai participar da mostra. “A gente viu filmes sobre combate ao racismo, foi muito legal! Depois do filme conversamos sobre o tema e fizemos uma foto”.
Outra oficina que conquistou os estudantes foi a de lambe-lambe, uma técnica de arte urbana de colagem de cartazes. A aluna do 8º ano da Escola Municipal Paulo Cézar Cunha, no Petrolândia, Iasmin Campos aproveitou seu gosto por desenho para aprender uma nova técnica. “Gosto muito de desenhar e de falar sobre a sociedade. Como já sofri bullying por causa do meu cabelo cacheado, fiz o cartaz escrito ‘meu cabelo, eu cuido dele como eu quero’. A oficina foi muito legal, explicaram como funciona, já tinha visto os cartazes nas ruas, mas não sabia como fazia”.
No palco, uma das apresentações que contagiou o público presente foi a da estudante Ana Júlia Silva, 7º ano, do Educarte Estação do Saber, na Sede. Com grande presença de palco e palavras inspiradoras, ela foi a vencedora da batalha de Slam Poético, misturando capoeira e conscientização.

Apresentações e oficinas marcaram o encerramento do projeto que incentiva o protagonismo jovem na cidade - Fotos: Selena Souza/PMC
“No projeto, a gente tem aula de capoeira, que sou apaixonada, aí queria abordar sobre ela, falar também da conscientização, juntei as duas e construí o texto. Conheci o Slam no ano passado, gostei muito da poesia. Sempre fui uma menina que fala muito, então foi tranquilo apresentar, dá um nervosismo, mas sem problema, gostei muito!”, contou Ana Júlia.
A estudante, que levou nota 10 de todos os jurados, mostrou que também é boa de improvisação. “Teve uma hora que errei um pouco o texto e tive que improvisar, mas o que ninguém sabe, ninguém estraga”, brincou.
Passinho e grafite
A oficina de passinho levou música e movimento ao CEU das Artes, com estudantes ensaiando e se apresentando em duplas e grupos. “O passinho é uma forma social de unir outras pessoas, não é só o desafio. A dança não é só balançar o corpo, é criar conexões, essa é a ideia que eu tento passar para os estudantes”, explicou o professor John Couto.
Também estudante do 8º ano da E.M. Paulo Cézar Cunha, Eduardo Alexandre da Silva, aproveitou a oportunidade de aprimorar seus ‘passinhos' e participar das oficinas. “Eu nasci em Belo Horizonte e presenciei muito o passinho, aí surgiu essa oportunidade aqui no projeto, foi muito ‘da hora’, ‘top’ demais. Fiz Slam, grafite, passinho”.
Na oficina de grafite os estudantes mostraram toda a criatividade, sob orientação do professor Gabriel Teixeira. “A ideia foi, por um lado, mostrar um pouco como fazer o grafite, de forma orientada. Mas também, um outro momento livre, para eles fazerem do jeito deles, poderem errar também, que faz parte do aprendizado”.
“Sempre quis aprender a desenhar, fazer contorno, desenhos grafitados, fazer as letras. Essa foi a primeira vez que faço, com professor, só tinha feito em casa. O professor mostra, explica como fazer os traços, foi muito bom!”, disse Arthur Phelipe da Silva, estudante do 8º ano do CEI Ressaca.
Projeto Ruas e Raízes
Em consonância com o Programa de Incentivo à Presença e Aprendizagem (Pipa) o projeto ‘Ruas e Raízes’ busca reduzir desigualdades educacionais e promover o reconhecimento da identidade e da cultura negra como dimensões essenciais para o desenvolvimento integral de crianças, adolescentes, jovens e adultos da rede municipal. Busca, sobretudo, ser uma oportunidade para que estudantes se vejam como parte de uma história viva, “com raízes profundas e galhos em expansão”.
Cada etapa da educação básica, da infância às juventudes e à EJA, encontra no ‘Ruas e Raízes’ caminhos possíveis para fazer da educação um gesto de escuta, reconhecimento e celebração das presenças negras que, como raízes, irrompem na cidade para nos ensinar a ver, sentir e transformar.
O ‘Ruas e Raízes’ promove a valorização da cultura afro-brasileira e africana, além de fomentar discussões sobre negritude, identidade, desigualdade racial e educacional e resistência, utilizando a arte urbana como espaço de expressão e como ferramenta pedagógica para o desenvolvimento da consciência social e cultural dos estudantes.









