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AGO
12
12 AGO 2023
AGENDA CULTURAL
CULTURA
Casa de Cacos comemora 60 anos de história, curiosidades, personagens e muita beleza
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Toda festa de aniversário que se preze tem música, bolo, encontros e convidados. Foi com esses ingredientes em clima temperado com alegria e descontração que Contagem celebrou os 60 anos da Casa de Cacos e um ano da revitalização do espaço, que reabriu ao público, depois de 17 anos fechado. Ao som do músico Gustavo Figueiredo e do convidado, Alexandre Massau, o público curtiu a noite de sexta-feira (11/8) embalados por canções autorais inéditas do próprio pianista e algumas releituras de grandes nomes da música popular brasileira, entre eles  Djavan, Gilberto Gil, Dominguinhos, Dorival Caymmi. O projeto Gustavo, intitulado "Duo" foi patrocinado pelo Fundo Municipal de Incentivo à Cultura de Contagem (FMIC).
 

Entre uma música e outra ou mesmo entre um lanchinho nas barracas da Economia Solidária, o público foi descobrindo ou redescobrindo o espaço, que conta com suas mais de 8 mil xícaras cimentadas em uma das paredes laterais da casa ou se deparando com a elefante Fifi, coberta por cacos de azulejos. 

Enquanto o show era apresentado em um palco montado na rua Inês Glansman de Almeida, 132, a grande estrela da noite foi a própria Casa de Cacos, que recebeu visitantes novatos e antigos. A engenheira de produção, Fernanda Ludmila Martins Anacleto, 43 anos, que nasceu e foi criada no bairro Fonte Grande, contou que seu roteiro para sair de casa passava pela frente da curiosa casa vizinha, toda cravejada de louças e porcelanas. “Entrar aqui mais de 35 anos depois é sentir o gosto dos tempos em que eu era criança, andava por esse local que estava sendo feito pelo 'Seu Carlos’, como carinhosamente os vizinhos e visitantes chamavam o criador da casa obra”, relembrou ela, acompanhada do filho, Daniel Alcântara, 8 anos, e do sobrinho, Gabriel Lucas, 10 anos, que visitaram a casa pela primeira vez e descobriram um lugar para se divertiram, principalmente no escorregador. 
 

   

“Eu era uma criança de 7, 8 anos, que quando passava aqui em frente eu entrava e ficava maravilhada. Eu e meus dois irmãos. Ao entrar aqui hoje, sinto o gosto da infância, saudosista, de tudo que vivenciamos aqui”, completou Fernanda. 

“Você deve saber esse lugar de cor, mamãe”, disse o filho Daniel,  enquanto corria de um lado para o outro.  “Eu achei aqui muito legal, criativo. Tem várias xícaras, pratos e um monte de coisas”, elencou o garoto a partir do que seus olhos conseguiam capturar.

Deslumbrante foi o adjetivo encontrado pela atriz e diretora mineira, Ângela Mourão, que revisitava a casa 40 anos depois de conhecê-la.  “Era uma casa simples há 40 anos. E hoje é uma obra de arte. Eu estive aqui quatro décadas atrás e, naquele tempo, ela ainda estava sendo feita, não tinha toda essa exuberância. Hoje, quando entrei aqui, eu a achei deslumbrante. É um trabalho maravilhoso em que ele pode colocar toda a 'loucura' dele nessa obra de arte que ficou para a cidade, para os tempos afora”, comentou. 
 

Há pouco mais de dois meses como gerente da Casa de Cacos, Lenna Santos, também se emocionou ao ver o espaço revitalizado, sendo descoberto pelos novos visitantes. “Eu adorava andar por aqui. A casa estava sempre cheia. Tinha muitas crianças. Tem um gosto de infância. Ele (seu Carlos) deixava-nos colar as peças, sempre supervisionando. Eu tenho uma lembrança muito bonita dele, ele era meio um ‘tiozão’, muito brincalhão e muito conversado", relembrou a gerente. 

