A Prefeitura de Contagem está investindo em obras que vão mudar os próximos períodos de chuvas na cidade, melhorando a infraestrutura urbana para a absorção dos altos volumes de água. As ações implementadas vão de pequenas intervenções a grandes obras, executadas ou em execução, nos últimos três anos.
Como é o caso das bacias de contenção B2 (Rio Volga), concluída recentemente, B3 (Vila PTO), B4 (Vila Itaú) e B5 (Toshiba), localizadas nas regiões do Riacho, Eldorado e do Industrial. As obras, em estado avançado, estão em curso desde 2023, e terão, juntas, capacidade para reter 550 milhões de litros de água das chuvas, quando estiverem todas concluídas.
Além das bacias, a obra de macrodrenagem da avenida Pio XII, no Água Branca, e a construção da avenida Maracanã, maior obra de infraestrutura, mobilidade e saneamento em execução no município.
Construção do viaduto sobre a LMG 808 - Foto: Janine Moraes/PMC / Abertura do tráfego na avenida trecho concluído - Foto Luci Sallum/PMC
Desta forma, a Prefeitura esclarece pontos relativos aos alagamentos e inundações registradas na virada do ano de 2023 para 2024.
- As bacias B2 (Rio Volga) e B5 (Toshiba) estão em funcionamento? Por que não resolveram o problema das enchentes na divisa das regiões Eldorado e Riacho (avenida Francisco Firmo de Matos)?
A bacia B2, no Riacho das Pedras, conhecida como Rio Volga e construída em parceria com o Estado, foi concluída, em outubro de 2023, e já opera em sua totalidade, com capacidade para conter 27,1 milhões de litros de água. Porém, de forma isolada, não suporta o volume da chuva quando cai em grande quantidade, em um período curto de tempo, como ocorreu na virada do ano, ficando com sobrecarga. O problema será solucionado quando a obra da bacia da Toshiba, que iniciou recentemente, for concluída. A previsão de conclusão é para meados de 2024. Além disso, a atual rede de drenagem da av. Francisco Firmo de Matos não suporta altos volumes de água. Problema que será resolvido com a ampliação do sistema de escoamento a ser executado em parceria com o governo de Minas.
Galeria para contenção da água de chuva da bacia B2 (Rio Volga) - Foto: Luci Sallum/PMC / Área superior a ser transformada em praça - Foto: Adelcio Ramos/PMC
Mapa com obras executadas e em execução pelo governo de Minas (a bacia B7A não faz parte do atual pacote de intervenções)
- Em relação às vilas Samag e Marimbondo, que foram diretamente atingidas pelas últimas chuvas, o que tem sido feito?
De acordo com a Secretaria de Obras e Serviços Urbanos (Semobs) o problema de alagamentos na Vila Marimbondo está relacionado a diversas questões que se acumularam ao longo dos anos passados, entre elas a ocupação urbana irregular (construções e o desenvolvimento da área foram realizados de maneira desordenada e sem observar as normas ambientais ou planejamento da cidade, embora algumas casas estejam cadastradas no município e contribuam com o pagamento do IPTU). Por não ser uma área planejada, há ausência de sistema de escoamento eficiente que comporte a quantidade das águas de chuva. Para resolver o problema, soluções já estão sendo pensadas pela atual gestão municipal, como as bacias de contenção e a ampliação da rede de drenagem.
Na Vila Samag, o problema é muito antigo e foi agravado com a ocupação irregular de parte da avenida 5, com construção de moradias irregulares sobre a galeria de macrodrenagem existente no local. Dessa forma, as inundações ocorrem na região pela insuficiência de vazão, tanto do canal existente na avenida 5, onde se localiza, como do canal da avenida Francisco Firmo de Matos no trecho exato entre a avenida 5 e a avenida General David Sarnoff próximo à trincheira José Quintão Romero.
Para resolver os problemas, será necessário também fazer a implantação de bacias projetadas como hoje estão sendo feitas as bacias B2 , B3, B4 e B5. Mas para isso, a Prefeitura informa que até o momento, estudos apontam ser necessário fazer a remoção de algumas moradias que hoje ocupam a Vila Samag.
