O início do ano é sempre um período complicado para a manutenção dos estoques de sangue em níveis seguros, uma vez que há maior ocorrência de acidentes nas festas de fim de ano, nas férias, no Carnaval e no feriado de Semana Santa. Além disso, as doações diminuem nessa época, aumentando ainda mais o risco de que falte sangue para quem precisa. Este é um retrato do que estamos vivendo neste momento, com estoque considerado crítico para alguns tipos sanguíneos no Hospital Municipal de Contagem (HMC).
De acordo com a enfermeira da Agência Transfusional do HMC, Cristiane Nery Santos Madureira, os níveis de sangue, hoje, podem ser considerados baixos para todos os tipos sanguíneos, mas está crítico para o grupo O+ e O-. “Precisamos incentivar a doação de todos os tipos sanguíneos, pois corremos o risco de faltar para uma cirurgia ou uma emergência qualquer que venha a acontecer”, alertou.
Estoque de sangue na Rede Hemominas em 8/3/2024 - Fonte: Fundação Hemominas
A enfermeira afirma que os estoques já estavam baixos antes, mas que a epidemia de Dengue gerou uma pressão ainda maior sobre o banco de sangue. “A situação do estoque já estava complicada por causa da baixa adesão da população à doação de sangue. Atualmente, pela necessidade elevada do uso de plaquetas em pacientes acometidos por quadros graves da Dengue, este cenário chegou a níveis mais críticos ainda”, explicou. Cristiane Nery destaca que as pessoas podem doar em qualquer unidade da Fundação Hemominas, mas devem dizer que a doação é para o Hospital Municipal de Contagem para que seja direcionado para o nosso banco de sangue.
Conscientização para doar
O trabalho de captação de doadores de sangue é diário. Esse é o papel desempenhado pelo técnico em enfermagem, Abdalgane Allysson Momede Rezende, mais conhecido como Bil. Ele desenvolve ações internas no HMC para conscientizar sobre a importância da doação, além de abordar familiares de pacientes internados, entre outras pessoas que visitam a unidade, para incentivar o gesto. “Estamos fazendo continuamente o trabalho de captação de doadores, seja direto com os pacientes que utilizam os serviços do hospital, pessoas que frequentam a unidade para consultas ou exames, além das que vêm somente para visitar os pacientes”, explicou.
Para doar sangue é necessário:
Estar em boas condições de saúde;
Ter entre 16 e 69 anos de idade. Jovens de 16 e 17 anos podem doar, acompanhados pelo responsável legal ou portando autorização disponível no link. A partir de 61 anos, o candidato à doação precisa comprovar a realização de, pelo menos, uma doação anterior;
Doar e incentivar a doação
Flávia Rodrigues Monteiro, que está com o pai internado no Hospital Municipal de Contagem, afirmou que nunca tinha doado sangue, mas já havia participado de campanhas de doação para familiares e colegas. “Doar foi maravilhoso. Eu até brinquei com o pessoal lá, que foi como se estivesse doando sangue na casa da avó, porque eles são atenciosos. É um ambiente bom, uma energia positiva. Muitas pessoas têm um certo estigma, um medo de que vai ver o sangue, mas é tudo muito tranquilo. É um processo muito positivo, acolhedor, porque as pessoas que trabalham com isso, em todas as etapas, são muito acolhedoras”, lembrou.
Mais do que doar, é importante incentivar todos que estão à nossa volta a também fazer este gesto, que no caso de Flávia Rodrigues veio de forma inesperada. “Um paciente que estava internado no CTI, ao lado do meu pai, também precisou de sangue.
O familiar dele fez uma imagem para enviar pelo WhatsApp e me passou para que eu também pudesse usar. Aí eu mandei para vários grupos, individualmente para muitas pessoas e busquei reforçar pessoalmente com quem eu consegui encontrar, justamente para mostrar tanto a importância da doação quanto a tranquilidade do processo todo”, explicou.
Para quem doa, mais do que apenas a lembrança do gesto, fica o sentimento de poder salvar vidas.