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19 NOV 2025
DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA
Mulheres Negras ocupam espaços na ciência e transformam o futuro
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Mostrar as potencialidades e as possibilidades que as mulheres negras têm de atuarem na ciência foi o objetivo da palestra “Mulheres Negras na Ciência”, realizada na Escola Estadual Governador Israel Pinheiro, na região do Riacho, na quinta-feira (13/11). Integrante da programação do Novembro Negro, a palestra ficou a cargo da norte-americana Margo Kelly, engenheira e mestra em Ciências da Computação pela American University, que destacou a importância da presença e da força dos negros na ciência, levando um exemplo positivo e encorajador aos estudantes. Como referência para o debate, foi exibido um resumo do filme Estrelas Além do Tempo, baseado em fatos reais, que mostra como mulheres negras cientistas tiveram suas participações apagadas na história da corrida espacial dos Estados Unidos.

Ao dar início à atividade, o superintendente de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial, João Pio, ressaltou que o processo educativo está em todos os lugares, em todos os espaços, não só na escola, está na roda de capoeira, no samba, no hip-hop, em tudo. Todos esses espaços são geradores de conhecimento. “Estarmos aqui com mulheres pesquisadoras é importante, pois dinamiza a escola. O ensino precisa ir para além dos muros. Na perspectiva de abrir o horizonte para todos”, ressaltou.

Ideia reforçada pela diretora de Memória e Patrimônio da Secretaria de Cultura de Contagem, Gabrielle Vaz. “A forma do capoeirista tocar o berimbau é tecnológica, a forma de sentir aquele som é tecnológica, aquilo é ciência. Então, é isso que a gente tem trabalhado dentro da universidade. A gente tem ocupado a universidade para falar que a cultura negra, ela também é tecnológica e ela tem que ser estudada”.

A professora do Departamento de Educação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), integrante da Diretoria da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), Silvani dos Santos, também destacou a importância da educação estar sempre em foco. “Devemos buscar maneiras e estratégias para que a educação possa ser um espaço não somente de aprendizado dos conteúdos necessários para a vida social e profissional, mas também para avançar em relação ao letramento racial”.

Na oportunidade, Silvani também apresentou o Projeto “Minas Negras”, que tem possibilidade de ser implementado na escola, com o incentivo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o Cefet-MG.

Referências e desafios

Nascida em Washington/Estados Unidos, em 1958, Margo Kelly disse que, desde criança, admirava os programas espaciais e a vida no espaço, e os astronautas eram seus heróis. Ela explicou que por causa disso, ela se interessou pela engenharia e, depois também pela música, ao unir as duas paixões, ela se tornou engenheira de som.

“Foi uma revelação para mim quando aprendi que a música é ciência. Gravar e reproduzir o som tem muito a ver com a matemática e é muito complexo entender isso. Como tudo hoje é digitalizado, eu comecei a aprender sobre isso também. A tecnologia avança em relação ao som e me fez avançar também e me aprofundar nesses conhecimentos até chegar onde cheguei”.

Um caminho que, segundo ela, não foi fácil. “Eu tinha que trabalhar e estudar. Fui estudando, aprendendo e avançando. Comecei operando uma mesa de som e, com o tempo, passei a trabalhar para National Public Radio, uma estação de rádio pública que comandava o som para todo o país. Mais tarde fui para uma empresa privada e, quando me aposentei, ocupava um cargo de gerência. O trabalho era algo muito sofisticado, que demandava informação técnica e conhecimento de engenharia. Eu não tinha uma referência para seguir. Foi um desafio!”.

Kelly contou aos estudantes que, apesar de admirar os astronautas e todo o trabalho desenvolvido para mandar o homem ao espaço, ela descobriu tardiamente, aos 50 anos, quem realmente estava por trás dos lançamentos dos foguetes da Nasa: três mulheres negras, como revelado no filme Hidden Figures (título original), Mulheres além do tempo (título em português). A engenheira de som, falou sobre como ficou comovida quando soube que lá também havia mulheres negras.

Foto: Newton de Castro Resende/PMC


“Eu não sabia que por trás do sucesso do Programa Espacial Americano, como mostrado no filme, estavam mulheres negras. Imagina como as coisas poderiam ter sido diferentes se, quando criança, eu soubesse que mulheres negras estavam lá”, ressaltou a engenheira de som, ao destacar a importância de ter em quem se espelhar. 
“O racismo esconde a contribuição das mulheres negras, e de muitas outras pessoas. Mas hoje nós sabemos da nossa história. Vocês jovens, hoje, sabem sobre as contribuições das pessoas negras para ciência e tecnologia mais do que eu na juventude”.



De acordo com Margo Kelly, o objetivo é criar uma comunidade científica mais diversa, com a participação de jovens, de mulheres, de mulheres negras, que contribuam com a valorização e o progresso da ciência. 
“Tenham curiosidade, interesse em saber mais, para que possam pensar em suas carreiras profissionais e imaginar um futuro de muito sucesso. Vocês são gigantes e terão muito sucesso com certeza!”, desejou a cientista ao encerrar sua fala.

Sementes para o futuro

Luana Ramos, 16, aluna do segundo ano do ensino médio, acompanhou com atenção a fala da palestrante e afirmou ser “extremamente motivador ver figuras negras, mostrando que conseguiram chegar onde estão, pois tempos atrás acreditava-se que mulheres negras, não poderiam ocupar espaço. Esses eventos nas escolas são essenciais, porque é aqui que a gente começa a ter pensamentos para o futuro. É onde formamos nosso caráter”.

Emanuelle de Oliveira, 16, do primeiro ano do ensino médio, comentou que as histórias do filme (Estrelas além do tempo) e da palestrante a tocaram bastante, principalmente em relação à dificuldade dos negros e negras serem aceitos, até mesmo como pessoas na sociedade. “Infelizmente, até hoje, mesmo com todas as evoluções, ainda temos empecilhos. E as mulheres, que vieram aqui hoje, nos mostraram que a gente pode realizar coisas grandes, tanto na ciência quanto no cotidiano”.

Inspirada pela palestra, Vitória Alves, 17, contou sobre seu sonho de entrar na área da medicina. “Se eu entrar na área da saúde será um grande acontecimento, pois nesta área há poucas mulheres negras. Para mim que venho de uma família humilde será um grande feito!”.

Sobre o filme

Estrelas Além do Tempo é um filme que retrata a história real de três mulheres negras que trabalharam na Nasa, durante a década de 1960, enfrentando preconceitos raciais e de gênero enquanto contribuem para a corrida espacial dos Estados Unidos. Elas faziam parte de um grupo conhecido como “computadores humanos”, responsáveis por realizar cálculos essenciais para as missões espaciais, mas que enfrentam discriminação e segregação racial.

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Autor: estagiária Júlia Arruda sob supervisão da jornalista Sheila Lemes / Edição e revisão: Ana Paula Figueiredo