- E as bacias B3 (PTO) e B4 (Vila Itaú), estão em funcionamento?
Não, ainda estão em construção. A Bacia B3, localizada entre a avenida Babita Camargos e o córrego Água Branca, onde era a Vila PTO, terá capacidade de armazenar quase 103 milhões de litros de água. Já a bacia B4, situada na Vila Itaú, abrange uma área de 61.276 m², e terá capacidade de armazenamento em torno de 377,5 milhões de litros de água. As duas encontram-se em construção e têm como objetivo reduzir, significativamente, o risco de inundações na região, melhorando a gestão das águas pluviais e a infraestrutura urbana. Juntas vão beneficiar diretamente os bairros Cidade Industrial e Vila São Paulo, livrando-os dos alagamentos.
Bacias B3, na antiga Vila PTO, e B4, na Vila Itaú, em construção - Fotos: Adelcio Ramos/PMC
As obras incluem a instalação de vertedores de emergência, dispositivos de descarga, esgotamento para as bacias e melhoria do escoamento dos canais de macrodrenagem, integrando-se assim ao sistema de drenagem existente na área. O projeto também contempla a recuperação de galerias e bueiros, além da implantação de dispositivos hidráulicos, como bocas de lobo e canaletas, proporcionando uma solução abrangente para a região. Os investimentos são de aproximadamente R$ 24.957.018,05 para as obras da bacia B3 e R$ 74.685.819,25 para a bacia B4.
O objetivo é resolver o problema das enchentes no córrego Ferrugem. Por essa razão, o impacto delas será significativo nesta região e na av. Tereza Cristina, no limite entre Contagem e a capital. Vale citar também que, além dessas duas bacias, outra, a B5, está sendo implantada pela Prefeitura de Belo Horizonte, e de forma conjunta atuará na prevenção das enchentes nas localidades citadas.
Localização das bacias B3 e B4 que estão sendo construídas pela Prefeitura de Contagem - Imagem: Semobs/PMC
- Como o funcionamento das bacias B3 e B4 vão contribuir para resolver o problema dos alagamentos?
O problema central dos alagamentos consiste, além da quantidade de água proveniente das chuvas, na velocidade com que essa flui. No sistema vigente, que está sendo aprimorado, não existe um mecanismo de contenção eficaz, resultando no escoamento acelerado das águas em direção a um ponto específico: a confluência do córrego Ferrugem com a avenida Tereza Cristina. As bacias atuarão como sistemas de acumulação de água, visando regularizar e desacelerar o escoamento, reduzindo, assim, o volume de água que se acumula nesse ponto de encontro. O que, consequentemente, reduzirá as enchentes e alagamentos.
- As obras da avenida Pio XII, no Água Branca, vão ajudar a melhorar o escoamento das águas das chuvas na região, evitando inundações. De que maneira?
A obra de macrodrenagem no bairro Água Branca, iniciada em maio de 2023, está chegando à reta final e já evitou alagamentos nas chuvas recentes, permitindo que moradores e comerciantes tivessem mais tranquilidade. São quase um quilômetro de uma nova galeria, abrangendo avenidas importantes como a Pio XII e Quatro, e a rua Doutor Cassiano, que visa resolver frequentes transtornos na região. O projeto inclui a ampliação das galerias de macrodrenagem, instalação de bocas de lobo para captação de águas pluviais, nova pavimentação das vias e a implementação de uma pista de caminhada na avenida Pio XII. O investimento total é de R$13 milhões.
Obra de macrodrenagem da av. Pio XII - Fotos: Janine Moraes/PMC
De acordo com a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos (Semobs), a previsão de conclusão é até o segundo trimestre de 2024. Dessa forma, os alagamentos deverão cessar. Pode-se dizer que está ocorrendo a transição do sistema velho para o novo que está sendo construído. Outra ação, que vai minimizar enchentes no local, será a abertura da travessia da rua Joaquim Camargos, com previsão para o fim de janeiro.
