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Foi em meio ao isolamento da pandemia, após um roubo em sua residência que danificou fotografias pessoais, que a artista Nívia Martins deu início ao processo criativo da exposição “reveLAR: memórias em aquarela”, em cartaz na Casa da Cultura Nair Mendes Moreira até o dia 9 de junho. A mostra, viabilizada com recursos do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (FMIC), reúne cerca de 20 obras inéditas, resultado de um trabalho de reconstrução simbólica por meio da aquarela.
“Eu comecei a pintar essas aquarelas naquele tempo em que a gente estava trancado dentro de casa. Era pandemia, um período muito difícil. Meu trabalho normalmente é mais abstrato, mas surgiu essa vontade de pintar de outro jeito, algo mais íntimo”, conta Nívia. O ponto de partida foram fotos pessoais que haviam sido estragadas com água durante o assalto. “Algumas imagens ficaram completamente comprometidas, outras mostravam só fragmentos. Fui fazendo a partir do que sobrou. Ressignifiquei aquelas memórias através da pintura", contou.
A mostra não apenas reconstrói imagens, mas também destaca os silêncios. Nívia optou por deixar espaços em branco em muitas das aquarelas, criando uma conversa entre o que é mostrado e o que permanece oculto. “Tem uma frase do Kandinsky que diz que o branco é o silêncio. E eu quis trazer isso. Não mostrar tudo. É como se fosse um ‘revelar sem revelar’. Ou então, como eu costumo dizer, revelar o silêncio.” Entre as obras, uma das que mais emocionam a artista é a pintura de um vaso de plantas cultivado por ela e seus filhos. “Aquele vaso foi plantado em família, cada um escolheu uma flor. Quando fui pintar, ele já não tinha mais flores, mas me lembrei do amarelo, que é luz, e quis trazer isso como esperança para a gente naquela pandemia”, relembra.
A escolha da Casa da Cultura como local da exposição também carrega um significado pessoal. “A casa tem esse clima mais intimista, que combina com a delicadeza da aquarela. Quando passei por ali, pensei: é aqui. A arquitetura e a história do lugar se conectam com a proposta do trabalho. Minha primeira exposição foi realizada na Casa, com obras maiores. Agora, essa mostra dá continuidade à minha trajetória artística, mas num tom mais sensível, mais silencioso”, diz Nívia.
A artista convida o público a visitar a mostra e a olhar para suas próprias memórias com outros olhos. “Quero que as pessoas sintam que podem transformar suas dores em algo bom. Como dizem: de um limão, fiz uma limonada. A arte tem esse poder de nos transformar. Às vezes, você entra em uma exposição e sai com outra cabeça, pensando diferente. Isso é maravilhoso.”
Serviço Exposição:reveLAR – memórias em aquarela, de Nívia Martins Data: até 9 de junho Local: Casa da Cultura Nair Mendes Moreira – Praça Vereador Josias Belém, 1 – Centro Entrada gratuita Horário: segunda a sexta-feira, das 8h às 17h
Autor: estagiário João Vieira sob a supervisão de Pablo Abranches / Edição Carol Cunha