A Prefeitura de Contagem realizou a primeira edição do Projeto AcessoCidades, entre os dias 6 e 9 de fevereiro, com o objetivo de promover o diálogo com as várias esferas da sociedade e apresentar alternativas que ajudem na melhoria da mobilidade urbana e acessibilidade do município.
Coordenado pela Autarquia Municipal de Trânsito e Transportes de Contagem (Transcon) e em parceria com a Frente Nacional de Prefeitos (FNP), o evento contou com a presença de técnicos, servidores públicos, representantes das regionais do município, associações comunitárias, movimentos sociais e vereadores, que debateram as políticas de mobilidade urbana com foco nas questões de gênero e raça, a partir da apresentação de estudos que ajudam a identificar como os problemas afetam a população.
Durante os quatro dias, o projeto colheu depoimentos e promoveu conversas que ocorreram em dinâmicas participativas que visaram pluralizar o debate do tema. No primeiro dia, desenvolveram-se diálogos em grupos focais com recorte de gênero e raça. No segundo, uma série de entrevistas individuais foram feitas com representantes de diversas secretarias do município, grupos organizados e políticos para diagnosticar as perspectivas de cada um em relação à mobilidade e acessibilidade. Foram realizadas, ainda, palestras e oficinas na tenda da Prefeitura de Contagem para apresentar os resultados dos estudos feitos previamente em conjunto com os dados obtidos nos dias anteriores.
A superintendente de Políticas Públicas das Mulheres e integrante da gestão do Programa Bem-Me-Quero, Neimara Coelho, falou sobre a abertura de diálogos mais focados. “Entendo que é importantíssimo pensar a mobilidade urbana na perspectiva das mulheres e da pessoa com deficiência. O direito à cidade e à mobilidade urbana, do ponto de vista das mulheres, é a nossa luta constante pela igualdade de gênero e ela passa pelo acesso e direito à cidade”.
Troca de ideias
Nos exercícios realizados em grupos, os participantes discutiram os principais problemas de mobilidade, bem como as melhores formas de solucioná-los. Após o exercício, foi apresentada a primeira palestra, que abordou temas como desigualdades de classe, raça e gênero na mobilidade e acessibilidade urbana.
Além disso, também foram abordados diagnósticos locais e os principais desafios identificados após o estudo, como questões de renda da população mais pobre e o atendimento do transporte público nessas regiões, gastos com deslocamentos, focados principalmente nas mulheres e população negra.
O coordenador da FNP, César Medeiros, apontou que o viés de raça e gênero é pouco trabalhado pelas administrações públicas e pela sociedade, e indicou como positiva a ação de estudos que visam a mudança do plano de mobilidade.
“Quando Contagem se propõe a revisar o seu plano, colocando o enfoque de raça e gênero, você faz com que a sociedade, gestores e as organizações, pensem de forma diferente. A gente viu nas apresentações que as mulheres são as que mais usam o transporte público, principalmente fora do horário de pico. Além disso, muitas não o utilizam porque não têm acesso ou por receio da segurança. Logo, é preciso pensar políticas a partir dessas informações. Esse é o grande desafio: como mudar esse pensamento para os planos de mobilidade que virã”.
Especialista em mobilidade urbana do Projeto AcessoCidades, Tainá Bittencourt, comentou sobre como os estudos levantados podem ajudar na busca por soluções. “A gente sempre parte do pressuposto do planejamento de políticas públicas com base em evidências. Se a gente não tiver dados ou não souber o que está acontecendo na cidade, não conseguiremos promover mudanças e fazê-las de fato efetivas e eficientes, de modo a atingir o objetivo proposto”.
As apresentações de alternativas, que visam a melhora nos pontos carentes evidenciados, foram abordados e serão avaliados dentro do contexto do novo Plano de Mobilidade Urbana para Contagem.
O presidente da Transcon, Marco Antônio Silveira, enfatizou que "o conceito de inclusão social está atrelado às políticas públicas que a Prefeitura de Contagem vem implantando, nas diversas áreas de sua responsabilidade, como a educação, saúde, meio ambiente e mobilidade urbana”.