Ir para o conteúdo

Prefeitura Municipal de Contagem e os cookies: nosso site usa cookies para melhorar a sua experiência de navegação. Ao continuar você concorda com a nossa Política de Cookies e Privacidade.
ACEITAR
PERSONALIZAR
Política de Cookies e Privacidade
Personalize as suas preferências de cookies.

Clique aqui e consulte nossas políticas.
Cookies necessários
Cookies de estatísticas
SALVAR
Notícias
NOV
19
19 NOV 2025
SAÚDE
Maternidade celebra legado de Juventina de Jesus com chegada de trineta
receba notícias
No Centro Materno Infantil, que leva o nome da histórica parteira quilombola, nasceu a herdeira Juventina Paula de Jesus, fortalecendo ancestralidade e memória no mês da Consciência Negra

No mês da Consciência Negra, celebrada em 20 de novembro, Contagem vive um momento simbólico e profundamente afetivo com a continuidade do legado de Juventina Paula de Jesus, parteira e benzedeira da Comunidade dos Quilombola Arturos, referência de resistência e tradição na cidade. Na maternidade que leva seu nome, nasceu no dia 2 de novembro a mais nova descendente da matriarca, a trineta que carrega, no primeiro choro, a força de uma história centenária.

A pequena Aylla Sophia veio ao mundo nos braços da mãe, Beatriz Aparecida Luz Silva, que viveu seu primeiro parto justamente na maternidade construída para acolher histórias como a da própria família. Beatriz Luz celebra a continuidade desse ciclo de vida e ancestralidade. “Para mim é muito gratificante, porque me fez lembrar a época da inauguração da maternidade quando nossa comunidade veio com o congado. Em relação ao atendimento, não poderia esperar nada melhor. Fui bem acolhida e estou recebendo toda a assistência. Fora que Aylla se tornou um evento para a maternidade todo mundo quer tirar foto com a trineta da vovó Etina”.

A avó da bebê, Juliana Rosária, também destaca a importância de Juventina e a emoção da comunidade quilombola com a chegada da nova integrante. “É uma honra pertencer ao quilombo dos Arturos. Sempre destaco a história da vovó Entina que trouxe tantas crianças da comunidade ao mundo.”

Em relato sobre o atendimento, a médica pediatra e referência técnica do Centro Materno Infantil, Marcela Barbosa, destacou a condução do parto e as primeiras horas de vida da bebê. “O nascimento ocorreu de forma tranquila e dentro do esperado. A bebê apresentou boas condições clínicas logo após o parto, com sinais vitais estáveis e ótima resposta aos primeiros cuidados. Nas primeiras horas de vida, nossa equipe realizou todos os protocolos de acolhimento, garantindo segurança e monitoramento constante para a recém-nascida e para a mãe”.

Ao recordar sua relação com a história da unidade, a superintendente do Centro Materno Infantil, Dulcinéia Carvalho, destacou a emoção de receber o nascimento da trineta de Dona Juventina Paula de Jesus. “Tive a alegria de conhecer Dona Juventina na inauguração da maternidade. Ela é uma figura histórica e muito querida pela comunidade. Ver sua trineta nascer justamente aqui, no espaço que leva seu nome, enche nossa equipe de orgulho e reforça o vínculo com esse legado tão importante para Contagem”.


  

Juventina Paula de Jesus deixou um legado de acolhimento e história
Foto Divulgação

Parteira e benzedeira respeitada, Juventina Paula nasceu no dia 25 de agosto de 1925, faleceu em 30 de junho de 2005. Ela ajudou a trazer ao mundo gerações de crianças, muitas vezes caminhando longas distâncias, debaixo de chuva, para garantir que vidas florescessem com segurança. Seu trabalho atravessou décadas e marcou profundamente a história da cidade.

E por essa relevância que, em 2016, o município inaugurou o Centro Materno Infantil Juventina Paula de Jesus, unindo tecnologia, humanização e respeito à ancestralidade.

Maternidade estrutura que acolhe, protege e transforma

A maternidade de Contagem se tornou referência ao unir qualidade técnica e cuidado humanizado. O espaço conta com cinco unidades de parto normal, preparadas para garantir conforto, privacidade e segurança; nove leitos de pré-parto, quatro salas cirúrgicas e cinco leitos de recuperação pós-anestésica. Além disso, a unidade conta com recursos para parto humanizado, como massagens, banhos relaxantes, musicoterapia e bola de pilates. Somente este ano, a unidade já realizou mais de dois mil partos, entre normais e cesáreas.

No cuidado com recém-nascidos, o serviço dispõe de estrutura completa com 20 leitos de CTI neonatal, 15 de cuidados intermediários (UCI) e cinco leitos canguru, além do Banco de Leite Humano, que auxilia as mães na retirada e armazenamento do leite materno. O acompanhamento inclui ainda psicologia, serviço social e fonoaudiologia, garantindo um acolhimento integral às mães e aos bebês.

A integração desses setores garante assistência intensiva e humanizada para bebês que necessitam de atenção especial. Programas que fortalecem vínculos e garantem direitos das gestantes, crianças e puérperas de Contagem.

Programa Mãe Contagense

Promove visitas guiadas, orientações sobre aleitamento e cuidados com o bebê, além de apresentar à gestante todo o percurso de parto e acolhimento. O agendamento pode ser feito pelas UBS ou pelo telefone da unidade.

Casa da Gestante, Bebê e Puérpera

Acolhe gestantes de alto risco e famílias com bebês internados no CTI, oferecendo estadia, alimentação e acompanhamento multiprofissional.

Projeto Doulas

Com atuação desde 2006, conta com 12 voluntárias que oferecem apoio emocional, alívio da dor e presença ativa durante o parto. Também promovem vivências simbólicas, como o carimbo de placenta.

Referência em Amamentação

O CMI é reconhecido há 20 anos como Hospital Amigo da Criança, incentivando práticas como o contato pele a pele e a amamentação precoce.

Banco de Leite Humano

Em parceria com o município de Betim, coleta, processa e distribui leite humano pasteurizado para bebês prematuros e de risco, salvando vidas e fortalecendo redes de solidariedade.

Dia da Consciência Negra: memória, luta e continuidade

O 20 de novembro marca a morte de Zumbi dos Palmares e simboliza a resistência do povo negro no Brasil. Em Contagem, o nascimento da trineta de Juventina, dentro da maternidade que honra seu nome, reforça esse movimento de afirmação, identidade e continuidade histórica.

A Comunidade dos Arturos, reconhecida como patrimônio cultural imaterial de Minas Gerais e descendente direta de famílias negras escravizadas, segue firme em sua missão, que é preservar memórias, lutar contra a extinção da cultura e transmitir às novas gerações o orgulho da ancestralidade.

Neste ano, especialmente, a cidade celebra não só a data, mas a renovação de uma história que segue viva, agora, nos olhos de uma menina que chega trazendo consigo tudo o que foi e tudo o que ainda será.

Autor: repórter Aline Malta / Edição Vanessa Trotta