As vilas União da Ressaca e Novo Boa Vista, na regional Ressaca, foram escolhidas para a atuação do Projeto Rondon Minas no último final de semana (6 e 7 de julho). Estudantes de 12 universidades do Estado, de diversas áreas do ensino, como enfermagem, serviço social, direito e engenharia, participaram da primeira etapa do projeto, que consistiu em fazer um diagnóstico, por meio da aplicação de questionários nas comunidades.
As informações levantadas reúnem temáticas para debates de problemas, necessidades enfrentadas pelo moradores e potencialidades em áreas como meio ambiente, saúde, educação, assistência e trabalho e renda. Após o resultado do senso participativo serão executadas ações socioeducativas nas comunidades em parceria com a Prefeitura de Contagem, de acordo com as prioridades apontadas.
Segundo a presidente do Instituto Rondon Minas, Mônica Abranches, Contagem foi escolhida para receber o projeto no momento em que a prefeitura faz obras para melhoria da infraestrutura das vilas de Contagem. “Surgiu a possibilidade da parceria, pois ao mesmo tempo que a Secretaria Municipal de Obras tem interesse em fazer essas pequenas intervenções para melhorar a vida das pessoas nas vilas, nós também podemos fazer um diagnóstico para levantar outras demandas e trabalharmos nas áreas de saúde, meio ambiente, descobrir potencialidades na área de geração de renda, que dá pra casar esse viés da assistência social, da economia solidária, com o das obras”, disse.
O administrador da Regional Ressaca, Rodrigo Tomaz, acompanhou os integrantes do Projeto Rondon e ressaltou o benefício da parceria. “Esse projeto é muito importante, foi criado pelo marechal Rondon há 100 anos. Inicialmente, trabalhava mais no interior do Estado e do país, nos bolsões de pobreza. É a primeira vez que eles vão fazer um laboratório na Região Metropolitana e escolheram Contagem e a regional Ressaca. Para se ter uma ideia, o custo de um senso como esse é muito alto, e eles fazem voluntariamente. Estamos com muita expectativa e aguardamos para ver qual a tratativa prioritária”.
Maria Luiza Araújo, estudante de odontologia da UFMG, já tinha participado outras vezes do Projeto Rondon. “Digo que existe a Maria Luiza de antes do Rondon e a Maria Luiza de depois. O projeto mudou a minha vida de verdade. Foi um choque de realidade muito grande. E principalmente no meu curso, que faço curso de elite, considero que vivia numa bolha, pois não tinha contato com essa realidade. Isso determinou até o que eu quero fazer da vida e o meu futuro na profissão. Hoje meu sonho é trabalhar no SUS”.
Lorrayne Bissoli cursa o 7º período de design de ambientes na Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg) e pela primeira vez se inscreveu no Rondon. “Achei interessante, gosto desse tipo de trabalho. Quando fui nas palestras vi que não era uma coisa imediatista. No meu curso fazemos projetos sociais, pois o design tem um olhar interdisciplinar, então posso contribuir e aprender muito”, afirmou.
Atuação na comunidade
“A missão do projeto é pensar a intervenção junto às comunidades numa dimensão de emancipação do ser humano com ênfase à informação, à organização social e ao incentivo à solidariedade, e a universidade trabalha para que essas ações de intervenção social em comunidades carentes sejam a base para a solução dos problemas locais”, destaca o Instituto Rondon Minas.
Moradora da vila União da Ressaca há 42 anos, Luiza Valentim de Freitas afirma que a vida tem melhorado. “Graças a Deus, estamos sendo beneficiados com muitas coisas, como a canalização dos esgotos, a abertura das ruas, pois não tinha passagem para carros. Ainda precisamos de muito mais, por isso vejo com bons olhos essa ação de conhecer o que cada família precisa, ouvindo um a um”, afirmou.
A líder comunitária Camila Regina Alves Araújo ressalta que a comunidade precisa realmente de um mapeamento para que o poder público saiba as reais demandas e preste a devida assistência. “Foi muito bom sermos contemplados pelo Rondon. Estou vendo que eles coletam informações sobre as questões sociais, e isso pode nos direciona. É uma semente sendo plantada para mudar a realidade das famílias”, disse.
De acordo com Mônica Abranches, não é preciso grandes ações para melhorar a vida das pessoas. “Às vezes, uma formação para o trabalho já faz isso. Tenho certeza que aqui vamos conseguir pessoas que têm muito talento para questões manuais e podemos criar um grupo de economia solidária, por exemplo. Tentamos ter esse olhar com pequenas ações para trazer mais qualidade de vida”, concluiu.