Num evento marcado por emoção, memória e reconhecimento, a Fundação de Ensino de Contagem (Funec) inaugurou, nesta quinta-feira (30/10), o Espaço Professora Inês Teixeira, na unidade Cruzeiro do Sul. O novo ambiente, localizado na biblioteca da escola, abriga o acervo pessoal da pesquisadora e educadora Inês Teixeira (falecida em 2022), cuja trajetória foi marcada pela defesa da formação docente crítica e pela aproximação entre educação, cultura e cinema.
A cerimônia contou com a presença da irmã e do filho de Inês, Marcos Teixeira, além de amigos, ex-alunos e profissionais que atuaram com ela em diversos projetos. Estudantes do curso de audiovisual da Funec também participaram da homenagem, reforçando o papel político e simbólico da união entre educação e cultura na formação cidadã.
O secretário municipal de Cultura, Ramon Santos, destacou o legado afetivo e político da professora e sua contribuição para consolidar Contagem como um dos polos do cinema brasileiro.“Conheci a Inezinha há muitos anos, ela é meu exemplo, era brava, mas tinha um coração grande, de uma determinação ideológica entre posições políticas muito firmes. Contagem é o lugar que mais produz cinema. E isso tem muito do que ela ajudou a gente a fazer junto. Então, eu queria deixar o meu abraço à família e dizer que tenho um reconhecimento profundo pelo que ela fez pela cidade. É uma lembrança sempre de luta.”
A presidente da Funec, Renata Laureano, ressaltou a importância de manter viva a memória e os ideais da professora. “Recebi essa feliz notícia do acervo estar conosco e fiquei muito feliz. Acho que é o melhor lugar que poderia estar. É uma responsabilidade muito grande, mas tenho certeza de que assumimos isso de coração. Educação e cultura têm que andar de mãos dadas, temos que fazer valer a memória das pessoas e dos projetos que elas realizam.”
Para Ana Lúcia de Farias, professora e integrante do Grupo Mutum — fundado por Inês Teixeira —, o espaço é uma continuidade do trabalho que a educadora semeou ao longo de décadas. “É uma alegria perceber que a memória da Inês continua presente entre colegas e estudantes. Ela sempre achou importante que o cinema estivesse junto com outras artes dentro da escola. Nada melhor que a biblioteca, onde tem ciência, literatura e agora cinema, para concretizar esses ideais que ela plantou e que agora estamos colhendo.”
A professora de educação artística e curadora do Cineclube Contagem, Mônica Alves, explicou a concepção artística da mandala criada pelo professor Franklin Canturo em homenagem à educadora, que irá compor o espaço inaugurado na biblioteca da escola. “A ideia da produção da imagem da Inês junto ao acervo dentro da biblioteca era que não ficasse uma imagem sem vida. Nossa proposta foi apresentar quem foi ela e qual a referência que trouxe para a educação e o cinema. Sentimos que ela era uma semeadora, que trouxe a semente para Contagem. Escolhemos sementes com palavras de força que ela falava, e os meninos captaram isso por meio dos vídeos e do nosso bate-papo.”
A auxiliar de biblioteca da Funec Cruzeiro do Sul, Cléria Guimarães, comemorou a chegada do acervo à escola. “Tivemos a honra de receber aqui o acervo da professora Inês Teixeira, um acervo muito rico. São 954 exemplares de livros, fora os periódicos, revistas, CDs e DVDs. Aqui nós temos curso de audiovisual, e os alunos vão poder usar essas obras como fonte de pesquisa, conhecimento e memória.”
Inês Teixeira: a educadora que semeou olhares
Inês Teixeira trabalhou por anos como auxiliar de secretaria e dedicou sua vida à formação docente e à construção de uma educação crítica e sensível. Com trajetória acadêmica destacada, realizou pós-doutorado na Universidade de Barcelona, na Universidad Autónoma Metropolitana do México e na Universidade de São Paulo (USP), além de atuar como pesquisadora do CNPq e integrante dos grupos Prodoc e Mutum: Educação, Docência e Cinema. Lecionou na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), entre outras, e consolidou sua carreira na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde formou gerações de professores.
Autora de obras de referência como “Telas da docência: professores, professoras e cinema” e “Outras terras à vista”, pela Editora Autêntica, e “Viver e contar experiências e práticas de professores de matemática”, pela Livraria da Física, Inês também coorganizou a coleção Educação, Cultura e Cinema e a seção “Educar o olhar” da Revista Presença Pedagógica.
Sua atuação uniu o cinema ao ensino, inspirando novas práticas pedagógicas e fortalecendo a relação entre educação, cultura e arte. Hoje, Contagem é reconhecida como um dos principais polos do cinema brasileiro, com produções premiadas internacionalmente — fruto das sementes que Inês ajudou a plantar.
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