Vista aérea da obra de macrodrenagem da avenida Pio XII, no Água Branca. Imagens de agosto de 2023, quatro meses após o início da obra - Foto: Semobs/PMC
- A Prefeitura possui algum plano de ação para lidar com situações emergenciais? O que foi feito na ocorrência da virada do ano?
Sim. A Prefeitura de Contagem reconhece que há muitos desafios a serem superados na cidade, mas está atenta a medidas emergenciais, em diversas frentes, que possam diminuir os impactos das chuvas. Além disso, a administração municipal tem agido de modo rápido e efetivo, quando há ocorrências como as registradas na virada do ano.
Ações de limpeza, cadastramento de vítimas, distribuição de cestas básicas e material de limpeza, além do acolhimento imediato das famílias atingidas são algumas das atividades realizadas pelas equipes das subsecretarias de Defesa Civil e de Saneamento e Serviços Urbanos; das secretarias de Desenvolvimento Social, Trabalho e Segurança Alimentar e de Saúde; da Guarda Municipal, Transcon, entre outras, que trabalham em conjunto para dar apoio e assistência à população atingida.
Somente nos dois primeiros dias do ano, na Vila Marimbondo foram distribuídos 565 litros de hipoclorito para desinfecção, 211 colchões, 80 cobertores, 151 cestas básicas; servidas refeições para cerca de 300 pessoas, além de cerca de 150 orientações e encaminhamentos. Na Vila Samag, foram entregues 220 litros de hipoclorito, 30 colchões e 25 cobertores.
Um ponto de apoio foi montado no Cras Eldorado, localizado na rua Buganville, 52, bairro Eldorado, para dar suporte aos moradores, atendimento às famílias e distribuição de insumos.
- Pequenas intervenções e ações preventivas podem ajudar a reduzir os transtornos gerados pelas chuvas?
Sim. De 2021 a 2023, a Prefeitura executou 329 intervenções preventivas, para evitar alagamentos ou impedir desastres geológicos. Deste total, 154 correspondem a obras de implantação de rede de drenagem de até 50 metros de extensão e 175 referem-se à contenção de encostas.
Implantação de rede de drenagem no Chácaras Del Rey - Foto: Ronnie Von/PMC / Muro de contenção de encosta na região Industrial - Foto: Janine Moraes/PMC
Somente em 2022, foram construídos mais de cem muros de arrimo de modo a evitar deslizamentos Eles foram erguidos em áreas vulneráveis como as vilas Soledade, Beira Campo e Estaleiro (todas em Nova Contagem) e Barroquinha e Riachinho (na região Sede).
A administração tem investido na limpeza dos córregos e dos dispositivos de drenagem como bocas de lobo, grelhas, caixas coletoras, poços de visita e galerias. Mais de 300 serviços de desassoreamento de córregos em todas as regiões da cidade e mais de 41 mil limpezas de bocas de lobo foram registrados por toda a cidade. A limpeza desses pontos impede o acúmulo de lixo jogado de modo irregular, reduzindo a ocorrência de enchentes.
Limpeza de boca de lobo, na região Vargem das Flores - Foto: equipe Semobs/PMC / Limpeza mecanizada de córrego na região Petrolândia - Foto: Jhonatan Otero/PMC
Para se ter uma ideia do resultado dessas intervenções, dos 150 pontos registrados no município como áreas de risco geológico e hidrológico, apenas quatro foram afetadas pelas chuvas que ocorreram na virada do ano.
O que, segundo a subsecretaria de Defesa Civil, Ângela Gomes, reflete positivamente os investimentos realizados pela atual administração. “A maioria das áreas de risco, em Contagem, tiveram respostas boas, em relação ao temporal, por causa das obras de contenção, drenagem e limpezas de bocas de lobo, realizadas pela Prefeitura”.
*com colaboração do assessor técnico da Semobs, Lucas Carneiro Costa; e da jornalista Adriana Borges