Uma das atividades que marcaram a programação do Novembro Negro, mês dedicado à celebração do Dia Nacional da Consciência Negra, foi a abertura da exposição “Políticas Afirmativas para além das cotas: Por Reparação e Bem Viver”, realizada nesta quinta-feira (6/11), na Casa de Cultura Nair Mendes, com a curadoria de João Carlos Pio de Souza e Yone Maria Gonzaga.
A mostra busca dar visibilidade às lutas dos movimentos sociais negros pela construção de políticas públicas de igualdade racial e pelo enfrentamento ao racismo nos últimos 30 anos, além de valorizar novas narrativas sobre a produção intelectual e os corpos negros. Também faz uma ponte até a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que ocorrerá no dia 25 de novembro em Brasília, destacando como as mulheres seguem cobrando do Estado ações reparatórias e para o bem viver. O público pode acompanhar essas e demais histórias ao longo da exposição.
A programação retrata a trajetória da luta política do movimento negro, com foco no período de 1995 até os dias atuais. Neste ano, celebra-se o 30º aniversário da Marcha Zumbi dos Palmares contra o Racismo, pela Cidadania e a Vida, marco histórico em que o movimento brasileiro pautou o Estado sobre a urgência de políticas públicas de enfrentamento às desigualdades raciais.
O secretário de Direitos Humanos e Cidadania, Marcelo Lino, destacou que o Novembro Negro é um mês repleto de atividades que representam a trajetória de consolidação das políticas afirmativas na cidade de Contagem. “O município tem protagonizado a discussão e a implementação dessas políticas, sendo uma cidade em que o segmento da população negra possui uma organização social muito relevante. Temos diversas conquistas no município, como a implementação da lei de cotas, entre outras já efetivadas. Este é um mês que dedicamos para celebrar essas conquistas, refletir sobre os avanços alcançados e, ao mesmo tempo, nos fortalecer para novas lutas, porque essa é uma construção contínua”, afirmou.
Raízes do Brasil
De acordo com o superintendente de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial, João Pio, que orientou a abertura da exposição, o acervo representa uma leitura histórica fundamental do movimento negro no Brasil, abrangendo diferentes regiões do país, inclusive a cidade de Contagem.
“O cenário atual nos convida a refletir sobre as permanências do racismo e das desigualdades no Brasil, sem deixar de reconhecer as conquistas alcançadas por meio das políticas públicas. A exposição propõe essa reflexão sobre a força do movimento negro e pela transformação social do Brasil. É fundamental destacar o papel do movimento negro, da juventude e das comunidades quilombolas, que têm sido essenciais na luta por direitos e na centralidade da pauta antirracista”. E finalizou: “Pode-se até falar da África sem citar o Brasil, mas é impossível entender o Brasil sem reconhecer a presença e a história da África”.

A abertura da exposição contou com a orientação de especialistas que apresentaram a história do movimento negro no Brasil - Fotos: Newton de Castro Rezende/PMC
Além do superintendente, a doutora em Educação pela UFMG, Yone Maria Gonzaga, também guiou a mostra, ressaltando a importância de contar a história de resistência negra nos materiais e documentos coletados ao longo do tempo e valorizar a participação das mulheres, jovens, pessoas idosas e sociedade civil na construção do movimento.
“A estética negra apresentada nesta exposição, que por tanto tempo foi desvalorizada, se expressa na corporeidade, nas cores e nos cabelos. O racismo está na raiz das desigualdades sociais. As pessoas negras estão entre as mais afetadas pela pobreza, pela falta de acesso a direitos e pela violência de Estado. O racismo não se limita às relações interpessoais, ele é também institucional e estrutural, atravessando toda a sociedade. Ser antirracista é agir, transformar práticas e promover mudanças nos espaços que ocupamos, na escola, no trabalho e na vida cotidiana. Este é o convite da exposição: reconhecer, refletir e agir pela transformação”, finalizou.
Serviço - Exposição “Políticas Afirmativas para além das cotas: Por Reparação e Bem Viver”
Data: até o dia 28/11, das 8h às 17h
Local: Casa de Cultura Nair Mendes (praça Vereador Josias Belém, 01 - Sede)
Obs.: Os grupos interessados em participar da visita guiada e no diálogo com os curadores devem entrar em contato pelo telefone 31 3352-5323.
Confira a programação em comemoração ao Novembro Negro em Contagem:
Organização: Ilé Axé D’Oxalufan
Horário: 9h às 16h
Local: rua Maria Augusta Belém, 248 - Vila Belém
Organização: Associação de Capoeira Sócio Cultural Unidos de Minas
Horário: 10h
Local: rua Tiradentes - Feira de Artesanatos do bairro Industrial
Horário: 9h30 às 11h30
Local: Rede Cidadã - av. Babita Camargos, 295, sala 207/208 - Cidade Industrial
Horário: 9h30 às 11h30
Local: Centro de Educação Ambiental Vargem das Flores/Parque Gentil Diniz – rua Maria do Carmo Diniz, 141 - Nossa Senhora do Carmo
Horário: 8h às 11h
Local: Escola Estadual Gov. Israel Pinheiro - rua Campos Sales, 39 - Parque Durval de Barros
Café com prosa – visitando memórias. Participação da rainha Gorete da comunidade quilombola dos Arturos
Horário: 17h
Local: Associação Comunitária do Bairro Ipê Amarelo - rua do Juazeiro, 30 - Ipê Amarelo
Entrega do Prêmio Zumbi e do Inventário de Patrimônio Cultural; e posse do Compir
Horário: 9h às 12h
Local: auditório da Escola Municipal Heitor Villa Lobos – praça Marília de Dirceu - Inconfidentes
Horário: 10h às 18h
Local: Mercado Central de Contagem - rua Humberto de Môro, 391 - Inconfidentes
Organização: Associação Arte Brasil Capoeira
Horário: 9h às 12h
Local: Curumim Parque São João
Organização: Associação Comunitária do Bairro Ipê Amarelo
Horário: 14h
Local: Associação Comunitária do Bairro Ipê Amarelo - rua do Juazeiro, 30 - Ipê Amarelo
Organização: Superintendência de Políticas para a Infância e a Adolescência
Horário: 13h às 16h
Local: Centro de Educação Ambiental Vargem das Flores/Parque Gentil Diniz – rua Maria do Carmo Diniz, 141 - Nossa Sra. do Carmo
Local: Associação Comunitária do Bairro Ipê Amarelo - rua do Juazeiro, 30 - Ipê Amarelo
26/11 - 14h - Palestra Racismo Territorial - superintendente de Políticas de Igualdade Racial de Contagem - João Pio
27/11 – 14h - Roda de Conversa sobre a História da África e Afrobrasileira
28/11 - 14h - Oficina de tranças
29/11 - 8h - Café com prosa, visitando memórias
Horário: 10h às 20h30
Local: Comunidade Quilombola dos Arturos – rua da Capelinha, 50 – Jardim Vera Cruz
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