Jéssika Bruna de Lima e Lais Stefane têm 26 anos e histórias semelhantes. Recentemente, ambas tiveram filhos no Centro Materno Infantil (CMI) Juventina Paula de Jesus, que faz parte do Complexo Hospitalar de Contagem. Nos dois casos, os bebês nasceram prematuros e estão internados na ala neonatal. A única diferença é que Jéssika, que mora em São José da Varginha, está alojada no CMI para acompanhar o dia a dia das filhas gêmeas, enquanto Lais, moradora do bairro Colonial, em Contagem, apenas passa o dia no Centro Materno ao lado da sua pequena.
As duas mamães têm outra coisa em comum: elas estão muito satisfeitas com a estrutura e o tratamento que estão recebendo no CMI. E as estatísticas comprovam a satisfação de pacientes e familiares com os resultados dos investimentos feitos pela Prefeitura de Contagem no Complexo Hospitalar desde o início de 2017. De acordo com o Departamento de Informática do SUS (DataSUS), em 2016 foram registradas 12.440 internações pelo Sistema Único de Saúde em Contagem, incluindo o Hospital Municipal José Lucas Filho, o CMI e os leitos conveniados no Hospital Santa Rita. No ano seguinte a quantidade de internações subiu para 16.325 e para 19.161 em 2018.
No comparativo entre 2016 e 2018, o aumento das internações pelo SUS, com a ampliação de leitos hospitalares, foi de 54% em Contagem. O Município, portanto, está na contramão da tendência nacional. Segundo levantamento do Conselho Federal de Medicina divulgado em 2018, nos últimos oito anos mais de 34,2 mil leitos de internação foram desativados na rede pública em todo o país. Eram 336 mil leitos para uso exclusivo do SUS em 2010, número que caiu para 301 mil em 2018. A média é de 12 leitos fechados por dia no período analisado.
Os leitos de internação são destinados a quem precisa permanecer no hospital por mais de 24 horas. A redução destes leitos pode provocar atrasos em diagnósticos e no início de tratamentos, elevando o tempo de internação de pacientes em emergências e o risco de contrair doenças e infecções.
Gratidão
Jéssika acompanha as filhas gêmeas há cinco meses no CMI. “Elas nasceram com 24 semanas e quatro dias, mais ou menos cinco meses de gestação. O atendimento que a gente tem aqui é ótimo. As equipes nos tratam como se fôssemos da família. Eu acho que aqui é uma referência para parto de prematuro. Não falo só por mim. A gente poder contar com esse amparo do sistema público de saúde faz toda a diferença na vida dos nossos filhos que estão internados. Como poderíamos pagar por todas as cirurgias e procedimentos? Como conseguiríamos pagar diárias de CTI?”, ressalta. Lais acompanha a filha há dois meses. “Minha filha nasceu de 26 semanas, quando eu ia completar seis meses de gestação. Sou muito grata à equipe deste hospital por ela estar viva”.
[caption id="attachment_27934" align="alignleft" width="300"] Paulo Gregório está internado no Complexo Hospitalar se recuperando de um problema cardíaco[/caption]R$ 310 milhões de recursos municipais destinados à Saúde em dois anos
Por trás da ampliação de leitos e internações pelo SUS em Contagem estão investimentos em ciência e tecnologia, pessoal, equipamentos e reestruturação física do Complexo Hospitalar. A Superintendência de Planejamento, Orçamento e Finanças da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) aponta a destinação de 28,51% de todos os recursos próprios da Prefeitura em 2018, o que corresponde a quase R$ 310 milhões.
Recursos que salvam vidas, como a de Paulo Gregório de Assis. Ele mora no bairro Monte Sinai, na divisa de Contagem com Esmeraldas, e completou 50 anos, em 12 de fevereiro, internado na enfermaria do Hospital Municipal, após sofrer arritmia cardíaca. “Foi a primeira vez que precisei ficar internado. O pessoal aqui é muito atencioso comigo. O tratamento é bom, mas já estou me sentindo bem e quero ir para casa assim que possível. Não quero voltar, é melhor dar lugar para outro”, brinca Paulo.
Continuidade
O superintendente do Complexo Hospitalar de Contagem, João Pedro Laurito Machado, reforça que o aumento das internações ocorre em um contexto de adequações, sem que o atendimento à população seja prejudicado. “O aumento verificado nas internações se deve não somente à reabertura de leitos de CTI, de novos leitos de enfermaria, do novo Centro de Trauma e de mais salas cirúrgicas. Também é reflexo da implementação de uma filosofia que busca humanizar ambientes, adequando-os à legislação e oferecendo mais conforto a pacientes e servidores. Essa filosofia terá continuidade com a chegada do Instituto de Gestão e Humanização (IGH), que desde janeiro deste ano administra o Complexo Hospitalar e as Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) em parceria com a Administração Municipal. Em janeiro houve recorde histórico de internações no CTI do Hospital Municipal”, afirma.
Foram feitos investimentos nos serviços de urgência e emergência e na média complexidade. Em 2017 e 2018 o Complexo Hospitalar recebeu cerca de R$ 6 milhões em melhorias no parque tecnológico, reestruturações de processos e escalas.
No início de 2017, dez leitos de CTI foram reabertos e o Complexo passou a contar com 28 leitos. Em se tratando de todos os tipos de leitos hospitalares, a quantidade saltou dos 199 para 360. Com o novo Centro de Cirurgia e Traumatologia, inaugurado no início de 2018, o Complexo Hospitalar passou a contar com oito salas cirúrgicas, dobrando a capacidade. A enfermaria cirúrgica, para onde as pessoas operadas são encaminhadas para recuperação, também foi ampliada e atualmente conta com 60 leitos, mais que o dobro de 2017.
Recursos também foram destinados à assistência materno-infantil. Em agosto de 2017 foi iniciada a transferência da enfermaria pediátrica, do CTI neonatal e da UCI/CTI pediátrica, do Hospital Municipal para o Centro Materno Infantil, que até então funcionava com apenas 30% de sua capacidade e passou a oferecer toda a sua estrutura à população. Salas de pré-parto, parto e puerpério (PPP) foram abertas e foi inaugurado o Pronto-Atendimento Infantil. Além disso, a Casa de Apoio à Gestante e Puérpera (Cagep) passou a funcionar em um local muito mais apropriado.