A conscientização para o diagnóstico precoce e combate ao câncer de mama ganha força neste mês, o Outubro Rosa, que conta com diversas campanhas para orientar as mulheres sobre a importância de realizar os exames. A doença segue no topo da lista entre os tipos que mais acometem mulheres, podendo atingir a marca de 74 mil novos casos somente este ano no Brasil, sendo 8.000 em Minas Gerais, segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA).
Os números são altos e tornam ainda mais importantes as ações do Outubro Rosa. “A gente incentiva a realização de exames, porque, quanto mais cedo for diagnosticado o câncer de mama, maiores as chances de cura, reduzindo os riscos de a paciente ter que passar por tratamentos mais agressivos e demorados”, explicou o mastologista do Centro Materno Infantil de Contagem (CMI), Mauro Henrique Muniz Goursand.
Em Contagem, são realizadas, em média, 500 mamografias de rastreamento por mês, sem contar os exames feitos para o controle da doença. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, a cidade tem hoje 57 mil mulheres com idade entre 50 e 70 anos, público-alvo principal para diagnóstico. A meta é que 30% dessas mulheres façam mamografia pelo menos a cada dois anos. Isso é importante, já que a descoberta da doença em estágio inicial amplia as opções de tratamentos e favorece a manutenção da qualidade de vida da mulher.
“O risco de não fazer o diagnóstico precoce é descobrir a doença em uma fase mais tardia, precisando recorrer à quimioterapia, por exemplo, ou um tratamento mais complexo. Há, inclusive, o risco de metástase, que é quando as células cancerosas se desprendem e passam para outros órgãos do corpo, gerando novos tumores. Uma vez que isso acontece, as possibilidades de cura da doença já são muito menores”, alertou o mastologista.
Autoexame é importante, mas não pode ser o único
Durante o Outubro Rosa se fala muito sobre a importância do autoexame, que pode ser feito pela mulher enquanto toma banho, por exemplo, ao apalpar o próprio seio para perceber se há alguma alteração. Esse é um gesto de autocuidado que todas devem ter, como medida preventiva, mas que, segundo o especialista, não é o suficiente.
“Quando a mulher faz o autoexame e percebe alguma alteração, o indicado é que ela procure um médico especialista, para fazer outros exames, entre eles a mamografia. Porém, mesmo quando ela não percebe alterações, é indicado seguir os protocolos de prevenção, fazendo a mamografia regularmente, pois nem sempre se constata a doença apenas apalpando a região”, ressaltou o especialista.
Por isso, os médicos reforçam a importância do autoexame, mas indicam que mulheres com mais de 40 anos façam anualmente a mamografia. “Este é o único exame que possibilita diminuir em 30% o risco de câncer de mama, ao diagnosticar a doença de forma precoce. É oportuna a conscientização para que façam o autoexame, mas também a realização da mamografia”, destacou o mastologista.
Vale lembrar que a atenção deve ser redobrada caso a paciente tenha histórico familiar de câncer de mama ou outras condições de saúde que possam favorecer o desenvolvimento da doença. “O câncer de mama é uma doença multifatorial e, por isso, é essencial identificar casos da doença entre familiares de primeiro grau (irmão, irmã, pai e mãe), ou então dois ou mais parentes de segundo grau acometidos pela doença”, afirmou Mauro Henrique.
“Uma mulher que tem duas tias, uma de 50 anos e outra de 40 anos com diagnóstico de câncer de mama, por exemplo, deve começar a fazer os exames aos 30 anos. Caso a mãe dela tenha sido diagnosticada aos 43 anos, o acompanhamento deve iniciar aos 33 anos”, explicou o especialista.
Decisões que impactam o futuro
Ter consciência da importância do diagnóstico do câncer de mama em estágio inicial, pode definir a qualidade de vida e o próprio futuro da mulher. “Uma paciente diagnosticada precocemente, geralmente faz um tratamento menos invasivo e, depois, só precisa seguir fazendo um controle. Já a paciente com a doença mais avançada ou em estágio de metástase, vai passar por tratamentos mais agressivos, que podem durar pelo resto da vida”, alertou Mauro Henrique.
Em casos mais graves da doença, o mais indicado é a realização de cirurgia para a retirada da mama, uma medida severa, mas que visa preservar a vida das mulheres. Em 2023, foram realizados 81 procedimentos cirúrgicos eletivos no bloco obstétrico do CMI, em atendimento às pacientes diagnosticadas com câncer de mama em estágio não avançado. Entre janeiro e setembro de 2024, já foram feitas 50 cirurgias com o mesmo objetivo. Por isso, o alerta: cuide-se! Faça o exame e previna a doença!