Com o objetivo de ajudar quem sofre com sangramento uterino anormal (SUA), na última sexta-feira (29/11), o Centro de Atenção Especializada - CAE Iria Diniz realizou um mutirão de atendimentos na intenção não apenas de verificar a situação clínica de cada um, como a forma de tratamento, sendo uma delas, que traz maior eficácia, o uso do Dispositivo Intrauterino (DIU) Mirena. As principais causas do SUA estão relacionadas a mioma, adenomiose, endometriose e síndrome de ovários policísticos.
O sangramento uterino anormal (SUA) é uma das queixas ginecológicas mais comuns em mulheres em idade reprodutiva, segundo dados do Ministério da Saúde. Trata-se de qualquer padrão de sangramento menstrual que difere daquilo considerado normal, em termos de duração, volume, frequência ou regularidade. Esse sangramento não apenas se limita ao período menstrual, mas a qualquer sangramento vaginal que ocorra fora do padrão regular.
O médico do Ambulatório de Sangramento Uterino Anormal do CAE Iria Diniz, o ginecologista Henrique Martins, explicou que o serviço é ofertado para as mulheres que sangram fora do normal e muitas vezes seriam encaminhadas para cirurgia de histerectomia, que consiste na retirada parcial ou total do útero. “As pacientes estão saindo da fila da cirurgia e indo para procedimentos menos invasivos, como é o caso do Mirena, que hoje tem uma resposta muito positiva entre as nossas pacientes”, revela.
Auleiza dos Reis tem sangramento anormal, ocasionado por um mioma, e é uma das pacientes que estava na fila para retirada do útero. Com a opção de tratamento via Mirena, ela recebeu o encaminhamento para o mutirão, e foi uma das 25 mulheres beneficiadas no dia. “Vou passar por uma avaliação e, tudo dando certo, vou colocar o DIU”, destacou, esperançosa.
Avanços
Na ocasião, o médico Henrique Martins ressaltou que o tratamento de sangramento é um gargalo na atenção da ginecologia em saúde, de forma geral, na rede SUS, pois há muita dificuldade em tratar. Relatou, ainda, que Contagem pode comemorar um grande avanço com o tratamento que vem sendo realizado na rede pública.
“Muitas pacientes têm contraindicação aos melhores anticoncepcionais ou realmente eles não tratam o necessário, elas não melhoram. E o DIU Mirena é bem superior a todos os outros tratamentos para a redução do sangramento, como comprimidos e injetáveis. Então, a gente consegue melhorar bastante a situação das nossas pacientes”, explicou.
“É uma alternativa que a gente considera imprescindível no sistema de saúde, porque a gente realmente melhora a qualidade de vida das pacientes, com um risco infinitamente menor do que o risco de uma cirurgia grande, que é a histerectomia, e com uma eficácia muito boa”, completou o especialista.
Tentativas
Em função do sangramento anormal, a paciente Amanda Santos, 45, já tentou o uso de outros métodos como solução. No entanto, em consulta com um médico da UBS São Joaquim, ela foi encaminhada para inserção do DIU Mirena. “Tentei opções paliativas, medicações e injeção, mas não funcionou, e agora vou colocar o DIU. Estou confiante que vai dar certo dessa vez”.
Iris Pereira, 51, tem cinco miomas e está em estado anêmico. Ela contou que as tentativas de controlar a anemia e o sangramento com medicação não tiveram sucesso. Então, ela foi encaminhada pelo médico da UBS Novo Progresso para o mutirão. “Acho que essa iniciativa do SUS Contagem permite que mais pessoas possam ter acesso ao Mirena, que é uma alternativa muito boa, como o médico me disse. Há muita gente que está esperando essa oportunidade há muito tempo”, pontuou.
Além disso, a paciente ressaltou que a ação beneficia economicamente as usuárias, já que o DIU Mirena é um dispositivo caro na rede privada. “O gasto que a gente tem com medicação é muito alto, além do DIU ser caro”.
Processo
A enfermeira do Ambulatório de Sangramento Uterino Anormal do CAE Iria Diniz, Flávia dos Santos, explicou como é o processo para a colocação do DIU Mirena. As pacientes são encaminhadas pelas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) onde, normalmente, realizam suas consultas periódicas. Ao chegar ao CAE Iria Diniz, elas são submetidas a testes de gravidez e à realização do exame preventivo, que é o citopatológico.
Além de toda análise clínica, as usuárias recebem todas as instruções sobre o método hormonal, que é o DIU Mirena. Flávia ressaltou, ainda, que após a inserção, a paciente retorna ao Iria Diniz para realizar uma ultrassonografia para verificar se o dispositivo está posicionado de forma adequada. Só então é liberada para seguir o tratamento em sua UBS de origem.
“O ambulatório e o mutirão funcionam como um amparo para população de Contagem para que essas mulheres consigam fazer um tratamento convencional de controle desse sangramento anormal e realmente resolver o problema de uma forma menos invasiva. Esse serviço é um ganho para elas e uma forma de acolhimento da Saúde para com essas mulheres. É um serviço que gratifica a gente, sabemos que elas estão sendo cuidadas”, concluiu a enfermeira.