Estudantes, lideranças religiosas, representantes da sociedade civil organizada e de comunidades terapêuticas, usuários do Centro Especializado em População em Situação de Rua (Centro POP) e autoridades participaram nesta quarta-feira (19) de um culto ecumênico na praça da Jabuticaba, no Centro de Contagem. O evento, que abriu a Semana de Enfrentamento e Prevenção ao Uso/Abuso de Álcool e Outras Drogas de Contagem, reuniu diversos credos em uma mesma celebração a favor da vida.
De acordo com a organizadora da Semana e presidente do Conselho Municipal de Políticas sobre Álcool e outras Drogas de Contagem (Comadc), Soraya Romina, a escolha do culto para iniciar as atividades é consequência de estudos científicos feitos no Brasil e no exterior, nos quais a espiritualidade foi identificada como fator importante na prevenção ao uso de drogas.
“Voltei recentemente de um congresso intersetorial, em Brasília. Na ocasião, tive a oportunidade de assistir apresentações de três pesquisas, sendo uma brasileira e duas internacionais, que comprovam que juventude com base espiritual, qualquer que seja, está no mínimo quatro vezes mais protegida em relação ao contato com uso e abuso de álcool e outras drogas. Por isso, nada mais coerente do que abrir a Semana exaltando a religiosidade”, destacou Soraya Romina,
Durante a celebração houve momentos musicais, de acolhida e testemunhos. Além disso, mensagens proferidas pelo pastor da Comunidade Cristã Recomeçar, Adilson Andrade; pelo pároco da Igreja Matriz de São Gonçalo, padre José Fernando de Mello; pela presidente da Fraternidade Espírita Gotas de Luz, Regina Guimarães; e pela Mãe Rita, representante de religião de matriz africana, provocaram e inspiraram os presentes a refletir sobre o tema.
O pastor Adilson lembrou que a religião tem exercido um papel importante na recuperação dos de-pendentes químicos. “A Comunidade Recomeçar faz um trabalho junto a comunidades terapêuticas. Atendemos pessoas que estavam nas ruas e foram recuperadas. Muitas delas, atualmente, prestam serviço à igreja. Fazemos isso movidos pelo amor e por acreditar que somos a semelhança de Deus. Quando entendemos isso, passamos a dar atenção às pessoas e a olhar aqueles menos favorecidos, conseguindo imaginar, inclusive, uma Contagem a favor da vida”, destacou.
Com o mesmo sentimento, o padre Fernando leu parte do Evangelho que fala sobre caminho, verdade e vida. “Tudo que nós seres humanos buscamos é a liberdade. As propagandas sobre drogas nos oferecem isso, mas a verdade é que as drogas nos aprisionam. Então temos que tomar cuidado com o caminho que nos leva até elas. A melhor direção é a presença de Deus em cada coração. Jesus é verdade e quando se fala em verdade se fala em liberdade, em vida”.
A presidente da Fraternidade Espírita Gotas de Luz, Regina Guimarães, enalteceu a organização da Semana e ressaltou que os pais são responsáveis pela integridade da família e orientação de seus filhos. “É um privilégio estarmos aqui nesta manhã, com uma proposta tão bonita. Tenho percebido que a sociedade está carente de Deus. Temos, então, que conclamar as famílias, conscientizando-as e solicitando que tomem as rédeas na condução de suas crianças e jovens, trazendo o Evangelho para dentro de casa, para que tenham um porto seguro e possam evitar as drogas”, recomendou.
Mãe Rita também ressaltou a importância de orientar e dialogar com os jovens. “Sou mulher de ma-triz africana, não impomos nada às pessoas, nós dialogamos e buscamos ajudá-las. Não atendemos somente a pessoa, mas a família e a moradia”. Ela também falou da depressão como o mal do século. “É uma doença e com ela vem outras coisas negativas, como a dependência química. É importante tratar e medicar, mas acima de tudo amar e respeitar o outro”.
Testemunho
Outro importante momento do culto foi o testemunho do pastor Gilson Xavier. Ele é a comprovação de que a espiritualidade é capaz de resgatar vidas, tirar pessoas do fundo do poço, levantar a autoestima e devolver novamente a dignidade.
Quando jovem, o pastor Gilson teve a oportunidade de conquistar tudo que sonhou. Aos 12 anos, ele iniciou a carreira de jogador de futebol no América e aos 19 se profissionalizou. Conheceu pessoas importantes, viajou por todo Brasil e jogou em vários países do mundo. Mas se perdeu no mundo das drogas.
Quando não tinha mais esperança, uma pessoa na rua lhe estendeu a mão e Gilson foi se tratar em uma comunidade terapêutica. “Lá aprendi a respeitar, a ter disciplina e a substituir o prazer da droga por outros, como a fé e o esporte. E graças a Deus estou livre há 9 anos”, comemorou, finalizando o testemunho com um conselho curto e direto. “Jovens, não aceitem nenhum convite, não experimentem drogas porque ela veio para nos matar”.
