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SET
15
15 SET 2021
DESENVOLVIMENTO URBANO
PARTICIPAÇÃO POPULAR
Pré-conferência “Cidade em Movimento” trouxe reflexões e debates sobre a mobilidade urbana
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Com formato virtual e participação popular, a 2ª Pré-conferência para revisão do Plano Diretor, com o tema “Cidade em Movimento”, foi realizada na terça-feira (14/9). Esta foi uma das etapas preparatórias para a IV Conferência de Política Urbana de Contagem, a ser realizada em dezembro deste ano. 

O convidado especial desta vez foi o professor Rômulo Orrico, doutor em Urbanismo pela Universidade de Paris e mestre  em Engenharia de Produção pela UFRJ. 

Também participaram o consultor do Sindicato de Empresas de Transporte de Carga de MG - Setcemg, Luciano Medrado, e o presidente da Autarquia de Transporte e Trânsito de Contagem - Transcon, Renato Guimarães Ribeiro, que discorreu sobre o Sistema de Transporte Público Coletivo em curso, cuja revisão está ocorrendo junto com a revisão do atual do Plano Diretor.

O levantamento de questões, debates e respostas que permeiam o eixo “Cidade em Movimento”, assim como outros três eixos, não se encerram nas pré-conferências temáticas, mas vão prosseguir nas conferências regionais para serem aprovadas pelos delegados de cada região e servirem de base para a revisão do Plano Diretor.

Durante a live, Renato Ribeiro falou sobre os desafios da mobilidade urbana em Contagem e apresentou as principais propostas da Transcon para o setor de trânsito e transporte. A autarquia iniciou a revisão do Plano de Mobilidade Urbana e do Sistema Integrado de Mobilidade - SIM e planeja diversas ações de fomento ao Transporte Ativo na cidade.

Um desafio enfrentado pela Transcon é o fato de que grande parte dos moradores de Contagem utiliza o transporte metropolitano, sob a responsabilidade do governo do Estado, sobre o qual a autarquia não tem gestão direta. Segundo Renato, cerca de 400 mil deslocamentos dos moradores são feitos para outras cidades da região metropolitana, enquanto 370 mil são deslocamentos internos, apenas dentro do município.

Renato destacou a importância de se desenvolver  um grande pacto pelo transporte coletivo com a sociedade, expondo os limites orçamentários e definindo ações prioritárias e capazes de atender com eficiência os moradores. Ele falou da necessidade de se rever as tarifas do transporte e também de se construir um sistema que atenda às vilas e favelas do município.

Renato ressaltou ainda a proposta da Transcon de criar um Plano de Mobilidade Ativa para Contagem, que garanta segurança aos pedestres e ciclistas, com a implantação de ciclofaixas, ciclovias e locais adequados para o caminhamento.  Ele também afirmou a necessidade de se planejar a logística urbana, conciliando a circulação de cargas – característica do município – com a circulação local dos bairros e áreas residenciais.

Desafios de integração 

O professor Rômulo Orrico discorreu, por sua vez, sobre os desafios da integração da mobilidade e o desenvolvimento urbano; a mobilidade no planejamento da cidade e a sua relação com o uso do solo e com o desenvolvimento sustentável. Também abordou sobre as dificuldades recorrentes de soluções usuais e a necessidade de se promover o uso dos espaços mais perto das pessoas sem o transporte motorizado.

“Tem que se investir em infraestrutura e em serviços que promovam o enraizamento, integrar e articular as localidades. E para a redução de tarifas, buscar recursos de beneficiados que não sejam só os usuários do transporte público”, defendeu Orrico em sua explanação que, segundo ele, “pretende contribuir para a reflexão”. 

Como observou, um dos elementos balizadores no tema “A Mobilidade no Planejamento”, diz respeito à estrutura integrada de vida, trabalho e mobilidade que, inclusive, vai nortear o desenvolvimento urbano nas próximas décadas.

Como base para análises e proposições, o professor Rômulo citou a necessidade de conter o adensamento; reduzir a estrutura radial dos deslocamentos metropolitanos; fortalecer as centralidades selecionadas e suas articulações como os vizinhos e promover o desenvolvimento econômico e social articulados com as potencialidades.

“É por meio da oferta facilitadora de transporte que a demanda de desenvolvimento vai crescer”, salientou Rômulo, para acrescentar que entre os objetivos estratégicos é preciso reorganizar o financiamento do transporte público de forma que este beneficie a economia e valorize os imóveis. “Que os automobilistas tenham menos tempo de viagem e que o transporte público tenha menos engarrafamento. Porém, não poderá ser só o usuário a pagar por esta reorganização”, ponderou ele.

 Vitalidade e oportunidades

 O consultor do Setcemg,  Luciano Medrado, disse que o nível de renda da população que utiliza o transporte público está desnivelado, tornando este transporte injusto, já que apenas 15,2% do transporte público tem a gratuidade e o seu principal usuário é a população de baixa renda.  “Temos que rever o modelo de financiamento para melhorar, pois os problemas nas cidades são comuns: tarifa cara, insatisfação do usuário, dificuldade nos passeios para a mobilidade ativa, dificuldade para a prática da bicicleta, dentre outros”, salientou. Segundo ele, Contagem possui um adensamento grande em bairros e regiões e é  cortada por grandes vias e rodovias, por isso tem-se que reforçar e investir nas centralidades com trabalho e serviços de maneira a possibilitar distâncias menores para se ter uma cidade  mais barata e mais inteligente”.

 Para Luciano Medrado, hoje, a vitalidade de uma cidade é a oportunidade do bem viver que ela oferece. Ele citou que 38% da locomoção das pessoas vai em direção aos empregos, 26% para a educação, seguindo o restante para  lazer, saúde e consumo. Para ele, existe uma incompatibilidade de renda do usuário com a efetividade do transporte. “Então temos que pensar a mobilidade não só junto ao desenvolvimento urbano, mas junto ao desenvolvimento social. Se não houver essa integração, não haverá melhoria no transporte. A gestão deve se ocupar com a oferta e não com a demanda e servir à acessibilidade de todos”, definiu.

 

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