O coordenador da Casa de Cacos, Lúcio Honorato, 34, destacou que ela sempre se apresenta de um modo diferente por causa da luminosidade que produz ao receber os raios solares. “A casa é diferente a cada momento do dia, a cada época do ano porque vai mudando a incidência dos raios luminosos, o que promove uma visão diferente pelos reflexos do sol sobre os espelhos e louças utilizadas”. 

Gaúcho de nascença, mas há 30 anos morando em Contagem, o analista de sistemas, Idanir Pawekiewicz, 50, também se rendeu aos encantos do lugar: “Não tem nada parecido no Brasil. Eu sou do Rio Grande do Sul e nunca vi algo com tanta criatividade, cheio de detalhes que, apesar da simplicidade, as escolhas feitas pelos artista ficaram sensacionais".

A construção e a revitalização 

Localizada em uma rua sem saída no bairro Bernardo Monteiro, na região Sede, a casa começou a ser construída em 1963 pelo geólogo Carlos Luís de Almeida.  Por quase 30 anos, ele revestiu a casa com cacos vindos das mais diversas procedências. Além das paredes e muros, o geólogo recobriu móveis, objetos e as fachadas até a sua morte em 1989.  Conhecido como "Seu Carlos", ele tinha as mais diversas fontes para juntar todo o material empregado. Ele recebia doações, coletava louças variadas, entre vasilhames e bibelôs muito utilizados para decorar o interior dos lares.  Ao longo de quase três décadas, "Seu Carlos" usou a sua criatividade e foi longe revestindo lugares inusitados como o banheiro, o vaso sanitário, a banheira, tudo com muita originalidade.

Em 1991, a Casa de Cacos foi adquirida pela Prefeitura de Contagem, sendo tombada como patrimônio cultural dez anos depois. Em 2005, por questões de segurança, o local foi interditado e fechado pela Defesa Civil.

Em maio de 2021, a história da casa começou a mudar. A atual gestão revitalizou complementarmente a casa, entregando-a, novamente, ao público.  As obras custaram R$ 2,4 milhões com financiamento da Caixa Econômica Federal e duraram cerca de 15 meses. 

Com o empenho da Prefeitura e o auxílio de uma empresa especializada em restauração, a Casa de Cacos passou por uma reforma completa, tanto na estrutura física do imóvel quanto nos elementos decorativos que a tornam única. Todos os cômodos, dos quartos à cozinha, foram recuperados e revestidos mais uma vez por cacos de louças e cerâmicas, recuperando a essência e o charme que a fizeram famosa. Além disso, foi construído um prédio anexo, ao fundo da casa, que permite uma visão privilegiada de toda a construção imaginada por "Seu Carlos". 

Na nova estrutura também foi instalado um elevador para possibilitar o acesso de cadeirantes e idosos. Um muro de arrimo também fez parte das intervenções e foi executado para reforçar a estrutura e garantir segurança dos frequentadores. 

“O que estamos celebrando hoje não é só um marco na história da Casa de Cacos. Ela significa o compromisso renovado de preservar e valorizar o patrimônio cultural de Contagem garantindo às próximas gerações essa memória”, afirmou o secretário de Cultura, José Ramoniele Raimundo dos Santos. 

Segundo relatos não oficiais,  a Casa de Cacos é a única em sua tipologia no Brasil, sendo equiparada à Capela de Ossos na Igreja de São Francisco (Évora, Portugal) e às criações do arquiteto espanhol Gaudí.
 

Serviço Casa de Cacos 

Local: Casa de Cacos - rua Inês Glansman de Almeida, 132 - bairro Bernardo Monteiro - Contagem

A Casa de Cacos fica aberta para visitação de terça a sábado, das 9h às 17h. Há limite de pessoas por entrada. Escolas interessadas em levar grupos de alunos (excursão) à casa deverão agendar a visita pelo telefone (31) 3352-5323.

Confira a galeria de fotos da noite aqui .

Autor: Repórter: Jefferson Lorentz / Edição: João Cavalcanti
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