A tarde de sábado (10) no Lar Maria Clara, uma instituição de longa permanência para idosos localizada no centro de Contagem, na regional Sede, foi de muita alegria e descontração. É que na ocasião foi lançado um livro de um dos residentes do local, Rodrigo Bethonico, autor da autobiografia “Uma vida para mim”. A tarde de autógrafos foi prestigiada por familiares do autor e pelos residentes do lar, atualmente, 59 pessoas. Rodrigo Bethonico, técnico em Contabilidade e pai de seis filhos, é fundador da biblioteca do Lar Maria Clara e do jornal da instituição, que conta com três edições anuais. Rodrigo tem 83 anos, 25 deles vivenciados na entidade.
“É uma coisa muito inusitada [o lançamento do livro]. Só mesmo o Lar Maria Clara para fazer isso por mim”, disse o autor, entre um autógrafo e outro, bastante emocionado. Bem trajado, elegante e dono de um refinado gosto musical, fez questão de que a trilha sonora da tarde do lançamento de seu livro fosse composta por canções interpretadas pela saudosa Elis Regina. O marcador distribuído junto ao livro, inclusive, contém trechos da música “O bêbado e a equilibrista”, um dos maiores clássicos da parceria João Bosco & Aldir Blanc.
A Casa Lar Maria Clara é uma obra unida da Sociedade São Vicente de Paulo (SSVP), e a Prefeitura de Contagem, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, é um dos parceiros da instituição. Neste ano, a SSVP completou 92 anos. Os encaminhamentos para a instituição são feitos por estruturas ligadas à SSVP, pelo município de Contagem, via Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, e pelo Ministério Público (MP).
Ângela Maria Campos Rabello, presidente do Lar Maria Clara, explica que na instituição há residentes com diferentes tipos de vínculos familiares. “Temos vários residentes que ainda possuem vínculo familiar, mas que não recebem visitas frequentes, temos também aqueles que são visitados com frequência e, ainda, os que já não têm família. As realidades são múltiplas”, diz a presidente.
Os residentes do Lar Maria Clara são atendidos em suas necessidades físicas, psicológicas e sociais. Na parte da manhã, as atividades ofertadas incluem café da manhã, cuidados ligados à higiene e almoço. Já a parte da tarde costuma estar reservada a atividades internas, como aquelas ligadas a oficinas de terapia ocupacional, e externas, como visitas a parques e que já incluíram até mesmo um passeio ao museu Inhotim. Os atendimentos em saúde incluem profissionais como médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social e nutricionista. “O livro do Rodrigo é fruto de uma dessas oficinas, a partir de um trabalho desenvolvido pela nossa terapeuta ocupacional (T.O.), Ellen Cristina Gomes de Andrade, e pela estagiária em T.O. Sara Stéfani Ferreira Klein. Elas fizeram todo o apanhado da história do Rodrigo, que resultou na elaboração do livro. Ele ia contando sua história e a Sara e a Ellen iam transformando os relatos em registro escrito”, salienta Angela Maria Campos Rabello.
A iniciativa do lançamento da autobiografia de Rodrigo Bethonico faz parte do projeto intitulado “Projetos de vida, fortalecimento identitário e promoção do bem-estar: uma intervenção da Terapia Ocupacional junto a idoso institucionalizado”, assinado por Sara Stéfani Ferreira Klein, aluna da UFMG e estagiária no Lar Maria Clara. O objetivo do trabalho foi realizar uma produção autobiográfica através de memórias significativas e de valores de vida, favorecendo processos de autoafirmação e de senso de utilidade em idosos, estimulando funções cognitivas e potencializando identidades.
