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NOV
30
30 NOV 2023
MEIO AMBIENTE
SAÚDE
SERVIÇO
Prefeitura orienta população sobre os danos causados pelo uso de fogos de artifício barulhentos
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Legislação que proíbe a queima de fogos e artefatos pirotécnicos com estampido no município foi regulamentada por decreto e o não cumprimento gera penalidades

As celebrações de fim de ano estão chegando, e com elas, o aumento no uso de fogos de artifício. Contudo, o espetáculo visual, que pode ser motivo de alegria para alguns, pode causar grande estresse para outros, como crianças, idosos, pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), ou com sensibilidade auditiva e também os animais.

Em 2022, a administração municipal sancionou a lei n.º 5.331 (clique aqui e acesse ), de 27 de dezembro, que proíbe o manuseio, a utilização, a queima e a soltura de fogos de estampidos e de artifícios, assim como de quaisquer artefatos pirotécnicos de efeito sonoro ruidoso. Este ano, a Prefeitura publicou o decreto n°1037 (clique aqui e acesse), de 28 de novembro, regulamentando a lei e estabelecendo diretrizes e penalidades para quem não cumprir a legislação. 

A conscientização sobre os impactos negativos dos fogos de artifício e a mudança de hábito da população é fundamental para garantir a saúde pública e o bem-estar animal e, sem perder o espetáculo visual, proporcionando a todos desfrutar das festividades sem prejudicar ninguém. 

Segundo o médico da família e comunidade do Centro de Atenção Especializada (CAE) Ressaca, Douglas Vinícius Reis Pereira, os maiores prejudicados pelo alto volume dos fogos são pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), idosos e crianças, que podem se sentir muito incomodados devido ao estrondo das explosões. 

Os idosos, em virtude de doenças que os tornam mais suscetíveis ao estresse e à ansiedade. Já as pessoas com TEA, devido à sua hipersensibilidade sensorial, enfrentam uma sobrecarga auditiva, resultando em crises de ansiedade, choro, gritos ou reações agressivas, que podem durar dias. Além deles, as crianças, especialmente os bebês, devido à imaturidade das estruturas auditivas, são mais sensíveis a sons intensos do que os adultos.

"A poluição sonora pode resultar em efeitos prejudiciais para a saúde auditiva, manifestando de diversas maneiras, como estresse crônico, distúrbios no sono e potenciais danos ao sistema auditivo. Isso pode levar a traumas, e em casos mais severos, ocasionar uma súbita perda de audição", afirmou.

Para mitigar esses efeitos, o médico orientou que é importante investir em protetores auriculares com cancelamento de ruído, protegendo as pessoas da exposição a altos níveis de frequência sonora. No entanto, Diego ressaltou que não é recomendável utilizar qualquer objeto para inserir no canal auditivo, pois todos podem afetar a saúde e não proporcionam proteção adequada contra o som.

No caso de crianças, ele explicou que não se deve colocar os dedos nos ouvidos nem usar algodões para tampá-los, pois pode prejudicar a saúde auditiva ou resultar em pedaços esquecidos, mesmo após a retirada. 

"É recomendável evitar a exposição a ruídos intensos, mas quando isso não é possível, uma maneira de se proteger é o uso de protetores auriculares que reduzam o som, prevenindo assim o estresse e possíveis danos. Outra opção é optar por fogos sem barulho, garantindo uma festa para todos sem causar sofrimento", declarou o médico.

No entanto, os efeitos da queima de fogos de artifício não são apenas nos seres humanos. O estrondo alto tem consequências significativas para os animais, que frequentemente experimentam grande estresse e ansiedade devido ao ruído, podendo ocorrer uma perda de acuidade auditiva transitória ou mesmo um dano permanente pela ruptura do tímpano. É muito raro o animal que consegue ignorar os sons. 

Em sua maioria, os animais podem ficar confusos, amedrontados, assustados ou mesmo incapacitados quando são expostos a esse tipo de ruído. Nos ouvidos sensíveis dos bichinhos, o nível de estímulo do som extrapola o que eles entendem como compreensível e, a partir daí, cada um deles pode adotar uma postura inesperada. 

O diretor da Superintendência de Defesa Animal, Gilson Dias Rodrigues, explicou que, em alguns casos, os animais chegam a se perder ou sofrer ferimentos enquanto tentam fugir do barulho ensurdecedor. Ele afirmou que há sinais específicos de que um animal pode estar sofrendo devido ao barulho, como tremores, pupilas dilatadas, orelhas baixas ou voltadas para trás, inquietação pela casa, busca por lugares escuros. 

“Os tutores frequentemente observam que, mesmo entre aqueles que costumavam conviver harmoniosamente, surgem comportamentos agressivos em relação uns aos outros. Ficam observando a altura do muro, ou muito persistentes em atravessar os vãos das portas. Recusam a comer alimentos dos quais gostam muito ou não bebem água, ou ficam bebendo água o tempo todo, alguns adotam o comportamento de latir no quintal”, explicou. 

De acordo com o diretor, a administração municipal está empenhada para regulamentar e restringir a deflagração dos fogos de estampido alto por meio de lei, mas que para ter grande evolução nesse contexto é preciso do apoio em âmbito federal para restringir a venda dos produtos de uso danoso para idosos, crianças, animais e tantas outras parcelas sensíveis da população, constantemente, prejudicadas por esse hábito. 

Gilson orientou que os tutores podem adotar medidas de segurança para proteger os animais domésticos durante eventos com fogos de artifício. Uma das alternativas mais efetivas é utilizar medicação prescrita por veterinários que possam ajudar o animal a relaxar minimamente durante esses momentos. 

Mas alguns hábitos podem ser um grande ajuda para resolver as consequências de fugas, por exemplo, como verificar as trancas e barreiras antifugas da casa; manter vacinas e remédios em dia, caso o seu animal consiga fugir e passe dias na rua até ser encontrado; manter atualizados os dados das placas de identificação dos animais. 

“Além de todas essas recomendações, os tutores também podem  levar seu animal para o cômodo mais silencioso da casa e deixar um rádio ligado ao longo do dia com o volume do áudio gradativamente mais alto para abafar o som dos fogos. Os ouvidos podem ser levemente obstruídos por chumaços de algodão que sempre devem ser removidos após o momento dos fogos de artifício. É importante que eles não fiquem em cômodos onde possam derrubar objetos ou móveis sobre si numa tentativa de fuga”, finalizou. 

Autor: jornalista Milla Silva / Edição e revisão: Ana Paula Figueiredo
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